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O Grito 2 | Crítica

O Grito 2

12.10.2006, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 04H10

O Grito 2
The grudge 2
EUA - 2006
Terror - 104 min

Direção: Takashi Shimizu
Roteiro: Stephen Susco, Takashi Shimizu

Elenco: Sarah Michelle Gellar, Amber Tamblyn, Edison Chen, Arielle Kebbel, Jennifer Beals, Teresa Palmer, Misako Uno, Sarah Roemer, Matthew Knight, Takako Fuji, Ohga Tanaka, Joanna Cassidy, Christopher Cousins

Diretores adoram quando chega a hora de filmar a parte dois. Todo o dispendioso processo de apresentar personagens e situações já ficou para trás, na parte um. O segundo filme é a hora de curtir, enfim. Já que gastou bom pedaço de O Grito (2004) explicando o crime que originou uma maldição, o diretor Takashi Shimizu poderia aproveitar O Grito 2 para fazer a alegria (ou o pavor) da platéia. Mais sangue! Mais gritos!

O problema é que ele não apenas economiza na assombração como dá meia-volta - e inventa uma investigação/explicação nova para a tal da maldição. As cabeludas almas penadas japonesas continuam entupindo ralos mundo afora, mas menos do que poderiam...

Há uma relação de continuidade com o primeiro filme - que já era refilmagem do original japonês assinado pelo própio Shimizu em 2003. Karen Davis (Sarah Michelle Gellar) quase morreu tentando botar fogo na casa que hospeda a maldição. Sua família, na Califórnia, fica sabendo do ocorrido. E sobra para a irmã mais nova, Aubrey (Amber Tamblyn, ex-Joan of Arcadia), buscá-la em Tóquio. Claro que a caçula não resiste e visita a casa queimada. Também na capital japonesa, três colegiais decidem conhecer o lugar, só para zoar. Sim, acabam amaldiçoadas, assim como uma família em Chicago que aparentemente não tem nada a ver com a história.

Três tramas paralelas regidas pelo mesmo princípio do além.

Rememorando: quando alguém morre num momento de raiva, seu espírito rancoroso volta para aterrorizar os vivos. No princípio de tudo, na casa viviam mãe e filho assassinados pelo pai. E tinha o gato, que também morreu. A mãe, Kayako (Takako Fuji), é o alvo da reformulação que Shimizu empreende agora (e que não convém explicar aqui). Por algum motivo que não se explicou antes nem se explica agora, a alma do gato e do menino se fundiram numa assombração só. É por isso que o moleque azulado dá aquele miado agudo que já virou peça de imaginário popular. Lembrando agora, não era engraçado?

E esse é outro problema: Todo Mundo em Pânico 4 sequer precisava fazer piada com O Grito para expor o potencial cômico que se apossou desses personagens. A falta de novidades em O Grito 2 não causa apenas indiferença do público; ela ajuda a transformar em alívio cômico aquilo que no filme de 2004 já se equilibrava entre o bizarro e o cartunesco. Os fantasmas de Shimizu viraram uma caricatura. Um par de mortes cruéis ou uns galões de sangue a mais ajudariam a impedir isso.

Há boas idéias, porém. Shimizu tentou aproximar O Grito 2 do seu filme japonês ao promover as três tramas paralelas (os fantasmas nipônicos aterrorizavam mais de uma pessoa ao mesmo tempo, enquanto sua contraparte estadunidense se ressentia do peso da personagem de Sarah Michelle Gellar na trama). Quem viu o original nipônico sabe que a força da maldição é não escolher assombrados; ela simplesmente pega quem cruza seu caminho, de tempos em tempos, e isso lhe dá um tenebroso sentido de imortalidade. O trunfo de O Grito 2 é justamente embaralhar a relação entre esses três alvos de maldição.

Não é qualquer um que tem permissão de filmar, em Hollywood, com a liberdade de Shimizu. Ele corta de uma trama a outra sem transições: num momento fecha a câmera na garota em Tóquio; no plano seguinte, dá o close no menino em Chicago, sem explicação (por explicação ou transição, entenda aquele plano aberto da cidade, ou do lado de fora de um edifício, por exemplo, que servem para situar o espectador antes das tomadas de interiores). Quando passamos a saber que a diferença de tramas não é apenas geográfica como temporal, o quebra-cabeça do diretor fica mais instigante.

Não que isso o redima. Sobra domínio técnico, mas continua faltando susto.

Nota do Crítico
Regular
O Grito 2
The Grudge 2
O Grito 2
The Grudge 2

Ano: 2006

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 100 min

Direção: Takashi Shimizu

Elenco: Sarah Michelle Gellar, Amber Tamblyn, Edison Chen, Arielle Kebbel, Jennifer Beals, Teresa Palmer, Misako Uno, Sarah Roemer, Matthew Knight, Takako Fuji, Ohga Tanaka, Joanna Cassidy, Christopher Cousins, Paul Jarrett, Jenna Dewan

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