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Soundtrack | Selton Mello e Seu Jorge vão ao Ártico com diretores de Tarantino’s Mind

Filme também conta com Ralph Ineson, de A Bruxa e Game of Thrones, no elenco

09.06.2016, às 15H58.
Atualizada em 09.06.2016, ÀS 16H10

Queixos de produtores, técnicos e fotógrafos batem sob uma temperatura em torno de 8 graus que faz justiça ao cenário glacial onde Selton Mello e Seu Jorge ajudam a dar vida a um drama existencial, com toque de humor, ambientado na imensidão gelada do Ártico, em filmagem até o início da próxima semana. Se a temperatura não parece tão baixa quanto se espera de um dos pontos mais frios do planeta é porque o projeto de longa-metragem em questão – chamado Soundtrack – não é rodado lá e sim numa réplica (perfeita, aliás) das estações de pesquisa no gelo, instalada no Polo do Audiovisual, no bairro carioca de Jacarepaguá, cujo chão ficou branco sob três toneladas de neve sintética, feita de celuloide. Vemos três gigantescas instalações, feitas nos moldes dos contêineres que os institutos científicos constroem em terrenos inóspitos, em cujo interior foram construídos laboratórios e dormitórios. Tudo fruto de uma pesquisa in loco no próprio Ártico e da consultoria da Marinha Brasileira. 

Divulgação/ Mariana Vianna

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A direção, igualmente enigmática, foi confiada ao coletivo 300 ML, grife responsável pelo curta-metragem Tarantino’s Mind (2006), que, há dez anos, botou Selton e Seu Jorge falando sobre a obra do realizador de Pulp Fiction (1994). Agora, os dois se reúnem de novo, dividindo cenas com Ralph Inesonator inglês conhecido aqui como o protagonista do filme de terror A Bruxa, um sucesso mundial de bilheteria e crítica.

Olhando este cenário que reproduz o Ártico em estúdio, parece até Dogville, do Lars von Trier, mas é um filme com uma linguagem muito original, diferente de tudo o que eu tenho feito, com uma aura de enigma ao retratar um debate entre arte e ciência”, diz Selton, encasacado para resistir ao frio, escalado pelo 300 ML para viver o artista plástico Cris, um autor de ensaios fotográficos (em padrão self) disposto a conseguir material para uma nova exposição ao desbravar a vida no Ártico. “É difícil encontrar um gênero que define essa experiência que é drama, tem um quê de esquisito, mas é divertido, e onde se fala em inglês (menos nas cenas dele com Seu Jorge). É uma história sobre solidão, mas também uma história sobre amizade”.

Produzido por Julio Uchôa da Ananã (empresa que contabilizou 3,5 milhões de ingressos vendidos pela franquia SOS – Mulheres ao Mar) ao custo de R$ 8 milhões, Soundtrack escala Seu Jorge como o botânico Cão, um dos cientistas que estranham a presença de um artista como Cris. “Ele é um alguém que busca, ali naquela estação, pequenas soluções para grandes problemas do mundo, com a sensação de que pode morrer sem ver a sua pesquisa concluída”, diz Seu Jorge, que comemorou seu aniversário de 46 anos em meio às filmagens, na quarta-feira, dia em que os produtores abriram o set para o Omelete. “Isso aqui reproduz uma área internacional para a qual o mundo deve estar atento”.

Divulgação/ Mariana Vianna

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Além de atuar e de compor músicas para a trilha sonora, Seu Jorge entrou junto com Selton também na produção de Soundtrack, que conta com o apoio também do multiartista visual Oskar Metsavaht, famoso por sua luta em prol da preservação da Natureza e da Sustentabilidade, que vai empregar seu talento plástico nas preparação das fotos feitas por Cris. Tudo corre em muito segredo já no set como forma de alimentar a aura de originalidade do filme, que, com clara vocação para uma carreira no mercado estrangeiro, consumiu cinco anos de trabalho e perseverança para sair do papel com o máximo de realismo.

Fui surpreendido pela qualidade técnica do cinema brasileiro. Sendo inglês, venho de uma cinema que, tal qual o dos EUA, é reconhecido mundialmente por sua excelência técnica. Mas vi algo igualmente sofisticado aqui, num trabalho que me exigia muito fisicamente. Filmamos num ambiente que parecia uma estação espacial”, define Ineson, que, antes de A Bruxa, emprestou seu vozeirão tonitruante para Game of Thrones no papel de Dagmer Cleftjaw. “Estou aprendendo muito aqui com Selton e Seu Jorge. Se de um lado Seu Jorge sabe usar sua musicalidade para dar um outro ritmo a seus diálogos, do outro, Selton sabe usar a quietude e o silêncio como ferramentas preciosas”.

Previsto para ser finalizado até o fim do segundo semestre e tentar a sorte nos festivais internacionais de janeiro e fevereiro, Soundtrack conta com imagens captadas na neve da Islândia para dar mais veracidade à sua representação do frio. Acabadas as filmagens, inicia-se um intenso trabalho de pós-produção, para imprimir a devida força ao vento, à nevasca e todas as intempéries que tornam ainda mais árdua a luta em prol da sobrevivência dos personagens.

Não é uma abordagem documental da vida nas estações de pesquisa é, sim, uma ficção sobre relações humanas, na qual um artista muda a vida de cientistas e a ciência muda a vida de um artista”, explica o 300 ML, que vão incluir cenas em um navio da Marinha. “Queremos reproduzir na tela, para o espectador, o choque que é estar nesse mundo, preocupados com o silêncio, com os tempos de ação”.     

 

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Confira os destaques desta última semana

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