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Americano | Crítica

Um filho em duas jornadas

19.04.2012, às 15H12.
Atualizada em 11.11.2016, ÀS 04H08

Americano (2011) é o primeiro longa-metragem de Mathieu Demy. O parisiense tem pedigree: é filho dos cineastas Agnès Varda e Jacques Demy e começou no teatro, passando depois a ator de produções francesas cinematográficas que obtiveram reconhecimento.

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Para sua estreia como realizador, Demy - que além de dirigir, produz e protagoniza - enche a tela de autorreferências. Para os flashbacks de seu personagem principal, usa imagens do filme Documenteur, de 1981, dirigido por sua mãe, em que aparece aos oito anos de idade ao lado da atriz Sabine Mamou. Além disso, Salma Hayek vive Lola, uma prostituta mexicana cujo nome é homenagem de Demy à dançarina de cabaré vivida por Anouk Aimée no primeiro filme de seu pai.

A fusão entre o material de arquivo e a nova captação é interessante. O diretor de fotografia George Lachaptois filma os mesmos cenários e a vizinhança em Los Angeles usados por Varda em Super 16 (e mais tarde, Tijuana, que fica linda e perigosa nessa captação), integrando de maneira inspirada as novas imagens com o passado, registrado em 16mm. A trilha sonora de Gregoire Hetzel também se aproveita dos temas criados há 30 anos por Georges Delerue.

Na trama, Martin (Demy), em meio a uma crise conjugal, é obrigado a deixar o conforto medíocre de sua existência e viajar às pressas de Paris até Los Angeles. Sua mãe - que ele não vê há vários anos - morreu e ele precisa cuidar do inventário e ir buscar o corpo. As lembranças da cidade, porém, são dolorosas. Martin cresceu ali e deixou todas aquelas memórias para trás. Uma carta descoberta entre as posses da mão, no entanto, o lança em uma busca que cruza a fronteira em direção ao México, mais especificamente à caótica cidade de Tijuana.

Há qualidade no filme, em especial nas atuações - o elenco também é da nobreza do cinema: Geraldine Chaplin (filha de Charles Chaplin), Carlos Bardem (irmão de Javier Bardem) e Chiara Mastroianni (filha da atriz Catherine Deneuve e Marcello Mastroianni) - mas existe uma distância entre o público e o personagem de Martin que torna difícil qualquer relação com ele. Ao optar por um protagonista taciturno que durante a maior parte do tempo pouco reage, ainda que detenha obsessões, sua jornada emocional fica prejudicada. Além disso, a relação procurada entre ele e a mãe, espelhada na da mãe e Lola, e na da prostituta e seu filho, demora a acontecer e, quando acontece, parece extremamente gratuita e previsível.

O grande apelo de Americano é, assim, a jornada não dos personagens, mas do diretor, em sua própria busca para honrar sua herança artística.

Americano | Cinemas e horários

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Nota do Crítico
Bom
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Ano: 2011

País: França

Classificação: 14 anos

Duração: 90 min

Direção: Mathieu Demy

Roteiro: Mathieu Demy

Elenco: Salma Hayek, Mathieu Demy, Geraldine Chaplin, Chiara Mastroianni, Carlos Bardem

Onde assistir:
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