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Cannes: Sofia Coppola, Michael Haneke e Naomi Kawase disputam a palma de ouro

Festival também exibirá episódios da nova temporada de Twin Peaks

13.04.2017, às 07H53.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Trabalhos inéditos de Sofia CoppolaMichael Haneke David Lynch prometem agitar o 70º Festival de Cannes (17 a 29 de maio), que se abriu a estéticas de gêneros, à linguagem dos quadrinhos, à Era de Ouro da televisão, ao poderio da NetFlix e até ao carisma de Adam Sandler. Na escolha de sua atração de abertura, a direção artística da mostra cannoise esnobou superproduções (esperava-se a presença do novo Piratas do Caribe ou de Valerian, de Luc Besson, nesse posto), a fim de apostar na prata da casa: será tarefa para o francês Arnaud Desplechin inaugurar o evento com Les Fantômes d’Ismäel., uma história de amor protagonizada por Charlotte GainsbourgMathieu AlmaricMarion Cotillard e Louis Garrel. Não houve espaço para o Brasil e nem para latinos da América Hispânica na briga pela Palma de Ouro. E a resposta do curador Thierry Frémaux para a nossa ausência por lá foi a das mais secas: “É questão da conjuntura”.  

Mas não faltaram crias da casa, como Yorgos Lanthimos, aclamado e premiado por lá em 2015 com O Lagosta, que regressa agora com The Killing of a Sacred Dear. Também foi Cannes que consagrou Sofia Coppola mundialmente com As Virgens Suicidas, lá em 1999. E ela volta agora com The Beguilded, traduzido aqui como O Enganado. Num clima de sensualidade, com ecos de western, esta produção põe Colin Farrell em meio a uma casa de mulheres que desejam algo mais do que seu amor. Entre elas estão Kirsten DunstElle Fanning Nicole Kidman.  

Cannes

Mais aguardado do que o regresso de Sofia só Redoutable, filme novo do diretor de O Artista (2011), o francês Michel Hazanavicius, sobre a juventude de Jean-Luc Godard, gênio da direção por trás de cults como Acossado (1960). Luc Garrel vive Godard na produção que briga pela Palma embalado a cinefilia. Entre seus concorrentes está Good Time, dos irmãos nova-iorquinos Ben Joshua Safdie, com Robert Pattinson – que, segundo olheiros de Cannes, tem tudo para ganhar o prêmio de melhor ator por um desempenho memorável.

Ganhador de duas Palmas, em 2009 com A Fita Branca, e em 2012, com AmorHaneke volta a Cannes com fôlego para se tornar o único diretor do mundo a receber o prêmio maior do festival por três vezes com Happy-End. Concorrem com ele cineastas de respeito como a escocesa Lynne Ramsai, com o thriller You Were Never Really Here; a japonesa Naomi Kawase com Radiance; o alemão Fatih Akin, assinando o esperado In The Fade; o francês François Ozon, com o suspense L’Amant Double; o ucraniano Sergey Loznitsa, com A Gentle Creature, baseado na prosa de Fiódor Dostoiévski; e um camarada deste, o russo Andrey Zvyagintsev, com Loveless.

Ainda sobrou espaço em concurso para o universo infanto-juvenil em Cannes, com Wonderstruck, de Todd Haynes (Carol), um projeto da Amazon TV. Sua maior rival, a NetFlix, entra em campo com Okja, do coreano Bong Joon-ho (O Hospedeiro), aventura fantástica com Paul Dano Tilda Swinton, e com um projeto estrelado pelo sempre controverso Adam Sandler, outrora o comediante de maior sucesso de bilheteria de Hollywood (entre 1998 e 2011). Ele divide com Ben Stiller Dustin Hoffman o protagonismo do novo filme de Noah Baumbach (Frances Ha): The Meyrowitz Stories.

Uma das mostras paralelas mais disputadas de Cannes, a seção Um Certain Regard vem recheada de exercícios narrativos dirigidos por atores, como o já citado francês Mathieu Almaric (com Barbara, la Chanteuse) e o italiano Sergio Castelitto (com Fortunata). Entraram ainda nesse menu trabalhos inéditos de Kyioshi Kurosawa (La Disparition) e Michel Franco (Las Hijas de Abril), além de uma incursão de Taylor Sheridan (roteirista de A Qualquer Custo Sicário) como realizador: Wind River, com Jon Bernthal, o Justiceiro da série Demolidor.

As HQs terão um lugar garantido em Cannes, levadas pelas mãos de dois mestres da direção autoral. O japonês Takashi Miike assina a adaptação do mangá Blade of the Imortal, de Hiroaki Samura. Já John Cameron Mitchell transformou em longa o exercício dos gêmeos Gabriel Bá Fábio Moon com Neil GaimanHow to Talk to Girls at Parties, com Nicole Kidman.

Como esperado, Cannes exibirá episódios da aguardada nova temporada de Twin Peaks, celebrando o regresso de David Lynch ao audiovisual.  E tem mais... Cerca de 11 anos depois da conquista do prêmio de melhor diretor em Cannes por Babel (2006), o mexicano Alejandro González Iñárritu estará de volta à Croisette com uma espécie de “filme-instalação” de realidade virtual: Carne y Arena. O evento exibe ainda 24 frames, de Abbas Kiarostami, numa homenagem póstuma ao mestre iraniano, morto em 2016. Além disso, o festival projeta, na íntegra, a série Top of the Lake, da neozelandesa Jane Campion, a única mulher a ganhar a Palma de Ouro, em 1993, com O Piano. O menu ainda resgata o ás francês do real Raymond Depardon com um novo doc: Deux Jours. A atriz britânica Vanessa Redgrave também fez um documentário como diretora, cujo tema é a condição dos refugiados. 

Diretor de cults como Tudo Sobre Minha Mãe (1999), o espanhol Pedro Almodóvar será o presidente do júri de longas, enquanto o cineasta romeno Cristian Mungiu cuida dos curtas, entre eles o brasileiro Vazio do Lado de Fora, de Eduardo Brandão Pinto. O pernambucano Kleber Mendonça Filho, que dirigiu Aquarius, vai presidir o júri da Semana da Crítica, que anuncia semana que vem suas atrações, assim como fará a Quinzena dos Realizadores, que concederá um prêmio especial, a Carroça de Ouro, ao diretor alemão Werner Herzog.

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