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Super Size Me - A Dieta do Palhaço | Crítica

<i>Super size me - A dieta do palhaço</i>

19.08.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H16

Super size me - A dieta do palhaço
Super size me

EUA - 2004
Documentário - 96 min.

Direção e roteiro: Morgan Spurlock

Participações: Morgan Spurlock, Bridget Bennett, Dr. Lisa Ganjhu, Dr. Daryl Isaacs, Alexandra Jamieson, Dr. Stephen Siegel

Hoje ganha força, graças ao fenômeno Michael Moore (Tiros em Columbine, Fahrenheit 11 de setembro), um tipo de documentário-panfleto. Não reivindica a imparcialidade jornalística, não analisa os fatos para tirar uma conclusão. Ao contrário, usa o sarcasmo, a retórica e a manipulação justamente para provar um ponto de vista preconcebido. Faz sucesso junto ao público, funciona como arma ideológica e sociopolítica, mas é discutível como documento.

Morgan Spurlock, por exemplo, tipo atlético e saudável, mora com a namorada vegetariana. Aos 33 anos, ele difere do perfil rotundo e adiposo da classe média dos Estados Unidos, também, por ser um nova-iorquino esclarecido. Tem tudo para fazer de Super size me - a dieta do palhaço (Super size me, 2004) - o documentário de estréia que protagoniza e dirige - um libelo irresistível contra o sedentarismo e a má alimentação. Ninguém indicaria a maior rede de comida industrializada do mundo como sinônimo de saúde, não é verdade? Spurlock entra com o jogo ganho.

Ele começa discursando contra o vício do colesterol, contra a progressiva engorda da população, escolhe justamente adolescentes obesos para entrevistar, exibe pinturas sinistras com o palhaço Ronald, faz piada com a propaganda dos fast-foods, cobre tudo com uma trilha sonora escolhida com esmero. E se oferece, em tom de zombaria, como cobaia de uma experiência: durante trinta dias, comerá no café, no almoço e no jantar apenas produtos do McDonalds.

E há uma cena específica, logo no começo do filme, que resume e reforça "muito tudo isso".

É a sequência mais importante, mais emblemática do filme. Segundo uma das suas regras, quando lhe oferecem o maior de todos os tamanhos, o Super size, com mais de um litro de refrigerante e 500g de batatas, Spurlock não pode recusar. Ele está no carro, pronto para o primeiro combinado sanduíche-refri-fritas extra grande da sua epopéia. Primeiro ele brinca com o quarteirão duplo com queijo. Depois de quinze minutos, mostra que metade das batatas ainda aguardam a vez. Leva mais vários minutos para terminar a refeição - e vomita tudo. Vomita pela janela do carro, a câmera faz questão de registrar.

Perceba que, a partir desse momento, mesmo sem querer, Spurlock conquista um argumento irrefutável: o seu estômago, que não possui opinião formada nem ambiciona vencer no mercado do cinema, rejeita a porção de comida que milhões de norte-americanos ingerem três, cinco, sete vezes por semana.

E o que era brincadeira para o espectador continua uma brincadeira, mas agora ganha contornos mais sérios. Aí A dieta do palhaço se torna indigesta de verdade. O cardiologista, a nutricionista, a gastroenterologista, o clínico-geral, os amigos e a namorada apontam os sintomas da degeneração física e tentam demover Spurlock da dieta. Mas ele - onze quilos a mais, hipertenso, fígado em decomposição, triglicerídeos nas alturas, crises de abstinência, dores de cabeça, tremores e indisposição sexual - segue bravo ao trigésimo dia.

Essa é a vantagem que Super size me leva em relação a Michael Moore. Não se trata de mera bravata. Aqui vale até a autoflagelação em nome do convencimento.

Nota do Crítico
Bom
Super Size Me - A Dieta do Palhaço
Super Size Me
Super Size Me - A Dieta do Palhaço
Super Size Me

Ano: 2004

País: EUA

Classificação: LIVRE

Duração: 100 min

Direção: Morgan Spurlock

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