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Planeta dos Macacos: A Guerra | Segredos do set

Acompanhamos a gravação da apoteose bíblica da franquia com Andy Serkis

01.08.2017, às 15H15.
Atualizada em 01.08.2017, ÀS 15H39

O que mais impressiona, em um primeiro momento, no set de Planeta dos Macacos: A Guerra são os decibéis da barulheira vindos da floresta. Para o terceiro episódio desde o reboot da franquia há seis anos, o diretor Matt Reeves, que já havia dirigido Planeta dos Macacos: o Confronto (2014) e estará à frente do Batman de Ben Affleck, também assina o roteiro. E, pelo que o Omelete viu e ouviu em uma área de vegetação intocada nos subúrbios de Vancouver, no oeste canadense, as cenas de batalha entre os humanos, agora liderados pelo Coronel, personagem de Woody Harrelson, e os supermacacos comandados por um César bem diferente do que vimos nos dois filmes anteriores, ganharam um tom acima em relação ao filme anterior.

O centro de Guerra é César, mas ele está em um novo estágio de sua jornada. No fim do segundo filme ele lidava com uma crise de proporções gigantescas: havia jurado não matar jamais um membro de sua tribo, mas o faz para proteger os demais”, diz Andy Serkis, o ator que se notabilizou por encarnar personagens virtuais, criados digitalmente a partir de seus movimentos e expressões, emblemáticos do avanço tecnológico de Hollywood, como o Gollum da trilogia O Senhor dos Anéis.

Serkis lembra que o filme anterior termina com a expectativa de um conflito gigantesco entre homens e macacos - “e, sim, isso aqui (aponta à sua volta) já é resultado direto da devastação que ocorreu, com os dois lados sofrendo perdas irreparáveis, importantes, duras”. No set, um esforço de seis meses de trabalhos da equipe técnica para se encontrar o desenho exato imaginado pelo diretor, Reeves filma, em meio a tendas em clareiras mata adentro, sequências de uma batalha militar que serão aproveitadas no que deverá ser, de acordo com os produtores, uma impactante cena inicial.

O que vamos observar é o desespero, dos dois lados, para se sobreviver. César envelheceu, está cansado, seu poder de liderança não parece ser o mesmo, e os bombardeios contra os refúgios dos macacos são intensos. E há um evento de proporções cataclísmicas que pode mudar tudo o que homens e macacos sabem do novo mundo em que vivem”, diz o produtor Dylan Clark.

O tal evento a que se referia Clark, hoje se sabe, é o incremento da força do vírus que parecia condenar à extinção a população humana. Ele acaba interferindo ainda mais na evolução dos macacos, que, com a revelação do personagem de Steve Zahn, um chimpanzé anteriormente desconhecido, foram modificados geneticamente em outras partes do planeta também. Os macacos, aliás, nunca estiveram tão divididos. Alguns dos parceiros de Koba (Toby Kebell), incluindo o temido gorila Red (Ty Olsson), passaram para as fileiras do inimigo e se aliaram aos homens do Coronel.

Uma das principais mudanças do filme é que César, de certa forma, vai ficando mais humano. Há uma evolução clara em seu poder de comunicação, na linguagem. Foi um enorme desafio para mim, porque, veja bem, ele ainda é o César dos filmes anteriores”, diz Serkis, que conclui: “Mas claramente ele deu um salto à frente, percebido em seu poder de sintaxe, uma maior articulação, as palavras que usa. Ele está sim, mais humano, sem ser humano. Estou fazendo sentido? Pois o mais difícil pra mim foi não tornar a interpretação dele ‘mais fácil’ para mim de alguma maneira”.

A enorme transformação de César se dá em meio às incursões lideradas pelo Coronel e seus homens por dentro das florestas de Muir Woods (Reeves diz que fez, aqui, uma discreta homenagem aos humanos com poder telepático decididos a produzir uma bomba nuclear apocalíptica no clássico De Volta ao Planeta dos Macacos, de 1970), recriadas no Canadá. Muitos macacos são feridos ou mortos e César vê sua liderança ser cada vez mais questionada pelos mais jovens.

Os bombardeios dos humanos são cada vez mais constantes, o desejo de vingança na tribo aumenta e César acaba partindo da aldeia para viver uma jornada que é um dos momentos cruciais da história”, diz Serkis.

A tal jornada será até a distante Sierra Nevada, quartel-general do Coronel e de seus seguidores. O percurso é realizado, boa parte, debaixo de uma nevasca. O registo exato da neve só foi possível por conta dos avanços nos efeitos visuais (os atores agora não precisam mais carregar pesadas baterias que limitavam as cenas de ação, elas ficam embutidas em uma mini-mochila). A natureza, conta Clark, é um personagem, por si só, na história. E é nesta longa viagem, com toques de road movie, que César tentará equilibrar seu “lado negro”, seu desejo de vingança, com a conexão com os humanos e os valores mais nobres de nossa espécie, como a ética e a capacidade de viver, ainda que nem sempre, em paz, com o outro, o diferente.

Reeves disse, após as filmagens e já trabalhando na ilha de edição, que este tomo do Planeta dos Macacos tem, não por acaso, um aspecto bíblico, sendo tão Os Dez Mandamentos quanto A Ponte do Rio Kwai e Apocalipse Now. Outras referências claras são o cinema de David Lean e os faroestes clássicos. Pense grande, maior, foque em expansão de horizontes, e no registro inicial em película de 65 milímetros, transformada em 3D digital apenas a posteriori.

Durante a expedição de César e de seus companheiros - os amigos Maurice (Karin Konoval), Rocket (Terry Notary) e Luca (Michael Adamthwaite) formam uma espécie de “sociedade do anel” da mitologia Planeta dos Macacos - um dos segredos centrais da história, a identidade do Coronel, será revelada em meio ao desenrolar do conflito de proporções épicas. Ela será, deixam escapar os produtores, importante para o presente e o futuro da franquia. No set, ainda não se sabia, e foi mantida guardada a sete chaves, a importância de Nova (Amiah Miller), uma menina cujo resgate pelos macacos no meio da campanha de guerra os fará refletir sobre a importância da inocência e da continuidade da vida.

“Esta é uma travessia bem sombria para César, mas que no fim vai trazê-lo de volta ao convívio com a tribo, e completamente mudado. Ele será um outro tipo de líder, e mais não conto”, diz Serkis, antes de voltar para as filmagens, roupa de lycra grudada no corpo, capacete com uma câmera em tubo para registrar cada um de seus movimentos e sons, que fazem com que o ator pareça estar trajando uma estranhíssima roupa de mergulhador em uma festa à fantasia imaginária.

Planeta dos Macacos: A Guerra estreia em 3 de agosto.

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