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Projeto Cinema no Rio São Francisco movimenta populações ribeirinhas de Minas Gerais

Premiado O Último Cine Drive-In foi uma das atrações

05.09.2016, às 12H12.

Laureado com 13 prêmios internacionais, inclusive o de melhor filme nos Festivais do Texas e de Punta Del Este, O Último Cine Drive-In integra um pacote de atrações que, desde o dia 25 de agosto, anda correndo o Brasil pelas margens do chamado “Rio da Integração Nacional”, ou apenas Velho Chico, levando cinema brasileiro contemporâneo para cidades que há anos não sabem o que é ter uma sala de exibição.

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Centrada nas imediações mineiras de um dos maiores patrimônios fluviais da América Latina, o evento, chamado Projeto Cinema no Rio São Francisco, finalizou neste domingo, em Pirapora (MG), a sua 11ª edição, 2016 contabilizando um público recorde para projeções itinerantes: quase 25 mil espectadores. E todos conferiram curtas e longas-metragens nacionais, como a comédia O Bem Amado, de Guel Arraes, ou o faroeste caboclo A Luneta do Tempo, de Alceu Valença, a custo zero. Um perímetro estimado de 500 km das Gerais foi coberto pelo festival, que usa uma tela inflável instalada nas praças.

Buscamos filmes brasileiros que tenham relação mais próxima com a realidade dos ribeirinhos e temos, há anos, uma resposta muito boa, com interesse do povo pelo nosso cinema”, diz Inácio Ribeiro Neves, idealizador e coordenador do projeto, que começou em 2004 promovendo não apenas sessões de filmes, mas também oficinas para diferentes gerações de cinéfilos. “Só a presença de uma equipe de cinema numa cidade pequena já altera a relação desse local com a cultura. Estamos diante de um público de olhar virgem, que não tem intimidade com a projeção de filmes. Uma vez, na cidade de São João das Missões, enquanto a gente estava preparando uma exibição, apareceu um casal muito curioso em relação ao que estávamos fazendo, e a mulher colocava a mão na direção do facho de luz que saía do projetor como se tentasse agarrá-lo”.

Neste sábado, a cidade de Ibiaí, a nona de uma rota iniciada em Manga, na divisa com a Bahia, sediou o Cinema no Rio São Francisco, com direito a um desenho animado: Calango Lengo, de Fernando Miller. Para chegar ao local, localizado a cerca de duas horas da cidade de Montes Claros, a produção encarou uma estrada de chão batido carregando todo o material de exibição e até drones para a produção de documentários em relação à dinâmica. Em edições anteriores, o percurso era feito em balsa. Mas, por conta na baixa das águas do Velho Chico, a navegação deixou de ser uma opção, fazendo a aventura ocorrer por solo mesmo, regado a quilos de poeira vermelha.

Em 1976, quando eu tinha 17 anos, desci o São Francisco pela primeira vez, num barco a vapor, de Pirapora, em MG, até Sobradinho, na Bahia, e me encantei com aquela paisagem”, lembra Inácio. “Voltar aqui com cinema ano após ano é uma emoção.”

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