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Caminho da Liberdade - Entrevista com diretor e elenco do filme

Peter Weir, Ed Harris, Colin Farrel e Jim Sturgess falam da produção

11.05.2011, às 23H44.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H02

Caminho da Liberdade (The Way Back) é o novo filme do diretor/roteirista Peter Weir (Mestre dos Mares). O Omelete, representado pelos nossos parceiros do Collider, falou com o Weir e seu elenco principal, formado por Ed Harris, Jim Sturgess e Colin Farrell.

O filme narra a jornada de um grupo de homens que escapa de um gulag, um campo de concentração da antiga URSS, na Sibéria, entre 1941 e 1942, e atravessa centenas de quilômetros por cinco países hostis até chegar a um local seguro.

Inicialmente, este foi um projeto que você foi atrás ou que veio atrás de você? Você poderia falar sobre isso?

Ed Harris: Meu agente me contou que Peter Weir estava fazendo um filme, e que estava pensando em mim para um personagem. E eu lembro de dizer: "Independente de quem seja o personagem, independente do que tenha que fazer, eu quero o papel". Porque eu adorei trabalhar com Peter no Show de Truman e gostaria muito de trabalhar com ele novamente. Eu nem sabia do que o filme se tratava. Aí me mandaram o roteiro e fui conversar com Peter, e ele me perguntou se eu gostaria de fazer Mr. Smith, e eu disse: "Sim. Qualquer coisa..."

Peter Wier: Bem, eu acho que a verdade é que eu já tinha alguns atores em mente. Mas eu tentava não pensar neles enquanto trabalhava no roteiro, mas eu sempre visualizava o Ed Harris enquanto escrevia sobre  Mr. Smith, e pensava: "Não pense assim, ele pode não estar disponível ou não querer fazer". Nós trabalhamos juntos no Show de Truman e eu gostaria de fazer de novo.

Você trabalhou com alguém que eu considero um dos grandes diretores. Você pode falar um pouco sobre o começo, quando descobriu que ele  estaria interessado em você. Foi algo do tipo: "O quê? Peraí. O quê?".

Jim Sturgess: Sim, foi sim... Surgiu um boato de que ele queria se encontrar comigo, e fiquei extremamente empolgado, mas na época eu estava gravando um outro filme, então, tive que esperar até poder encontrar Peter. E ainda não tinha lido o roteiro, pois eu estava muito ocupado com este outro filme e estávamos no meio das filmagens noturnas, e nem tive tempo pra dormir, sabe?Então voltei pra casa depois de uma dessas filmagnes noturnas, joguei um pouco de água na cara, e disse enquanto me olhava no espelho: "Esta é sua chance, não estrague tudo."

Peter Weir: Sobre o Jim Sturgees, acho que em Across the Universe ele tinha uma qualidade, sabe? Foi por isso que Julie Taymor o contratou como um tipo de beatle, na verdade... Há algo muito dócil nele, que eu precisava para este personagem.

Quando você ficou sabendo que Peter Weir queria você no filme, foi do tipo: "O quê?"

Colin Farrell: Eu não sabia que ele queria que eu estivesse no filme, na verdade, só de saber que ele  estava fazendo um filme, já foi o suficiente para eu me inscrever para o papel e dizer: "O quê?" Então eu li o roteiro, gostei bastante, fiquei bastante emocionado, mas não estava tão atraído assim pelo personagem Valka. Bem, é inexplicável, mas às vezes você é atraído ao personagem e às vezes não é... E desta vez eu não estava até conhecer Peter.

Peter Weir: Eu vi quase tudo o que Colin Farrell fez. Eu fiquei pensando sobre alguma coisa para ele no filme. Eu nem tinha pensado num papel. Não imaginava que ele poderia fazer um russo tão bem quanto fez.

O que tinha na históra e no filme, que te fez dizer: "Eu tenho que fazer isso"?

Peter Weir: Eu acho que fiquei fascinado pela história, e aquele sentimento continuou comigo. Eu geralmente espero alguma semanas antes de responder qualquer coisa, só pra ver se isso ainda fica comigo. E com esse aqui foi assim. Acho que foi por causa da natureza épica dele.

Ed Harris: Ele sabe que o filme é sobre os personagens. Ele sabe que é principalmente sobre pessoas. Apesar da locação e das situações, a história vai ser sobre seres humanos.

Jim Sturgess: O interessante é que você está sempre pensando: "Quando é a performance. O que eu vou fazer? O que eu vou dar para essa performance?". Mas não era sobre isso, era sobre se deixar existir dentro de um ambiente e paisagens nas quais você é inserido.

Peter Weir: É uma caminhada de 6 mil km. Isso foi muito interessante para mim. Através dessas diversas paisagens. Pessoas tentando escapar para a liberdade e indo de encontro a aventuras e problemas. Eles eram pessoas comuns e um tanto inocentes. É aí que eu começo a pensar sobre a dimensão do espírito humano. Há muros de arame dentro destas pessoas. Pessoas comuns, como tinha dito, que podiam encontrar a vontade de viver, a vontade de sobreviver.

Ed Harris: E Peter cria os mundos nos quais eles habitam, para que os personagens sejam mais específicos. É cheio de pesquisa, o que os torna mais reais. Seja em O Show de Truman ou Mestre dos Mares, ou A Testemunha. Seja o que for, a atenção dele para os detalhes é impecável.

Colin Farrell: Mesmo quando estávamos falando com a imprensa há alguma semanas em Paris, entre as entrevistas, Peter me cochichava: "Aquele negócio sobre Valka era..." E nós acabamos as gravações há um ano... Quer dizer, ele… Quando ele abocanha um projeto, ele tem muito amor, e muita paixão por aquilo que faz. Eu só queria estar ao redor disso.

Jim: Sturgess: Nós éramos o único grupo de pessoas. E ficávamos na frente da câmera o dia todo, todos os dias. Nós eramos o único elenco do filme, na verdade. Assim que escapamos do acampamento éramos as únicas pessoas em cena, Não havia nem um tipo de cena bem definida. Você tinha que deixar rolar e parar de atuar, e realmente existir como uma dessas pessoas, e como eles agiriam nessas situações.

Ed Harris: Se você está no palco, está trabalhando para a plateia, e sente aquela energia, então sabe, ou espera que estejam prestando atenção. Quando você está trabalhando com Peter, você sabe que ele está prestando o máximo de atenção no que você está fazendo. Em qualquer palavra que você diz, em cada modulação de voz, qualquer fio de roupa, qualquer botão, qualquer fio de cabelo, a maquiagem, não importa qual seja. E você sabe que ele está te encorajando a fazer o seu melhor trabalho.

Você fez um grande intervalo entre este projeto e Mestre dos Mares, que foi o seu anterior. Você prevê mais uns sete anos, ou já tem alguma coisa que...

Peter Weir: Olhe para mim, acha que eu consigo? Quanto tempo me resta?

Mas é sério. Eu sou um grande fã seu, e dói saber que eu esperei sete anos desde seu último projeto. Não, eu não quero esperar mais sete anos.

Peter Weir: Eu estou pronto para outra,  mas eu não tenho uma história. Eu tenho de passar por este processo de encontrar algo que me interesse profundamente, para então eu começar a trabalhar. Meu agente está me mandando coisas e eu vou lendo. Eu gostaria de voltar ao trabalho em apenas alguns anos.

Com certeza. Muito obrigado.

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