A atriz francesa Adèle Haenel, estrela de Retrato de uma Jovem em Chamas, anunciou hoje (9) sua aposentadoria. Em uma carta publicada no site francês Télérama (via THR), Haenel diz que decidiu paralisar sua carreira como movimento político e acusa o cinema francês de acobertar diretores franceses acusados de agressão sexual.
Na carta, a atriz fala que a indústria cinematográfica do seu país se importa mais em amenizar as acusações de cineastas como Gerard Depardieu, Roman Polanski e Dominique Boutonnat, do que acolher as vítimas. “Incomoda-os que as vítimas façam muito barulho. Eles preferiram que desaparecêssemos e morrêssemos em silêncio.”
Adèle continua e fala que o alto escalão do cinema francês, de uma certa forma, cancelou o movimento #MeToo no país. “Você tem o dinheiro, a força e toda a glória, mas não me quer como espectadora. Eu cancelo você do meu mundo"; disse.
Em 2020, Haenel saiu do 45º Prêmio César (o Oscar da França) quando Polanski recebeu o prêmio de Melhor Diretor por seu filme O Oficial e O Espião, causando uma resposta imediata dela e de diversos presentes que se levantaram e deixaram o local da cerimônia em protesto. As indicações recebidas por Polanski causaram polêmica, inclusive entre os artistas, devido ao histórico de abusos sexuais que resultaram em sua expulsão da Academia.
No mesmo ano, a atriz apresentou uma queixa contra o diretor francês Christophe Ruggia de abusá-la sexualmente quando tinha 12 anos, ao ser escalada para o seu filme The Devils. Ruggia nega qualquer crime e foi formalmente indiciado, mas ainda não foi julgado.
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