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Festival de Cannes | Filme sobre Godard pode premiar Louis Garrel

Le Retouble conta a história do cineasta e é dirigido por Michel Hazanavicius

20.05.2017, às 20H53.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Mesmo com todos os elogios, Oscars e milhões de dólares e de euros conquistados por O Artista (2011), seu diretor, o francês Michel Hazanavicius chegou ao Festival de Cannes com seu novo filme, Le Retouble, cercado de desconfiança por parte dos europeus acerca do que ele faria com a história do jovem Jean-Luc Godard.

A razão: dono de um estilo doce, de comunicação frontal com multidões, Hazanavicius não casa em nada com o cinema semiótico de Godard, um suíço nascido em Paris que gerou uma virada na forma de se fazer e de se pensar cinema, em 1960, com O Acossado e Pierrot Le Fou - O Demônio das Onze Horas. Mas, na telona da Croisette, talvez por todo o empenho do ator Louis Garrel em provar que é um dos maiores do Velho Mundo, o casamento entre duas estéticas tão distintas quanto a do velho Jean-Luc e a do já cinquentão Michel funcionou e foi feliz. Até aplauso durante a projeção de Le Redoutable rolou e só se fala em Garrel para os prêmios de atuação aqui.

E isso mesmo com tumulto e atraso na sessão, em decorrência de uma ameaça de atentado a bombas no Palais des Festivals. O prédio teve que ser todo evacuado para a polícia investigar a possível presença de explosivos. Houve quem cogitasse que a ameaça fora um truque do Godard em pessoa, para nào ter seus tempos de glória devassados.

Encarado pelo circuito de exibidores da França como um potencial chamariz de bilheteria, Le Redoutable recria o período entre1967 e 1970 no qual Godard lança seu tratado político mais feroz nas telas, o longa A Chinesa, e os anos em que se junta ao grupo militante Dziga Vertov, a fim de criar um cinema militante. Nesse periodo, ele vive uma tórrida (mas um tanto ingênua) paixão por uma atriz, Anne Wiazemsky (vivida por Stacy Martin, que passa a maior parte do longa nua ou pagando peitinho). No auge do namoro, Godard se mete nos protestos de maio de 1968 e tem sua obra questionada pela ala de esquerda mais combativa. Sua resposta é o radicalismo, em seus filmes e em sua vida.

Mais do que um envolvente retrato de época, pontuado por um domínio singular do humor, Le Redoutable (o título é uma menção a um submarino) é uma aula de História, sobre Arte e ideologias. Seu êxito no gosto cannoise marca um duplo gol do cinema francês neste sábado, em que aquele país emplacou o favorito à Palma de Ouro de 2017: o drama 120 Battements Par Minute, sobre o ativismo em prol dos soropositivos nos anos 1990.

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