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As Sufragistas | Crítica

Entre registro histórico e drama, longa sobre luta por direito ao voto instiga o desejo de mudança

22.12.2015, às 10H29.

As Sufragistas (Sufragette) pode contar uma história que se passou há mais de cem anos, mas sua carga de urgência e necessidade de mudança é completamente atual. Em uma época na qual igualdade de salários, representatividade e respeito figuram entre os principais objetos de luta das mulheres - que, frequentemente, costumam ser taxadas de “exageradas” pelos preconceituosos de plantão -, este longa vem para mostrar que, há pouco tempo (ao menos numa perspectiva histórica), esta mesma luta era voltada ao direito ao voto.

O longa faz um recorte de uma das campanhas do movimento sufragista, encampado por mulheres da Inglaterra e dos Estados Unidos para garantir o sufrágio (direito ao voto em eleições políticas). Cansadas de protestar pacificamente e ouvir não dos homens que lideram o país, as mulheres partem para a desobediência civil, sendo brutalmente reprimidas pela polícia.

Para contar esta história, Sufragistas fica no meio termo entre o registro histórico e o drama pessoal. O roteiro de Abi Morgan segue o caminho padrão de apresentar a causa e os conflitos a um personagem inteiramente alheio a eles. No início, a protagonista Maud Watts (Carrie Mulligan, em excelente atuação), uma jovem operária preocupada apenas com o bem estar do filho e do marido (que trabalha menos horas no mesmo local e ganha mais), não quer confusão.

Não demora muito o destino puxar Mulligan (e o telespectador) para o meio do conflito, junto a outras mulheres (dentre as quais está Helena Bonham Carter, também excelente). Mas o roteiro e a ótima direção de Sarah Gavron o fazem de uma ótima forma, pois despertam, ao mesmo tempo, a revolta na protagonista e no espectador diante da injustiça e da violência contra a mulher, tanto física quanto moral.

As Sufragistas renega o tom exageradamente emocional dos filmes de luta por direitos hollywoodianos e mostra tudo com uma sobriedade assustadora e poderosa. O preço para lutar pelo sufrágio universal, como Maud descobre bem cedo, é ser assediada, espancada, encarcerada e, ainda por cima, ser vista como uma pária na família, por deixar de exercer o esperado papel de “boa mãe e boa esposa”.

Embora o lado pessoal da luta de Maud e das sufragistas seja forte e necessário, ele atrapalha um pouco o lado de “registro histórico”, pois faz a protagonista e o espectador ficarem sempre à margem dos principais eventos e personagens do movimento sufragista: Emmeline Pankhurst, uma das fundadoras do movimento e mentora intelectual de todas as personagens, é perseguida pela polícia e mal aparece em cena (talvez, para dar a possibilidade de Meryl Streep participar do filme sem comprometer muito a agenda).

Ainda que fique no meio termo entre o documentário e o drama, As Sufragistas acerta em cheio ao instigar, acima de tudo, o incômodo no telespectador em frente à injustiça contra as mulheres e ao mostrar que, apesar de todas as conquistas, que a luta ainda continua.

 

Nota do Crítico
Ótimo
As sufragistas
Suffragette
As sufragistas
Suffragette

Ano: 2014

País: Reino Unido

Duração: 106 min

Direção: Sarah Gavron

Roteiro: Abi Morgan

Elenco: Carey Mulligan, Helena Bonham Carter, Meryl Streep, Ben Whishaw, Brendan Gleeson, Romola Garai, Anne-Marie Duff, Samuel West, Geoff Bell, Natalie Press, Adrian Schiller, Amanda Lawrence, Adam Michael Dodd, Grace Stotter, Lorraine Stanley

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