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Festival de Cannes | Filme de Nicole Kidman é vaiado e se torna o pior na disputa pela Palma de Ouro

Yorgos Lanthimos, de The Lobster, comanda a produção

22.05.2017, às 09H19.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Vaias espalhadas pelo Palais des Festivals de cabo a rabo apontam The Killing of a Sacred Deer, do diretor grego Yorgos Lanthimos, como o pior filme da competição de Cannes em 2017, mesmo com boas atuações de Nicole Kidman e Colin Farrel. Carregado de referências de tragédias gregas, o novo trabalho do premiado realizador de O Lagosta (2015) explora o tema mais recorrente do festival nesta sua 70. edição: a atomização das famílias burguesas. No caso, o clã em questão, os Murphy, desmancha-se moral e fisicamente com a aproximação de um adolescente, Martin (Barry Keoghan), com quem o cirurgião Steven Murphy (Farrel) parece ter um envolvimento, com ecos de pedofilia. A presença do garoto gera uma estranha paralisia nos filhos de Steven, para o desespero de sua mulher, Anna (Nicole).

"Não sei se este é um filme sobre sacrifício, embora alguém seja imolado. Prefiro pensar que é uma reflexão sobre justiça e sobre escolhas", disse Lanthimos, que carrega o filme de cenas violentas, envolvendo crianças. Tudo na rotina dos Murphy parece pautado por aparências e por um desejo patológico até que a incisiva presença de Martin e de sua mãe  (vivida pela eterna patricinha de Beverly Hills, Alicia Silverstone) conduzem Steven a atos de brutalidade.
 
"Nas filmagens, eu defini essa história pros atores como uma comédia", disse Lanthimos, deixando no ar a fragilidade reflexiva que gerou aversões em Cannes. Apesar de manter o clima de tensão com maestria, o diretor não consegue justificar os sentimentos e as reações dos personagens. Tudo soa falso em cena, menos o empenho de Kidman em esculpir camadas para sua personagem.
 
"Eu tenho muito critério para escolher os filmes de que participo, sempre me pautando por valores éticos. Eu não faço filmes porque preciso, mas sim por querer expressar algo. Mas eu vi o primeiro sucesso de Yorgos, Dogtooth, e fiquei tocada. Decidi trabalhar com ele por isso", disse a atriz. "Ele dirige sem dar muitas instruções, pedindo que a gente faça o mínimo de ações, para expressar emoções, o que é um desafio". 
 
Entre os filmes que mais crescem no boca a boca da Croisette, o italiano Fortunata, dirigido pelo ator Sergio Castellitto, ganhou a simpatia da cidade, com sua leveza e com um tocante trabalho da atriz romana Jasmine Trinca, encarada como a musa de Cannes. Ela vive a personagem do título, uma cabelereira que encara uma série de dificuldades financeiras e um ex violento na luta para realizar seus sonhos.
 
Hollywood teve pouco espaço em Cannes este ano, mas alguns de seus astros mais populares vieram ao evento badalar projetos pessoais. Quem anda atraindo atenções na Croisette é Arnold Schwarzenegger. Ele veio ao balneário para divulgar o documentário Wonders of The Sea 3D, do qual é narrador. E há quem diga que ele veio passar o pires para levantar recursos para rodar uma nova versão de Conan, explorando os dias do bárbaro como rei do trono de Aquilônia.
 

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