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Na metade da década de 1980, Steven Spielberg chegava ao topo de sua carreira como produtor de filmes pipoca. Em 1984, havia produzido Gremlins (de Joe Dante), mas foi no ano seguinte que ele ajudou a desovar três dos mais divertidos filmes para os jovens daquela época: Os Goonies (de Richard Donner), De volta para o futuro (de Robert Zemmeckis) e O enigma da pirâmide (de Barry Levinson).
Talvez este último seja o menos conhecido dos quatro citados acima, afinal, não virou uma franquia, não ganhou seqüências e, por isso tudo foi o último a ganhar sua versão em DVD. Mas não faltam virtudes a este filme. Se hoje as pessoas estão acostumadas a assistir a séries como C.S.I. para desvendar crimes, ou então ficam maravilhadas ao acompanhar Harry Potter dando uma volta na sua Nimbus 2000, tudo isso já estava presente - de certa forma - em O Enigma da Pirâmide.
O astro da trama é, como diz o título em inglês, o jovem Sherlock Holmes (Nicholas Rowe). A aventura se passa em Londres na hipotética época em que o famoso detetive conheceu seu fiel escudeiro Watson (Alan Cox). O primeiro encontro entre os dois, aliás, demonstra toda a capacidade de raciocínio rápido e dedução do futuro detetive.
Holmes é um aluno exemplar, inteligente, dono das melhores notas da classe, bom atleta e está aprendendo a tocar violino. Watson acaba de chegar ao colégio e só pensa em conseguir as notas necessárias para um dia se tornar um médico, como sonha seu pai. Mas pouco a pouco ele vai se envolvendo ao ritmo aventureiro e desbravador de Holmes.
O grande mistério e primeira grande aventura dos dois começa quando uma série de pessoas comete suicídios de formas bastante estranhas. Um contador pula do prédio onde mora. Um padre é atropelado ao atravessar a rua. Mas o que coloca Holmes e Watson na trilha das mortes é a forma como o Professor Waxflatter (Nigel Stock), seu mentor, enfia um punhal em seu próprio corpo. Com a perspicácia que lhe tornou famoso, Holmes não demora para descobrir que todos eles foram colegas do Colégio Brompton e algo que eles fizeram no passado voltou para cobrar uma dívida.
Além disso tudo, Holmes ainda tem de ser melhor que Dudley (Earl Rodhes), seu arqui-rival na escola, brigar pelo amor de Elizabeth (Sophie Ward) e convencer o professor Rathe (Anthony Higgins) de que ele está à sua altura nas aulas de esgrima.
A diferença está nos detalhes
Porém, o que pode agradar mesmo os fãs de Sherlock Holmes são os pequenos detalhes. O roteiro escrito por Chris Columbus (diretor dos primeiros dois filmes da série Harry Potter) mostra um pouco de como o protagonista foi montando sua personalidade e jeito de se vestir. Como uma homenagem ao escritor Arthur Conan Doyle, estão ali representados quando o detetive começou a usar aquele estranhou chapéu, o casaco e seu cachimbo. Outra detalhe é uma cena que acontece após os créditos finais e mostra um certo personagem assinando sua entrada em um hotel com o nome Moriarty, um dos mais conhecidos inimigos de Holmes.
Um fato curioso e importante é que este foi o primeiro filme a ter um personagem totalmente digital, fruto da ILM, a empresa criada por George Lucas e conhecida como excelência em efeitos especiais. O grande eniga é "por que ele não conseguiu o sucesso que deveria quando foi lançado nos cinemas?" Os 18 milhões de dólares, considerados altos para a época (o filme mais caro daquele ano foi De volta para o Futuro - 19 milhões), não foram recuperados nas bilheterias, onde conseguiu apenas 4 milhões. Infelizmente, as respostas não estão no DVD, que mostra todas as qualidades do longa, mas nada de extras. Sem estas pistas e depoimentos das pessoas envolvidas, jamais saberemos as respostas.
