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Esperando Acordada | Comédia europeia aposta na "Sandra Bullock da França"

Filme arrebatou público e crítica no continente

19.08.2016, às 13H39.
Atualizada em 16.11.2016, ÀS 16H01

Lourinha, baixinha e sempre com uma expressão de carência no olhar, a parisiense Isabelle Carré é encarada pela imprensa e pelo público da Europa como sendo “a Sandra Bullock francesa”, talhada para comédias de recheio romântico como Esperando Acordada (Les Chaises Musicales), lançada ontem no Brasil após ter arrebatado elogios no Velho Mundo. Aos 45 anos, a atriz (cuja popularidade na França vem crescendo filme a filme) vive neste longa-metragem dirigido por Marie Belhomme uma situação muito parecida com a de Sandra em um de seus maiores sucessos de bilheteria, Enquanto Você Dormia (1995). Sua personagem é a musicista azarada Perrine, responsável, sem querer, por um acidente que coloca um homem em coma. A fim de se aliviar da culpa, ela vai velar a recuperação dele, envolvendo-se em sua vida ao fingir para as pessoas que tinha uma relação com ele. Aos poucos, sua mentira vai se convertendo em uma série de hilárias trapalhadas que fizeram a produção ganhar a adesão (e os euros) dos espectadores franceses.

Isabelle e eu tentamos construir uma figura que seduzisse a plateia por seu dom natural para o fracasso, subvertendo a imagem vitoriosa das heroínas clássicas da ficção”, diz Marie Belhomme em entrevista por telefone ao Omelete. “É uma tradição da França, nas telas, representar as mulheres sob um signo de força e determinação, quebrando com o preconceituoso lugar comum de que somos o sexo frágil. Mas isso funciona apenas pelo fato de não trabalharmos as noções de gênero sexual como algo impositivo e restritivo, tipo ‘mulher é assim’, ‘mulher é assado’. O que se tenta aqui é pensar em personagens sólidos, sejam eles mulheres ou homens. Quanto mais natural se representa uma causa, mais funcional ela será nas telas. E a minha é retratar figuras firmes e emancipadas”. 

Escolher Isabelle para protagonista foi um gesto de sintonia com a mudança de perfil das heroínas românticas clássicas do cinema francês. A atriz encarna nos cinemas o ideal de um humorismo mais e melhor antenado com as discussões contemporâneas da sociedade europeia de hoje, com questões como a pluralidade sexual, a escassez de trabalho fixo, a convivência com estrangeiros de diferentes continentes. Essa imagem a atriz consolidou em filmes de alta bilheteria como Românticos Anônimos (2010).

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Isabelle carrega em seu jeito de ser uma complexidade muito parecida com a de Perrine, por valorizar as angústias mais ordinárias do dia a dia”, diz Marie Belhomme. “Criamos as situações de Esperando Acordada antenadas com a estética da comédia dos anos 1970, que discutiam muito a questão do desejo e das aspirações profissionais”.    

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