Hollywood pode ser muito impiedosa às vezes quando cria seus character actors - atores marcados por determinados perfis de personagens. Bradley Cooper, por exemplo, é enxergado como um potencial galã que ainda não conseguiu estourar sozinho na bilheteria (só dividindo espaço com outros protagonistas em Se Beber, Não Case!), e ele acaba marcado por isso.
as palavras
as palavras
As Palavras (The Words) é mais um filme que coloca Cooper no papel de um talento frustrado. Se em Sem Limites (2011) ele fazia um aspirante a escritor que alcança fama e fortuna quando recorre a uma nova droga, que expande o potencial do cérebro, agora ele faz outro aspirante a escritor, também cheio de promessas e sonhos, mas que só conquista o mundo quando recorre ao plágio.
As Palavras é basicamente uma versão de Sem Limites sem senso de humor, o que fica evidente no começo, com a trilha sonora angustiada de Marcelo Zarvos já plenamente estabelecida, sem perder tempo, no melhor estilo Philip Glass. Rory (Cooper) não quer decepcionar a namorada (Zoe Saldana), urge em honrar a dívida que acumula com as mesadas do pai (J.K. Simmons)... Quando Rory acha um romance datilografado sem dono, dentro de uma bolsa velha, parece que a única alternativa é mesmo assumir a autoria da obra-prima e pensar nas consequências depois.
Além da música ininterrupta, os roteiristas e diretores Brian Klugman e Lee Sternthal tomam vários desvios e estufam o discurso para dar a seu filme - que no fundo é só um conto moral sobre conviver com os atos que cometemos - uma cara de romance-de-fôlego, como aquele que Rory tanto sonha escrever. O filme lembraria um pouco Meia-Noite em Paris na sua metalinguagem e nos seus passeios no tempo pela Europa, se sua estrutura grandiloquente de boneca russa não tivesse tanto a ver com As Horas - que foi musicado por Glass, a propósito.
Há uma prepotência implícita nesses títulos "definitos", as horas, as palavras... Obras com nomes assim pretendem dar conta de todo um universo - uma ambição legítima; não se fazem grandes filmes com modestas intenções -, mas a queda pode ser proporcional à altura. As Palavras tem um ótimo elenco (Cooper fica pequeno do lado de Jeremy Irons, o que acaba combinando com a história) a serviço de uma lição sem meios termos, como se para fazer Arte fosse preciso antes carregar cadáveres na guerra ou passar anos cultivando flores.
As Palavras | Omelete entrevista Bradley Cooper e o diretor Brian Klugman
As Palavras | Cinemas e horários
Ano: 2012
País: EUA
Classificação: 12 anos
Duração: 96 min
Direção: Brian Klugman, Lee Sternthal
Elenco: Bradley Cooper, Zoe Saldana, Jeremy Irons, Dennis Quaid, Olivia Wilde, J.K. Simmons, John Hannah, Željko Ivanek, Ben Barnes, Michael McKean, Nora Arnezeder, Ron Rifkin, Gianpaolo Venuta, Liz Stauber, Keeva Lynk