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Festival de Berlim | James Cameron impressiona público com versão 3D de Exterminador do Futuro 2

Diretor falou no evento direto das gravações de Avatar 2

17.02.2017, às 23H09.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Laureado com quatro Oscars em sua passagem pelos cinemas, em 1991, quando fez uma revolução na tecnologia de efeitos especiais, arrecadando US$ 519 milhões nas bilheterias, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final renasceu em formato 3D no 67º Festival de Berlim, que, às vésperas de seu encerramento, promoveu, na sexta, uma sessão de gala do cult de James Cameron. Com cores mais vivas, por conta de um processo de restauração digital em 4K e com som remasterizado, este cult da ficção científica lotou a sala de exibição mais nobre da capital alemã, o Zoo Palast Kino 1 (suas 770 poltronas estavam ocupadas), como uma prévia para seu regresso ao circuito. Sua reestreia mundial acontece no verão americano, entre julho e agosto, reciclando cenas do andróide de metal líquido T-1000 (Robert Patrick) em transformação. Schwarzenegger era esperado na cerimônia, mas não compareceu. Já Cameron, ocupado com a feitura de quatro (!) episódios em longa metragem da franquia Avatar, entrou via Facetime ao vivo com a plateia, na telona do espaço.    

Não mudamos nada no conteúdo do filme, com exceção de uma mexidinha num detalhe na janela de uma caminhão que sempre me incomodou, pois a tônica era reajustar a cor e o som, para garantir ao espectador uma experiência sensorial nova. Tenho muito pudor com relação a essa onda de se corrigir filmes, pois isso sempre incorre no risco de alterar o trabalho original sem uma medida de onde se deve parar. No revisionismo, a gente sempre encontrará erro. Mas tenho orgulho desse filme e vejo atualidade nele, quando se avalia o medo que ainda temos de inteligência artificial”, disse Cameron, em presença virtual. “Não quis fazer esta versão 3D por vaidade. Fiz Titanic, para poder preservar o filme, e, em seu relançamento nesse formato novo, a arrecadação nas bilheterias chegou a quase US$ 4 milhões, o que compensou os custos. Se o T2 – 3D der dinheiro, vou fazer o mesmo com o primeiro filme, que, à sua época, foi um filme de baixo orçamento, que aconteceu moderadamente, mas fez um boca a boca pela originalidade. Meu desejo era verter todos os meus filmes em 3D”.   

Espantosa para a época, a engenharia visual das lutas entre o andróide analógico T-800 (Schwarzenegger) e T-1000 ficam ainda mais grandiosas em 3D, em especial a briga em uma caldeira de soldar metais. “Os efeitos especiais de T2 não podem ser julgados por critérios de hoje e sim pelos de sua época, pois já se passaram 26 anos desde sua exibição. A ideia dessa conversão em 3D é poder apresentá-lo a novas gerações que, quando muito, só conheceram o filme via DVD ou pela TV”, diz o cineasta. “Este filme é o documento de uma época na qual a gente tentava desenvolver a ideia do CGI, dos efeitos de computação para substituir fundos falsos por imagens digitais. Mas, além disso, ele tem o mérito de ter tornado icônico um robô que se humaniza”.  

E ainda na sexta o festival conheceu o ganhador de uma de suas láureas paralelas mais significativas, ligadas à homoafetividade. Xodó da Berlinale por razões políticas e comportamentais, o chileno Una Mujer Fantástica, de Sebastián Lélio (de Glória), conquistou seu primeiro prêmio de peso em Berlim: o troféu Teddy, galardão em forma de um urso gordinho, criado há 31 anos para celebrar a afirmação LGBT. Já existe uma torcida organizada por aqui em torno da vitória de sua estrela, Daniela Vega, na disputa pelo prêmio de melhor atriz. E mais do que mérito, pelo trinômio empenho + talento + ferramental cênico farto, a premiação desta mulher trans seria uma forma de reconhecer um dos pleitos sociais, sexuais, comportamentais e políticos mais urgentes da atualidade: a inclusão dos transsexuais. O drama dirigido por Lélio relata o inferno que se abate sobre a vida da cantora trans Marina (Daniela) depois que seu namorado morre (subitamente, de aneurisma), despertando uma onda de agressão e de repulsa por parte da família do finado.

Neste sábado o Festival de Berlim chega ao fim, com a cerimônia de premiação, tendo - até agora - a comédia The Other Side of Hope, do diretor finlandês Aki Kaurismäki, como favorita ao Urso dourado, seguida de perto pelo romeno Ana, Mon Amour, de Cãlin Peter Netzer (já laureado aqui em 2013, por Instinto Materno) e por Colo, de Teresa Villaverde, lá de Portugal. Dirigido pelo pernambucano Marcelo Gomes, o concorrente brasileiro, Joaquim – cujas sessões foram marcadas por protestos dos cineastas e produtores nacionais contra a quebra do processo democrático no país, com direito a cartazes de “Fora Temer!” em alemão –, tem tudo para dar o prêmio de melhor ator ao paulista Julio Machado, pelo papel de Tiradentes.   

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