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Crítica

O Nascimento de uma Nação | Crítica

O outro lado da História, 100 anos depois

10.09.2016, às 13H53.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Não fosse sua inegável importância para a linguagem do cinema, o clássico O Nascimento de uma Nação (The Birth of a Nation, 1915), de D.W. Griffith, já teria sido excomungado pela vergonhosa e racista retratação dos negros no filme, o uso de "black face" (atores brancos pintados como negros) e a exaltação da Klu Klux Klan. Nada mais justo então que o lado tão dolorosamente retratado possa contar sua própria história e também deixar uma marca no cinema, usando o mesmo título, 100 anos depois.

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Longa-metragem de estreia como diretor do ator Nate Parker, O Nascimento de uma Nação (The Birth of a Nation, 2016) relata a história quase esquecida de Nat Turner, um escravo negro que liderou uma insurreição em 1831.

Nascido na Virginia, Nat (Parker) cresceu tendo sonhos de profeta. Mas não foi nas religiões tribais de seus ancestrais que encontrou a fé, e sim no cristianismo de seus captores. Quando criança, o inteligente Nat é descoberto lendo - e entregam a ele seu primeiro e único livro, a Biblia. Na vida adulta, ele se torna um pastor escravo, dotado de notável poder de oratória. Seu mestre (Armie Hammer) então começa a alugá-lo para outros donos de plantação como uma tática para apaziguar os ânimos dos escravos.

O que o até então protegido Nat vê nessas viagens, porém, desperta nele um desejo de luta... O eloquente pastor escravo começa a liderar seu povo.

Uma história verídica inspirou este O Nascimento de uma Nação, que traz à mente tanto dramas afro-americanos como Amistad e 12 Anos de Escravidão, como também épicos históricos a la Spartacus, com escravos erguendo-se contra seus algozes. Assim, é perfeita a apropriação de Parker desse título, realizando através da lembrança desse momento tão espinhoso quase que uma correção histórica.

O diretor estreante, que também escreveu o roteiro, extrai excelentes atuações do elenco de apoio, mas é ele quem segura o filme com emoção aflorada. No entanto, sua direção é um tanto dura, desprovida de sutilezas, tamanha é a vontade da lembrança. E já vimos cenas de violência feita para chocar, em ambientes parecidíssimos, inúmeras vezes nos últimos anos. Parker tem momentos de brilhantismo na direção (a cena dos enforcados é linda, assim como a fotografia noturna), mas no geral é tudo um tanto burocrático. A batalha final é um oportunidade especialmente perdida, deixando passar a qualidade climática que merecia.

O Nascimento de uma Nação, portanto, deixará sua marca pela importante história narrada e lembrada. Mas só por isso.

Nota do Crítico
Bom
O Nascimento de uma Nação
The Birth Of A Nation
O Nascimento de uma Nação
The Birth Of A Nation

Ano: 2016

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 115 min

Onde assistir:
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