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Oscar 2016 | Conheça os indicados a Melhor Fotografia, Montagem e Efeitos Visuais

Vídeo do Youtube serviu de base para a criação da cena do ataque de O Regresso

Omelete
12 min de leitura
24.02.2016, às 20H44.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H46

Oscar se aproxima (veja a lista completa de indicados) e preparamos um especial para conhecer todos os indicados, categoria por categoria, passando agora para Fotografia, Montagem e Efeitos Visuais.

MELHOR FOTOGRAFIA

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Presente desde o início do Oscar, a categoria premia o diretor de fotografia, responsável por comandar as câmeras no set e por tomar decisões técnicas e artísticas em relação a imagem, escolhendo lentes, filtros, iluminação e outros componentes que correspondam a visão do diretor.

Carol

É a segunda indicação de Edward Lachman - a primeira veio por Longe do Paraíso, também dirigido por Todd Haynes. Em Carol, o diretor de fotografia trabalhou com câmeras Super16 para conseguir manter o granulado na conversão para o formato digital e "parecer uma fotografia do passado" (via Variety). As cores do filme foram inspiradas no trabalho de fotojornalistas da metade do século que estavam começando a trabalhar com cores, usando a paleta do filme Ektachrome, que tem um espectro visual menor do que o Kodachrome. Isso permitiu um tom "morno" em um jogo de magentas e verdes, ainda que a ideia fosse buscar um visual mais naturalista. Lachman também explica que buscou enquadramentos que refletissem a situação de opressão vivida pelas personagens, buscando suas imagens em reflexos (restringindo a sua representação) e terminando o movimento de câmera antes que a personagem pudesse deixar o frame (como se estivesse presa na situação). Leia a crítica e assista ao trailer.

Mad Max: Estrada da Fúria

Com cinco indicações ao Oscar, John Seale já foi premiado por seu trabalho em O Paciente Inglês. O diretor de fotografia, que já trabalhara com George Miller em O Óleo de Lorenzo, entrou na produção para substituir Dean Semler, responsável pela franquia desde Mad Max 2. Semler e Miller desenvolviam há anos uma nova câmera 3D para o filme, mas problemas no contraste da imagem obrigaram uma mudança de planos. Quando Seale assumiu o longa, seu desafio foi aprender como trabalhar com câmeras digitais, buscando a melhor qualidade possível para que o material pudesse ser manipulado depois (para tanto, o longa foi rodado em qualidade raw, que tem a totalidade dos dados da imagem tal como captada pelo sensor da câmera e uma maior profundidade de cor). Assim, as condições de luz não era um problema (pois tudo seria equilibrado na pós-produção), mas a equipe ainda precisava de agilidade devido a complexidade das cenas, chegando a usar nove câmeras em um único take. Um grande número de lentes diferentes também foi usado para criar uma aspereza visual e captar todos os detalhes em um ambiente limitado, como o interior de um caminhão. Leia crítica e assista ao trailer do filme.

O Regresso

Indicado oito vezes, Emmanuel Lubezki já levou o prêmio duas vezes (por Gravidade e Birdman). Também conhecido como Chivo, o diretor de fotografia mexicano enfrentou o desafio das locações no Canadá e na Argentina e do tempo limitado de luz para criar um trabalho que fosse "imersivo e visceral". "A ideia de usar luz natural veio pois queríamos que o público sentisse que aquilo estava realmente acontecendo", explica Lubezki (via Variety). A ideia inicial era rodar em película, mas os primeiros testes mostraram que o filme não tinha a sensibilidade necessária, especialmente nas cenas que seriam rodadas no amanhecer e anoitecer. Foram então usadas as câmeras Arri Alexa 65, que têm o maior sensor de imagem em movimento do mercado. "Isso permitiu que pudéssemos trabalhar sem qualquer interferência ou granulado entre o público e o ator. É um pouco como assistir tudo por uma janela; é limpo e não há textura entre você e o personagem". A amplitude do equipamento também permitiu a captura do ambiente, mesmo nas cenas em close-up. Para conseguir os movimentos de câmera, Lubezki conta que eram necessários ensaios para chegar a coreografia definida pelo diretor Alejandro González Iñárritu. Leia a crítica e assista ao trailer do filme.

Sicario: Terra de Ninguém

Essa é a 13ª indicação de Roger Deakins, que nunca levou o prêmio. No seu segundo trabalho com Denis Villeneuve desde Os Supeitos, Deakins precisou trabalhar com cenas aéreas, noturnas e trechos de ação altamente coreografados. Para a cena noturna, o diretor de fotografia conta que não queria repetir o que havia feito em outros trabalhos (como Onde Os Fracos Não Têm Vez e Bravura Indômita) e trouxe a ideia de fazer o trecho pela perspectiva dos oficiais usando óculos de visão noturna. Segundo Deakins, porém, não é apenas uma questão de tecnologia, mas de usar o conceito para não distrair o público "e, para mim, fazer uma falsa luz do luar e rodar uma cena em que você pode ver tudo à noite teria tirado o público da cena". Outro ponto do trabalho de Deakins em Sicario é a construção da tensão, criada ao se manter a cena por mais tempo do que o esperado - "você está vendo e pensando: o que vai acontecer agora?".  Leia a crítica e assista ao trailer do filme.

Os 8 Odiados

Robert Richardson já recebeu nove indicações e levou três prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (por A Invenção de Hugo Cabret, O Aviador e JFK - A Pergunta que Não Quer Calar). Trabalhando com Quentin Tarantino desde Kill Bill, o diretor de fotografia aceitou o desafio de trabalhar com as lentes Ultra Panavision 70, engavetadas desde 1966. Usado em Ben-Hur e Deu a Louca no Mundo, o equipamento permite uma proporção de tela de 2,76:1 (para comparar, a proporção do formato IMAX é de 1,43:1), mas não foi escolhido apenas para captar a grandiosidade das paisagens, sendo usado também nas cenas interiores, o que tornou os close-ups muito mais íntimos, segundo Tarantino. A estratégia serviu ao conceito do filme, tratado em parte como uma peça, captando em um único frame diversos pontos de ação. Amplitude, porém, que dificultou os movimentos de câmera, já que Richardson precisava cuidar constantemente para não sair do cenário - "e Quentin estava fazendo cenas em 360. Não há barreiras para ele. Não impediu a sua criatividade". Leia a críticaassista ao trailer do filme.

MELHOR MONTAGEM

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Parte do Oscar desde 1934, o prêmio de melhor montagem honra os profissionais responsáveis por reunir na pós-produção todo o material captando, selecionando, ajustando e ordenando os planos de um filme para atender os objetivos narrativos e estéticos do diretor.

A Grande Aposta 

É a primeira indicação de Hank Corwin, que também assina A Árvore da Vida e Assassinos por Natureza. Em A Grande Aposta, a montagem é um fator essencial não apenas na construção de uma narrativa complicada, mas no estabelecimento do tom, com cenas explicativas "avulsas" e um narrador que quebra a quarta parede, e da passagem do tempo no filme, usando variadas imagens de arquivo. Com um grande elenco em mãos, Corwin conta que conseguiu usar muitos momentos espontâneos, elogiando as atuações de Christian Bale (totalmente imerso no papel) e Steve Carrell (sempre buscando uma forma de improvisar em cena). A construção do filme também consegue estabelecer a urgência da crise, com o montador usando cortes bruscos para causar mais impacto, criando um ruído, ao invés de observar a cena na terceira pessoa como se fosse algo real - "acredito que seja muito mais impactante, com o público terminando as falas na própria cabeça". Leia a crítica e assista ao trailer do filme.

Mad Max: Estrada da Fúria 

Quando George Miller contratou a esposa Margaret Sixel (com quem trabalhara em Babe - O Porquinho Atrapalhado na Cidade e Happy Feet: O Pinguim) para montar Estrada da Fúria, o objetivo era criar um filme de ação que tivesse rigor, mas também fluidez e elegância. Segundo Sixel, o segredo foi não esquecer dos personagens no meio da ação, humanizando o caos, e não ser seduzida por cenas que eram visualmente interessantes, mas tiravam o ritmo da história. Com muito material em mãos e poucas referências (um roteiro desorganizado e muitos storyboards), a montadora conta que não se prendeu a intenção do que foi filmado, mas na sensação criada pelo material pronto. A sequência final, em que precisou transformar mais de 100 horas filmadas em 18 minutos, foi o maior desafio, conta, sempre buscando deixar claro o que estava acontecendo em meio a ação, resultando em um corte final que tem o ritmo de um filme mudo, sempre em movimento.

O Regresso

É a terceira indicação de Stephen Mirrione, que já foi premiado por Traffic: Ninguém Sai Limpo. Tendo trabalhado com Alejandro González Iñárritu em Birdman, o montador já conhecia as necessidades do diretor, participando ativamente da construção de cenas durante a produção ao editar os ensaios e ajudar a determinar o que funcionava e seria rodado no dia. Esse planejamento criou takes longos e atuações mais impactantes, explica Mirrione, já que todos os profissionais estavam dedicados a fazer aquilo funcionar no set, não esperando que fosse arrumado na pós-produção. Ainda assim, o montador diz que o corte no filme ainda é importante (ao contrário de Birdman) para que o público não entre em um estado de transe e perca o foco da narrativa. Para a famosa cena do ataque do urso, Mirrione conta que tudo foi pensado no realismo, como se fosse um documentário, sem transformar o animal em monstro ou herói. Para tanto, vídeos do YouTube foram usados como referência, planejando o trecho antes e determinando o resultado que seria alcançado na pós-produção, após o trabalho dos dublês e dos efeitos visuais.

Spotlight - Segredos Revelados

É a primeira indicação de Tom McArdle, que é o colaborador oficial do diretor Tom McCarthy. A parceria de longa data criou uma dinâmica especial, em que depois de terminado o primeiro corte, montador e diretor começaram a mostrar o filme em pequenas sessões, tomando notaa das observações do público. No dia seguinte, a dupla se reunia para tentar solucionar problemas de ritmo e clareza da narrativa. Para McArdle, o grande desafio do trabalho foi o tamanho do elenco e das questões sendo abordadas. A solução veio da experiência do montador como documentarista, com seus olhos acostumados a passar por horas de material, refinando constantemente até chegar ao corte final. Leia a crítica e assista ao trailer do filme.

Star Wars: O Despertar da Força

É a primeira indicação para Maryann Brandon e Mary Jo Markey, parceiras de longa data do diretor J.J. Abrams. A dupla começou a trabalhar durante a produção, observando as diárias e discutindo as cenas, para chegar em uma mesma interpretação. Depois o trabalho foi dividido, com cada uma assumindo atos completos do filme, sempre trocando observações como Abrams e com as equipes de efeitos visuais. Markey conta que, apesar de ter uma visão estabelecida, o diretor permitiu que elas interpretassem o filme, dando espaço para a criatividade: "quando você está editando, um pedaço do filme te leva organicamente para o próximo passo - um ator olha para uma certa direção, o momento no fim daquele pedaço que você cortou instintivamente te diz para onde ir. Isso não acontece se alguém determina um plano para você". Leia a crítica assista ao trailer do filme

MELHORES EFEITOS VISUAIS

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Presente desde o início da premiação, ora como troféu honorário, ora como estatueta oficial, a categoria acompanhou o desenvolvimento da tecnologia, premiando os profissionais (com um limite de quatro indicados) que contribuíram na criação e produção dos efeitos visuais de um filme.

Mad Max: Estrada da Fúria

Andrew Jackson (supervisor de efeitos visuais), Tom Wood (supervisor de efeitos visuais), Dan Oliver (supervisor de efeitos visuais) e Andy Williams (supervisor de efeitos visuais) são os profissionais indicados na categoria, todos na sua primeira nomeação. Jackson conta que, apesar da fama do filme por seus efeitos práticos, mais de 2000 cenas receberam efeitos visuais, seja por correção de cor, adição de figurantes e outros elementos, a "remoção" do braço de Furiosa, além de cabos e marcas de pneu de outras cenas, ou criações mais complexas, como a Cidadela e a grande tempestade de areia. Veja alguns dos momentos "retocados":

Perdido em Marte

Richard Stammers (supervisor de efeitos visuais, 3ª indicação), Anders Langlands (supervisor de efeitos visuais, 1ª indicação), Chris Lawrence (supervisor de efeitos visuais, venceu na categoria por Gravidade) e Steven Warner (supervisor de efeitos visuais, 1ª indicação) são os profissionais indicados na categoria. Com apenas 24 semanas para concluir os efeitos do filme, totalizando 1000 cenas com VFX, a tarefa foi dividida entre diferentes empresas para transformar o deserto da Jordância em Marte (MPC), para criar cenas espaciais (Framestore), os cenários da NASA e a visualização da Terra (The Senate), além das equipes que cuidaram dos efeitos no set, preparando simulações e outras ações necessárias. Veja algum dos momentos que receberam efeitos visuais:

Ex Machina

Andrew Whitehurst (supervisor de efeitos visuais, 1ª indicação), Paul Norris (supervisor de composição, 1ª indicação), Mark Williams Ardington (líder de computação gráfica, 1ª indicação), Sara Bennett (supervisora de efeitos visuais, 1ª indicação) são os profissionais indicados na categoria. O desafio do filme foi transformar Ava em uma ciborgue com características humanas verossímeis e, ao mesmo tempo, manter suas qualidades robóticas. Para tanto, foi necessário seguir meticulosamente cada momento da atuação de Alicia Vikander para encaixar perfeitamente a versão criada por computação gráfica do seu corpo. Na criação do visual, Whitehurst conta que a equipe foi proibida de buscar inspirações em robôs, usando como referência peças de fórmula 1 e de bicicletas de alta performance, mas sempre respeitando a anatomia humana. Saiba mais sobre a criação de Ava:

O Regresso

Richard McBride (supervisor de efeitos visuais, 1ª indicação), Matt Shumway (supervisor de animação, 1ª indicação), Jason Smith (supervisor de efeitos visuais, 1ª indicação), Cameron Waldbauer (supervisor de efeitos visuais, 2ª indicação) são os profissionais indicados na categoria. Em um filme focado nas forças da natureza, a equipe da Industrial Light & Magic recebeu a tarefa de criar um ataque de urso de forma quase documental, sem transformar o animal em um monstro. Além de consultas com especialistas, foi usado como base um vídeo do YouTube de um homem sendo atacado por um urso em um zoológico. O ataque inesperado e sem cortes criou a base da coreografia usada no filme, com o dublê puxando Leonardo DiCaprio, de forma que a câmera e o urso estivessem sempre próximos. Com pouco tempo em mãos a equipe usou o trabalho de pelos desenvolvido para Warcraft, mas ainda precisou trabalhar com variáveis como o quão molhado estaria o pelo, como o pelo reagiria à luz e como apareceriam os ferimentos e o sangue do animal. Veja os bastidores do ataque do urso:

Star Wars: O Despertar da Força

Roger Guyett (supervisor de efeitos visuais, 4ª indicação), Pat Tubach (supervisor de efeitos visuais, 2ª indicação), Neal Scanlan (chefe de criação de criaturas, venceu por Babe - O Porquinho Atrapalhado) e Chris Corbould (supervisor de efeitos visuais, venceu por A Origem) são os profissionais indicados na categoria. Apesar de J.J. Abrams ter usado muitos efeitos práticos, incluindo bonecos animatrônicos, os efeitos visuais foram necessários para dar vida a personagens como Maz Kanata, perseguições com a Millennium Falcon, além de complementar batalhas espaciais, sabres de luz e outros momentos. Assim, mesmo sem ser uma vítima da tela verde como os seus prelúdios, 2.100 de 2.500 cenas receberam algum tipo de efeito criado por computação gráfica. Veja alguns desses momentos:

A cerimônia do Oscar 2016 acontecerá em 28 de fevereiro, com apresentação de Chris Rock. Acompanhe a cobertura ao vivo do Omelete, no Youtube, no site e nas nossas redes sociais.

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