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Mostra de São Paulo | Animações premiadas em Berlim e Cannes levam colorido cult ao evento

Tenha um Bom Dia e Teerã Tabu serão exibidos nesta quarta (25) na maratona paulista

25.10.2017, às 11H51.
Atualizada em 25.10.2017, ÀS 13H05

É dia de animação na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, mas por vias que dispensam o lúdico e apostam na devassidão, na tragédia e até na picaretagem. Dois longas-metragens egressos de culturas bem distantes do padrão Pixar, feitos em técnicas animadas distintas – um em rotoscopia, estilo no qual atuações de carne e osso são refeitas digitalmente; outro numa tradicional utilização de desenho – serão exibidos nesta quarta na maratona cinéfila paulistana. Aclamado em Cannes, onde foi projetado na Semana da Crítica, o teuto-iraniano Teerã Tabu será projetado às 15h50 na CineSala. Já o chinês Tenha Um Bom Dia, que concorreu ao Urso de Ouro de Berlim, passa às 22h, no Espaço Itaú Frei Caneca.

Dirigido por Ali Soozandeh, Teerã Tabu foi todo desenvolvido entre a Áustria e a Alemanha com base em memórias pessoais do realizador. Neste filme coral, ele cruza os caminhos de uma série de personagens que se esbarram em algum momento seja pela corrupção estatal (policial, sobretudo), seja pelo sexo. Entre os protagonistas estão uma garota de programa que leva o filho consigo para o “trabalho”; uma mulher-pipa (que usa um papagaio para voar); e um musico que precisa de dinheiro para submeter sua amante a uma operação para restaurar sua virgindade. Cada ação deles revela detalhes sobre o modo como o Irã lida com o sexo, pago ou não, e com a intolerância religiosa ou social. “Já houve muito sangue derramado no meu país. Eu filmo para que a violência pare”, disse Soozandeh ao Omelete na Croisette. Seu filme tem ainda sessão nesta sexta, às 17h, no CineSesc. 

Igualmente preocupado com mazelas morais, Tenha um Bom Dia, de Liu Jian, tem um humor negro ferino. Ensaio sobre a malandragem, este desenho animado vindo da China, batizado de Have a Nice Day mundialmente (Hao Ji Le é seu título original) fez a Berlinale em peso rir. Parece uma espécie de "Onde os Fracos Não Têm Vez no Sul da China", com a malícia e o niilismo político dos irmãos Coen. Pintor e animador, Liu narra aqui uma ciranda de confusões envolvendo uma mala disputada por um conjunto de personagens marginais, a começar por um matador de aluguel fã de Rocky Balboa.

“Stallone tem uma legião de fãs entre nós, mas entra aqui mais como um estandarte de uma cultura que não nos pertence de berço e que invade a China gradativamente”, disse Liu ao Omelete em Berlim. Seu filme tem ainda projeção no dia 30, às 21h45, no Espaço Itaú Augusta.

Ainda no pacote estrangeiro da Mostra de SP, uma atração pop obrigatória, pinçada da competição de Cannes, foi agendada para esta quarta, às 21h50, no CineSesc, com um repeteco amanhã (quinta, 26), às 19h, no Espaço Itaú Frei Caneca: Júpiter’s Moon, uma espécie de X-Men à moda húngara. Misto de fantasia, suspense e denúncia polítitica, este thriller fantástico de Kornél Mundruczó acompanha a ciranda de perigos em que o refugiado Aryaan (Zsombor Jéger) se envolve após ser baleado gravemente e descobrir que pode não apenas renegenerar suas feridas como pode flutuar. Um médico alcoólatra e decadente, incumbido de cuidar de imigrantes ilegais, o dr. Stern (Merab Ninidze), tentará tirar proveito dos dons do rapaz, seu paciente. Mas, aos poucos, os dois vão travar uma amizade cerzida a desabafos que expõem as feridas abertas do Velho Mundo.

Nesta quinta (26), o longa brasileiro mais falado do momento no exterior pede passagem na Mostra: As Boas Maneiras, de Juliana Rojas e Marco Dutra. Depois de ganhar o Troféu Redentor de melhor filme, mais as láureas de fotografia e atriz coadjuvante (Marjorie Estiano) e os prêmios Félix (LGBT) e Fipresci (da crítica), no Festival do Rio, esta história sobre um menino lobisomem chega a São Paulo numa projeção às 21h20 do dia 26, no CineSesc. Ganhou ainda o Grande Prêmio do Júri em Locarno, na Suíça, e uma Menção Honrosa, em Biarritz, na França. Na trama, Clara (Isabel Zuaa) vai trabalhar de babá para uma jovem grávida (Estiano) com quem acaba tendo um tórrido caso de amor. Só que o bebê muda quando a Lua Cheia aparece.

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