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O Pagamento | Crítica

<i>O pagamento</i>

11.03.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15

O pagamento
Paycheck

EUA, 2003 - 120 min.
Ação/Ficção científica

Direção: John Woo
Roteiro: Dean Georgaris (baseado no conto de Phillip K. Dick)

Elenco: Ben Affleck, Uma Thurman, Michael C. Hall, Aaron Eckhart, Kathryn Morris, Paul Giamatti, Colm Feore, Joe Morton

Ben Affleck era um ator de pequenas participações em alguns poucos filmes independentes até que, em 1997, ele e seu amigo de infância, Matt Damon, protagonizaram Gênio indomável (Good Will Hunting, de Gus Van Sant). O roteiro do filme fora escrito com o simples intuito de dar aos dois a possibilidade de atuar nos papéis principais, mas depois de ganhar o Oscar de Melhor Roteiro Original, a história dos dois mudou. Enquanto isso acontecia, o cineasta chinês John Woo dirigia A outra face (Face Off), com John Travolta e Nicholas Cage, que o confirmava como um dos realizadores de destaque em Hollywood.

Nestes últimos sete anos, Affleck e Woo tiveram bons momentos em suas carreiras, mas, curiosamente, acabaram trabalhando juntos justamente quando estavam em baixa. O ator ainda está abalado pela publicidade (negativa) que seu casa-separa-casa-separa com Jennifer Lopez lhe trouxe. Por conta disso, a crítica olhou com preconceito O Pagamento (Paycheck).

Baseado em um conto de Philip K. Dick (Blade Runner), a história se passa num futuro não muito distante. Affleck é Michael Jennings, um engenheiro especializado em pegar trabalho dos outros, desmontar suas peças e remanejá-los, tornando-os melhores. Contratado por job, ele tem as memórias deste período de trabalho apagadas ao fim de cada serviço, evitando assim o risco de passar informações confidenciais para empresas concorrentes.

Já com um certo prestígio neste mercado, ele recebe um convite de James Rethrick (Aaron Eckhart), dono de uma mega-corporação (claro!!), que lhe promete algumas dezenas de milhões de dólares por três anos de serviço dos quais ele não se lembrará de nada. Seguindo o dito popular de que o bolso é o órgão mais frágil do corpo humano, ele aceita. Ao fim do trabalho, tudo o que ele tem é um envelope cheio de tranqueiras. O que ele fez neste tempo todo? Por que ele recebeu este envelope? Quem o enviou? Num quebra-cabeças que mistura Amnésia (Memento, de Christopher Nolan - 2000) com Minority Report (de Steven Spielberg - 2002) e Vingador do futuro (Total recall, Paul Verhoeven - 1990), o filme se mostra mais interessante e bem amarrado do que a média dos filmes de ação e suspense que se vê por aí. Ponto positivo para o roteirista Dean Georgaris, que trabalhou em cima do texto curto escrito por K. Dick.

Há, obviamente, situações "bondianas" com cenas forçadas e a canalhice de sempre do astro do filme. Mas a presença da sempre exótica Uma Thurman e uma crescente necessidade de descobrir como Rethrick entrou naquela situação e o que vai fazer para sair dela fazem do filme uma boa opção de divertimento descompromissado. E é por isso que sempre vale a pena pagar para ver um filme de ação de John Woo: você sabe o que esperar. Com certeza estarão lá o ballet criado pelas câmeras, as belíssimas seqüências em slow motion, os personagens em primeiro plano contrastando com os que estão no fundo e a fatídica cena que os antagonistas apontam a arma um na cara do outro.

Enfim, por não trazer novas e inovadoras cenas de ação, O pagamento não é tão bom quanto o melhor filme dirigido por John Woo. Mas pelo seu enigmático roteiro é bem melhor que o pior filme estrelado por Ben Affleck... e você sabe de qual estamos falando, né? (ou não?) ;-)

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