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Imortais | Omelete Entrevista Freida Pinto e Stephen Dorff

Atores falam de seus personagens e o processo de criação de Tarsem Singh

30.12.2011, às 20H16.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H16

Fechando as entrevistas promocionais do filme Os Imortais, publicamos hoje a nossa conversa com a linda atriz Freida Pinto (Quem Quer Ser Um Milionário?) e o ator Stephen Dorff (Um Lugar Qualquer), que interpretam, respectivamente, Phaedra e Stavros. Na entrevista, feita durante a Comic-Con 2011, os dois falaram bastante sobre seus personagens, o processo de criação do diretor Tarsem Singh, e o trabalho no set de filmagens.

Como tem sido a experiência de vocês aqui na Comic-Con até agora? Conseguiram andar pelo centro de convenções e ver os geeks? Ou não acham que isso é uma boa ideia?

Stephen Dorff - É interessante. Eu nunca tinha vindo à Comic-Con antes.

Sério?

SD - É uma viagem. É uma grande viagem. É como um festival de cinema bombado para os filmes de gênero. Acho que é isso. Cada filme é diferente. Com alguns filmes você vai para Veneza, com outros você vai para Cannes... e com outros você vem à Comic-Con. Estranho que não tinha vindo pra cá antes com Blade ou outro projeto, mas acho que sempre estava trabalhando quando tinha um filme vindo para cá.

Muitas pessoas gritaram "Deacon Frost" para você aqui?

SD - As pessoas perguntam: "Vai rolar um prelúdio? Você vai fazer?" e outras maluquices. Mas se Stephen Norrington acordar e escrever uma nova Graphic Novel, ou o quer que esteja fazendo, talvez eu faça algo. Eu adoro o Stephen. Ele é um gênio maluco, mas ele não gosta de trabalhar no sistema.

Uma pergunta para a srta. Pinto: Você estourou bem rapidamente. Claro que há um caminho até as pessoas começarem a prestar atenção em você. Não é uma coisa da noite para o dia. Mas com este filme e Planeta dos Macacos - A Origem, parece que chegou seu grande momento. Como tem sido esta experiência, comparado com os filmes menores que você tem feito ou uma surpresa como Quem Quer Ser um Milionário?

Freida Pinto - Bom, cada filme tem sido diferente, até agora. Quem Quer Ser um Milionário? foi o que foi e as pessoas amaram. Ninguém esperava aquilo. Não foi algo planejado. E no filme com Julian Schnabel, Miral, que fiz depois de Quem Quer Ser um Milionário?, eu sabia que não era um daqueles filmes em que as pessoas diriam depois: "Venha aqui, vamos falar sobre este filme!" Sabia que seria controverso. E foi. E um filme do Woody Allen tem seu próprio público. Mas estes filmes, você meio que sabe. Tem muitos fãs esperando por eles. Muita gente acompanhando mesmo. Em especial as pessoas que aceitam e adoram a ideia. E isso ajuda a conseguir mais projetos no futuro também. E quando temos um ótimo roteiro e atores maravilhosos para contracenar e um ótimo diretor, não dá para... É meio estúpido dizer "não".

Mas depois do estouro de Quem Quer Ser um Milionário?, você sentiu uma pressão na sequência? Você gosta de jogar no que é certo?

FP - Não. Gosto de mudanças e muda com certeza. Mas não tinha pressão do tipo "tenho que fazer um filme em que todo mundo vai me ver". Eu só queria fazer um filme em que eu acreditasse. E achei que tinha que desafiar a própria atuação. Porque em Quem Quer Ser um Milionário? eu tive, para ser sincera, no máximo uns 20 minutos de tela. E por mais legal que tenha sido, toda a experiência maravilhosa, eu estava meio que morrendo de vontade de pegar algo que me desafiasse além daquilo. Então, todo projeto que eu tenho aceitado tem um sentimento de buscar algo diferente do que fiz no anterior. É assim que tenho olhado cada projeto que recebo.

Como foi para vocês entrar neste universo da mitologia grega e mergulhar nele?

SD - Eu não entendo muito de mitologia. Não sou um viciado em mitologia. Mas Tarsem era bem claro e acho que meu personagem não faz a menor ideia do que as pessoas estão falando na maior parte do tempo. Ele basicamente quer pegar a Freida Pinto. Stavros é um escravo, um ladrão e, se pudesse, ele roubaria Freida e a levaria para o sul. E atravessaria a fronteira e montaria um sitiozinho. Acho que Stavros adoraria fazer isso. Mas o mundo está precisando de mais segurança então acho que ele ia preferir se unir a essa pessoa linda a ser um cara solitário. Não fui a fundo neste aspecto mitológico. Talvez com a Freida tenha sido diferente...

FP - O Stavros, como ele disse, era pé no chão e simples. Mas minha personagem tem uma batalha interna acontecendo, porque ela tem ela tem um dom. Ela pode ver o futuro. E com este dom de ver o futuro, ela tem visões e pode ajudar as pessoas. Mas ao mesmo tempo é angustiante, porque ela sente contra a sua vontade. Ela queria sentir o que outros humanos sentem. Por isso ela tem que tomar essa decisão entre manter este seu maravilhoso dom ou perder tudo por amor. Ela fica se remoendo. E Tarsem queria que isso fosse espalhafatoso e exagerado. Ou até cômico. Ele não queria que fosse só um acessório. Ele queria manter realista. Acho que esta era a parte intrínseca da minha personagem.

SD - Você podia ter se apaixonado por Stavros...

FP - Eu poderia... Mas não me apaixonei. [risos]

SD - Foi horrível.

Nós falamos do aspecto mitológico. Falemos agora sobre como ele foi filmado. E criado. É um processo único recriar este mundo por inteiro. No painel, Tarsem disse que muitos dos sets foram construídos. Mas é claro que tem um pouco do estilo de como 300 foi filmado. Vocês podem falar sobre a diferença para um filme normal?

SD - Acho que 300 e outros filmes que eu me lembre, como o Sin City, que Robert Rodriguez criou inteiramente na frente de uma tela verde. E você tinha um pedaço de um carro ou uma Fender ou uma espada. e algumas coisas na sua cabeça. E, pelo que ouvi falar, dá a sensação de algo inorgânico. Este aqui foi diferente. Parecia que estávamos fazendo um filme de verdade. Não era só uma enorme tela verde atrás de um set do tamanho desta sala. Nós tínhamos cavalos que estavam mortos ou exaustos deitados no chão. E eram cavalos de verdade. Parecia que eu podia sentir e tocar nas coisas me comunicar e fazer o meu trabalho. Acho que ia ser muito difícil se tivéssemos que ficar lá...

FP - E imaginar tudo.

SD - Não sei se consigo fazer isso. Deve ser muito bizarro. Acho que eu ficaria frustrado.

FP - Era um set vivo, neste sentido, com certeza. Acho que Tarsem é bem generoso neste sentido.

SD - Ele é bem "vivo".

FP - Ele mantém vivo para que os atores não tenham que imaginar tudo isso.

SD - É o jeito certo, quando você vê o que nós vimos... Tem muita coisa que não estava lá, mas a base, digamos, 50% estava lá. Sempre ajuda.

Você descreveu Stephen Norrington como um gênio maluco. Como descreveria Tarsem?

SD - Tarsem é um cara muito talentoso também. Quando digo que Steve é um gênio maluco é porque ele não está nem aí. Não liga para quanto dinheiro está jogando fora. Ele não quer voltar. Eles tentam, mas não conseguem pegá-lo. Daí ele vai escrever outro livro. Ele é muito difícil. Já Tarsem pode fazer tudo. Ele pode trabalhar com o estúdio, pode escolher seu filme e fazê-los acontecer. Ele é muito mais... um diretor que faz as coisas. Quanto a Stephen Norrington e eu, nós começamos batendo cabeça, mas agora somos bastante próximos. É o tipo de cara que me liga de qualquer lugar, se me vê um filme grande ou pequeno.

FP - Acho que gênio maluco representa um pouco do que Tarsem é. Tem muitas coisas que ele ouve, mas tantas outras que ele só finge que está ouvindo, mas não ouviu uma palavra. Porque ele sabe o que ele quer. Ele sabe o que está perseguindo e ele vai atrás. Acho que, eu digo isso toda hora, mas vou falar mais uma vez: Me parece que ele tem a imaginação de uma criança. A vantagem que ele tem é a de poder tornarisso em realidade.

E como ele trabalha? Como ele comunica essas ideias?

FP - Muitas das coisas que ele fala passam batidas. Não dá para entender umas coisas que ele fala.

SD - Eu falava: "ok, entendido." Não. [risos]Ele se comunica bem. Ele é bem claro. Ele não se aprofunda nas coisas. Ele me pedia umas coisas engraçadas para pegar uma reação diferente da Freida. Para mudar a reação dela, eu falava meu texto de um jeito diferente. Eu falava alguma coisa de uma maneira gentil, já que a maior parte do tempo era um idiota. Ele me pedia para seduzi-la, para ver se a Freida meio que mudava algo.

FP - O lance da minha personagem é que ela não deveria reagir ao que ele estava dizendo. E, de certa forma, era isso que ele queria, uma reação. Ou quase isso.

SD - Só uma pontinha.

FP - Mas acho que o instinto natural de qualquer mulher nesta situação é dizer: %@$ %@& %@#^? Eu podia dizer isso? [risos] Mas ele não queria que eu fizesse isso, então foi muito difícil controlar os instintos para não...

SD - Achar o equilíbrio.

Muito obrigado.

SD - Obrigado a todos.

Imortais se passa em uma Grécia devastada por conflitos. O guerreiro Teseu (Henry Cavill) lidera seus homens, aliados aos deuses do Olimpo e a uma sacerdotisa do oráculo (Freida Pinto), contra um exército maligno e Titãs para impedir a erupção de uma guerra. O filme já está em cartaz no Brasil.

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