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Imortais | Omelete Entrevista Henry Cavill e Tarsem Singh

Diretor e protagonista do filme falam de seu longo envolvimento com o projeto, suas mudanças e Superman

29.12.2011, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 17H16

Dando sequência às entrevistas promocionais do filme Os Imortais, publicamos hoje a nossa conversa com o diretor Tarsem Singh (A Cela) e o protatonista do longa, Henry Cavill. Na entrevista, feita durante a Comic-Con 2011, o cineasta e o ator falaram sobre o tanto que mudou no roteiro desde a primeira vez que se encontraram, o que aprenderam um com o outro, como suas crenças religiosas ajudaram a desenvolver o roteiro e, claro, a comparação dos deuses gregos com o Superman, próximo trabalho de Cavill.

Henry Cavill - Olá a todos.

Tarsen Singh - Oi.

Oi. Como foi sua experiência na convenção?

HC - Foi boa. Foi bem divertido.

TS - O painel ou...

Tudo. Como está sendo?

TS - Eu fiquei reclamando para ele durante o painel. Você olha para baixo e tudo o que dá para ver é uma escuridão. E as pessoas perguntam coisas e você espera que não tenha nenhuma menina bonita lá ao invés de esquisitos. E você continua respondendo para esse vácuo. Isso é tudo que eu lembro.

Queria perguntar: o que vocês acham que aprenderam um com o outro? Durante toda essa experiência trabalhando nesse filme. Quais foram as maiores lições que vocês aprenderam um com o outro?

TS - Eu aprendi a ser mais disciplinado. Eu não sou muito disciplinado. É um pouco egocêntrico dizer isso, mas provavelmente eu consigo fazer qualquer trabalho no set mas não faço ideia de como os atores fazem o que fazem. Eles andam em solo sagrado. Eu não conseguiria fazer nem em um milhão de anos. Quando digo algo em que acredito - e eu sei que minhas coisas podem parecer ridículas - e eles conseguem transformar em algo bom, não vejo como dar errado. Só esta ideia de confiança de alguém que não te conhece eu acho que é especial. Eu não conseguiria. Mas acho que ele consegue.

HC - Ah, sim. Mas não fazemos isso para qualquer um. [risos] Foi só para você. O que aprendi com Tarsem? Aprendi a manter minha energia no set. Uma coisa que o Tarsem faz que é fantástica é que no final de uma diária de 15 horas, no último dia da semana, ele pede pela 16ª hora. E ele mantém todo mundo animado. O filme só foi divertido por causa do Tarsem. Ele sabe como criar uma tensão, no bom sentido. E isso eu respeito muito, é um talento, uma habilidade, necessária no set. E eu espero ter extraído o melhor disso.

Para o senhor Cavill: os produtores disseram que você se manteve nesse filme por muito tempo. Por que você se manteve fiel ao roteiro?

HC - Pelo Tarsem. Foi por causa do Tarsem, ele...

TS - Respondendo isso, ele assinou sem sequer ver o roteiro. A gente nem tinha um roteiro. Tenho que dizer, eu só tinha o Henry. Eu disse: "vamos ficar com esse cara. Eu tenho apenas uma cena". "Escrevam o roteiro em volta disso". Os deuses... Se ele vivem, se eles morrem, se eles existem... Vai ser na Grécia Antiga mas com eletricidade? Estava tudo pendente. A única coisa que eu tinha era ele. Então eu não diria que nos mantivemos com um roteiro por muito tempo. Nós nos mantivemos muito tempo apenas com uma ideia.

E qual era a cena que você tinha?

TS - Na verdade não está no filme. [risos] Era uma cena em que ele aparecia remando. Eu encontrei com ele sem nada escrito... Nos encontramos em Londres, ele leu e foi perfeito. Mas falei que estava tudo errado, que era para a outra direção e ele mudou. Depois disse que tinha sido bom já na primeira vez. Joguei com ele para todos os lados e percebi que ele não é o Homem de Aço. Ele é o Homem Elástico. Dá para moldar de vários jeitos. Falei para eles [o estúdio] que tínhamos o cara certo. Agora ele é o filho do rei e no fim ele é um camponês. Podemos escrever o roteiro que quisermos, que ele consegue interpretar. Foi daí que começamos a trabalhar no roteiro, quando achamos um cara com quem eu queria trabalhar. Por isso demoramos um ano e mais alguns meses... Resumindo, nós tínhamos uma ideia e uma pessoa que eu achava que era a melhor.

Durante o painel, você falou de suas crenças pessoais e a forma como ela foi usada para criar o que acontece neste filme. Você pode falar como trouxe suas crenças para este filme e como isso evoluiu ou não evoluiu, ou como mudou sua opinião?

TS - Muito pouco disso acabou ficando no filme, mas a história que eu estava contando lá é que eu era um ateu desde os 9 anos e eu blasfemava contra tudo o que você pode imaginar, para o desespero de minha mãe, que uns três anos atrás me disse: "você acha que ia ser tão bem sucedido assim se não fossem as minhas preces?" E vi ali uma situação muito interessante. E me imaginei morto, chegando no céu e aquela figura barbuda me falando: "Seu merda! Eu queria te ferrar há muito tempo, mas tinha essa mulher... "

Isso é uma situação ótima! A única coisa que eu não conseguia entender é: se Deus existe, como é que temos tantos problemas no mundo? Não conseguia entender isso. No momento que imaginei uma resposta, pensei: por que eles não aparecem no jardim da Casa Branca e falam: "Me levem ao seu líder. Não sejam maus uns com os outros. Nós existimos." Então, quando entra a questão do livre arbítrio eles podem pegar o que quiserem. Mas se interferirem diretamente, serão venerados como cachorros.

Eu estou repetindo bastante isso, mas acho que o que você é de verdade nunca apareceria se Muhammad entrar por aquela porta e Jesus pela outra. Nunca entraria em um banheiro com uma revista imprópria para menores porque eles existem. Por isso as coisas precisam ser baseadas na fé. Quando a questão da fé apareceu, eu pensei que deveria manter isso na minha cabeça e pensar que os deuses não vão interferir porque eles respeitam o livre-arbítrio acima de tudo. Seu verdadeiro eu não surgiria se eles aparecessem e você os venerasse.

Começamos por aí, dizendo que os deuses não vão interferir. Eles podem tentar ajudar e ficar soprando ideias por trás, mas nunca a resposta, porque isso não te prepararia para a vida. Eles estão tentando ajudar um humano, mas ele não sabe que quem o está ajudando é um deus. Isso é permitido: não interferir como deus. Quando chegamos a estes elementos, tínhamos um grande filme. Até então, era algo que ia ter deuses e não sabíamos se iam ser gregos. Começou como a Grécia antiga com eletricidade. No começo estava bem bagunçado e até meio artístico demais para eles. Quando me falaram que se eu mantivesse a Grécia e tirasse alguns elementos dramáticos e eu poderia fazê-lo, pensei que não seria uma grande perda e foi assim que o filme foi para frente.

Como foi o desenvolvimento do personagem durante as filmagens?

TS - Mudou completamente. Mas um elemento que nunca gostei das primeiras versões do roteiro e que funciona bem no Ocidente, na verdade, no mundo todo, é a história do Escolhido. Eu sempre fui contra isso. Acho que não é por aí. Mesmo no Oriente, onde falamos sobre karma e todas essas coisas... Não é por aí. É mostrar que ser especial é trabalhar duro e ser correto. Não ser o filho do rei. É isso que você precisa para ser especial. Não ser o filho de um rei que veio e violentou sua mãe no jardim. Não era o que procurávamos. Todas essas coisas sobre deuses, não deveria ser assim. Queríamos um cara normal que quer fazer a diferença. Foi assim que ele mudou do filho do rei para um camponês, cuja mãe foi violentada na vila e, por isso, ninguém o quer. Ele se tornou um pária, mas começou lá em cima. Tudo o que eu dizia é que Henry poderia interpretá-lo como fosse. Essa foi a mudança do personagem. Você se lembra? Quando você leu, era o filho do rei, né?

HC - Sim, foi bem por aí. É mais forte quando um cara que não deveria aceitar um desafio o aceita. E ele não apenas aceita o desafio, mas se sai muito bem. E não é porque ele é um semideus.

TS - Não é porque este era o seu destino. Este é outro problema que eu tenho, porque se não era algo que já estava predestinado, fica ainda mais chocante. Eu quero um Zé Ninguém que consiga isso. Não um predestinado.

É difícil para um ator se ajustar a isso? Quão em cima da hora vinham essas mudanças?

HC - Algumas coisas mudavam no dia.

TS - No dia! Era assim o tempo todo. E ele era tão confiante... Nós realmente mudávamos tudo. Mas, para mim, a única vez que fui falar com o estúdio foi uns três meses antes de começarmos a filmar e disse: "Escolhi Henry quando ainda era o filho do rei porque, para mim, ele parece um filho de rei e agora nós o transformamos em um pária. E ele não é isso. Mas saibam que ele pode atuar como essa pessoa. Não saiam dizendo que é o cara que parece o filho do rei e está fazendo isso." Tínhamos problemas no meio das filmagens com alguém dizendo que o filho do rei não dormiria numa cama velha daquelas. Ele não é mais o filho do rei. Já viramos essa página.

HC - Já mudou!

TS - Mudou lá atrás. Várias vezes!

Sempre achei que a mitologia grega nos apresentou os primeiros super-heróis. Como fazer este filme te ajudou a interpretar o Superman?

HC - A única ajuda real foi no aspecto físico. Passar por tudo isso uma vez serve de preparação para a segunda. Claro que você faz as coisas de formas diferentes, com outra pegada. Mas você está preparado para as durezas que virão. Você está certo em dizer que os heróis gregos são os primeiros super-heróis. E acho que nesta história é um pouco diferente porque Theseus é um cara normal e ainda assim faz coisas extraordinárias. Mas é um cara normal. No "outro trabalho", ele é qualquer coisa, menos normal.

Você já viu o uniforme?

HC - Que uniforme? [risos]

Já viu? Já experimentou?

HC - Já. É fantástico!

TS - E coube?

HC - Não! [risos]

Ts - Não cabe mais.

Acho que acabamos aqui. Muito obrigado.

HC - Obrigado a todos.

Immortals se passa em uma Grécia devastada por conflitos. O guerreiro Teseu (Henry Cavill) lidera seus homens, aliados aos deuses do Olimpo e a uma sacerdotisa do oráculo (Freida Pinto), contra um exército maligno e Titãs para impedir a erupção de uma guerra. A estreia no Brasil acontece em 30 de dezembro.

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