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Crítica

A Bela e a Fera | Crítica

Uma fábula maquiada por computação gráfica

06.10.2014, às 16H27.
Atualizada em 20.04.2020, ÀS 11H01

Como narrar de forma diferente uma história que já foi contada mais de uma vez nas telonas? O diretor Cristophe Gans (Terror em Silent Hill, O Pacto dos Lobos) e a equipe de A Bela e a Fera foram buscar a resposta em Hollywood, tão afeita a refilmagens e remakes. A produção é franco-alemã, mas é impossível não notar características comuns aos blockbusters americanos na nova versão da clássica fábula escrita por Jeanne-Marie Leprince de Beaumont, que estreou no Festival de Berlim em fevereiro.

A história você provavelmente já conhece: um comerciante viúvo (André Dussollier) perde toda sua fortuna e é obrigado a se mudar para o campo com os seis filhos - entre eles, a modesta Bela (Léa Seydoux). Ao tentar recuperar o dinheiro, ele se perde em meio a uma tempestade e acaba em um majestoso castelo, onde ele consegue a riqueza perdida, mas é condenado à morte pelo dono do local, a Fera (Vincent Cassel, escondido entre CG e modulação de voz), por roubar uma rosa. Ao saber o que aconteceu, Bela toma o lugar do pai, mas, em vez de morrer, é obrigada a viver no castelo, com duas condições: ela não pode deixar o local, e deve jantar com a Fera todos os dias.

A versão de Gans busca ares épicos para a fábula: vários momentos são contados com ares de grandiosidade - tudo auxiliado por largas doses de computação gráfica. Na maior parte do tempo, o uso do CG é acertado, principalmente para transmitir a sensação de grandeza e mistério do castelo mágico que serve de cenário em boa parte do filme. Mas, em alguns momentos, o exagero incomoda - que o digam as esquisitas criaturas de olhos grandes, similares a cachorros, que fazem companhia a Bela em seu exílio.

Outro aspecto do longa influenciado por Hollywood é o roteiro. Embora não esconda ser um conto de fada (a trama, inclusive, é narrada por uma mulher que está colocando os filhos para dormir), o filme não infantiliza seus personagens. O sumiço da riqueza da família faz as relações entre eles desmoronarem, trazendo à tona vários lados questionáveis da personalidade de cada um deles: o pai de Bela não tem vergonha de roubar o castelo da Fera e se empanturrar de sua comida, o filho mais velho se envolve com criminosos, e as irmãs mais velhas de Bela não escondem o desprezo pelo estlo simples da protagonista - e a inveja que sentem ao vê-la retornar com vestidos belíssimos.

Mesmo com todo o jeito de superprodução, o filme tenta se diferenciar dos blockbusters convencionais nos sonhos em que Bela descobre o passado da Fera (também alterado em relação ao conto original), sempre por meio de um espelho d'água em cenários lisérgicos que, aliado ao figurino, faz o espectador se sentir em um comercial de perfume. No final, o que prevalece é mesmo o visual de encher os olhos.

A Bela e a Fera | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom
A Bela e a Fera (2014)
La Belle et la Bête
A Bela e a Fera (2014)
La Belle et la Bête

Ano: 2014

País: França

Classificação: 12 anos

Duração: 112 min

Onde assistir:
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