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Festival de Cannes | "A honra nos leva ao erro", define Javier Bardem

Astro espanhol mobiliza o festival francês, ao lado de Penélope Cruz e Ricardo Darín, ao falar de Todos Lo Saben

09.05.2018, às 09H14.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Mesmo recebido com frieza pela crítica europeia, em especial a espanhola, que esperava uma abordagem mais original da realidade de Madri, Todos Lo Saben, filme de abertura do Festival de Cannes 2018, ainda foi capaz de mobilizar atenções no balneário, em sua conferência de imprensa, ao reunir grandes estrelas. O casal Penélope Cruz e Javier Bardem se une ao argentino Ricardo Darín num melodrama sobre a incapacidade de se lidar com o fardo da verdade. Foi o primeiro dos 21 concorrentes à Palma de Ouro de 2018 a ser exibido. A direção é do iraniano Asghar Farhadi, ganhador do Oscar em 2012, por A Separação, e em 2017, por O Apartamento. 

Flickr/Reprodução
"Este é o filme mais espanhol que um estrangeiro poderia fazer na Espanha", disse Bardem, o mais inspirado ator em cena, no papel de Paco, dono de uma pequena vinícola. "A honra nos leva ao erro. Meu personagem é levado pelos impulsos e não pela honra. Ele se guia pela generosidade".
 
Para Penélope, o método de trabalho de Asghar valoriza as especificidades das culturas que ele visita: "Há uns dois anos, quando este projeto começou, Farhadi se mudou pra Espanha e passou esse tempo todo com um professor de espanhol a seu lado, dominando nossa língua, observando nosso modo de falar. São poucos os diretores estrangeiros que fazem isso", disse a atriz. "Ele ficava nas filmagens como uma esponja, absorvendo nossa realidade. A gente ficava curioso de saber como alguém de fora seria capaz de dominar nosso idioma. Mas como ele dorme pouco, passa as  noites a decorar cada fala do roteiro. Ele sabia nossos diálogos de cor. É um diretor humilde, que faz perguntas".
 
Fotografado pelo habitual parceiro de Pedro Almodóvar, José Luis Alcaine, Todos Lo Saben tem como seu eixo um rapto. Em visita à sua família na Espanha, depois de anos morando na Argentina, Laura (Penélope) tem sua filha adolescente sequestrada e seu marido, o ex-alcoólatra Alejandro (Darín), ficou na América do Sul. Resta a ela contar com um ex-namorado do passado, hoje casado, Paco (Bardem), que comprou terras outrora pertencentes ao pai de Laura.
 
"Eu não sou um sujeito que crê em religião, mas, na visão de Asghar, a fé é a única força capaz de preservar Alejandro das crises econômicas que assombram os personagens", diz o argentino ao Omelete. "A fé aqui é um modo de preservação".
 
Nesta quarta, o principal  evento de Cannes é a entrega de um prêmio honorário para Martin Scorsese, um dos mais cultuados diretores americanos das últimas cinco décadas, a ser entregue na abertura da Quinzena dos Realizadores, mostra paralela à briga pela Palma de Ouro. Envolvido com a finalização do thriller de máfia The Irishman, para a Netflix, Scorsese vai receber em Cannes o troféu Carroça de Ouro, batizado em referência a um filme de um de seus ídolos na França, Jean Renoir. Na terça, na projeção de gala de Todos Lo Saben, o diretor abriu a sessão com um discursos emotivo sobre a beleza de estar em Cannes. 
 
Logo após a entrega da Carroça de Ouro, a Quinzena de Cannes vai exibir o esperado Pássaros de Verão, da Colômbia, da mesma equipe criativa de O Abraço da Serpente (2015).
 

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