Filmes

Entrevista

Toy Story 3: Omelete Entrevista Darla K. Anderson e Lee Unkrich

Produtora e diretor da animação falam sobre desafios do terceiro filme da série

21.06.2010, às 00H10.
Atualizada em 21.11.2016, ÀS 12H05

Não deve ser fácil pensar em uma continuação como Toy Story 3, que consegue ser sucesso de público e crítica. Mas ninguém melhor para falar sobre isso do que Darla K. Anderson e Lee Unkrich, respectivamente produtora e diretor da animação. A entrevista foi feita na sede da Pixar Animation Studios, pelo Matt Goldberg, redator do site parceiro Collider. Confira o vídeo no player abaixo, no YouTube ou leia a transcrição completa.

Esse é um filme muito emotivo - e não tenho vergonha de admitir que estava chorando no final - e eu estava pensando: quais foram os desafios para não deixar o filme muito pesado?

Lee Unkrich: Bem, nós queríamos fazer tudo neste filme. Queríamos que fosse tão engraçado quanto os dois primeiros Toy Story e queríamos que tivesse tanta aventura quanto os outros. Mas queríamos que fosse emotivo também. E para isso você precisa se dar o tempo, precisa deixar o filme mais lento. Você não pode ter tudo acontecendo muito rápido, o tempo todo. Então existem vários trechos do filme em que nós diminuímos o ritmo e usamos o tempo para que os personagens pudessem refletir. E isso meio que pode levar a cenas emotivas. Então tentamos fazer ambos. E se você tem uma trajetória de montanha-russa, com ondas pelo filme, você pode fazer o bolo e comer também. Você pode ter muita ação e também muita comédia.

Darla K. Anderson: Sim, acho que a equipe fez um ótimo trabalho para equilibrar todas essas tramas. Poderia ter ficado formulaico se caísse nas mãos erradas. Mas Lee, como diretor, e a equipe dele fizeram um trabalho incrível para encontrar a melhor precisão e equilíbrio.

LU: É uma coisa complicada, porque você não quer cair no sentimentalismo ou que as coisas pareçam melodramáticas. Nunca! Mas isso é uma questão de afinar as cenas, até que pareçam certas.

Eu diria que é como andar de montanha-russa, em termos da quantidade de ação e que é provavelmente o filme da Pixar com mais ação. Eu gostaria de saber como foi fazer os storyboards disso tudo e como foi resolver todos esses elementos?

LU: Bom, o filme tem muitas cenas diferentes, é claro, e todas tem suas próprias necessidades. Se falarmos só da abertura do filme, que é uma abertura louca de faroeste: nós queríamos fazer uma aventura western ao estilo do Woody. Mas que ela fosse cheia de exageros e aí essas coisas doidas começam a acontecer. Esse é o tipo de sequência que é especialmente legal de desenhar, porque o céu é o limite. Você tem um céu azul e pensa "Podemos fazer o que quisermos". Temos muitas pessoas na sala dando ideias, e... Eu não sei.

DA: Nós fizemos algumas vezes até acertar.

LU: A sequência é bem louca e cheia de coisas engraçadas. Mas para cada ideia que realmente está lá nas telas, provavelmente tivemos umas 30 que simplesmente não houve tempo de usar.

Esse filme tem muitos personagens novos. E eu estava pensando: como foi o processo de selecionar novos personagens que se encaixariam bem, e coisas desse tipo?

DA: O que nós fizemos foi o seguinte: Nós fazemos um teste de elenco para os brinquedos. Colocamos esse anúncio na internet, dizendo que estamos interessados em novos brinquedos para Toy Story 3. E então todos os agentes dos brinquedos entram em contato comigo.

LU: E você que lida com tudo isso.

DA: É assim que fazemos. [gargalhadas]

LU: Eu estava acreditando em você, por um momento. Sabe, é tudo movido pela história. Nunca deixamos o carro na frente dos bois. Nós não escolhemos brinquedos e depois achamos um jeito de colocá-los no filme. Nós temos situações na história e tentamos pensar nos melhores brinquedos para encaixar nisso. Então, por exemplo, temos uma sequência meio Prison Break no meio do filme. E queríamos um personagem que fosse tipo quando você assiste a filmes de prisão e tem sempre um cara velho, que está lá desde sempre e conhece todo o terreno... Ele sabe como a prisão funciona. E queríamos encontrar um brinquedo que se encaixasse nesse papel. Então já que estamos numa creche, por que não usamos o brinquedo mais icônico de creches, que é o telefone da Fisher-Price. E é divertido pegar esse brinquedo, que nunca teve uma personalidade antes, que nunca teve uma voz, e de repente transformá-lo nesse sábio velho que está na prisão desde sempre.

Todos os filmes da Pixar parecem trazer seus próprios desafios técnicos. Seja o cabelo da Violet em Os Incríveis ou o pelo do Sully em Monstros S.A. Quais foram os desafios técnicos para este filme?

LU: Houve alguns, na verdade. Mais do que nós achamos que teríamos no começo. Eu incentivava a minha equipe dizendo que eles iam trabalhar num filme em que não teriam que pensar em nada novo, nós iamos só nos apoiar nos outros filmes.

DA: Nós meio que achamos que seria assim mesmo, certo?

LU: Sim. Mas nós tivemos alguns desafios grandes. Se eu tivesse que citar um, diria que o mais difícil foram os personagens humanos. Sempre tivemos humanos nos filmes do Toy Story, mas se você olhar para os primeiros dois, eles não são tão bonitos. Era o melhor que podíamos fazer na época, mas eles estão definitivamente datados. E já fizemos trabalhos muito melhores com humanos desde então, como Os Incríveis, Ratatouille e Up. Então, com essa história que estamos contando, em particular, eu sabia que era vital que os humanos ficassem absolutamente fantásticos. E eles teriam que ser capazes de algumas atuações muito sutis. Então expliquei a situação já no começo para minha equipe técnica e para os animadores. Eu disse: "O visual deles tem que ficar incrível". Haverão grandes close-ups nos personagens humanos e eu preciso acreditar que existe uma alma por trás daqueles olhos. Nós trabalhamos muito, durante muito tempo. Coloquei alguns dos meus melhores animadores para animar os humanos, e acho que conseguiram.

Vocês conseguiram. Muito obrigado.

LU: Obrigado.

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