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Crítica

Crítica: Enquanto o Sol Não Vem

Terceiro filme de Agnès Jaoui reafirma sua vocação para rir das neuroses francesas

16.07.2009, às 15H00.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 17H05

Desde que o seu primeiro longa-metragem, O Gostos dos Outros (2000), foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o nome da diretora Agnès Jaoui virou grife mundial. Enquanto o Sol Não Vem (Parlez-moi de la Pluie, 2008) é apenas seu terceiro filme, mas tem marcas inconfundíveis do estilo da francesa.

Como acontece também em seu segundo longa, Como uma Imagem, temos de três a quatro personagens competindo por espaço, cada um protagonizando sua subtrama. Desta vez são Agathe (a própria Jaoui), uma política aspirante que represa a vida pessoal em nome da profissional, Karim (Jamel Debbouze), filho de imigrantes que quer trocar o trabalho num hotel pela vida de cineasta, e Michel (Jean-Pierre Bacri, marido de Jaoui e roteirista de seus filmes), jornalista que passa por aflições pós-divórcio.

enquanto o sol não vem

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Os caminhos se cruzam quando Michel convence Karim a fazer um filme sobre mulheres bem-sucedidas - e ambos vão atrás de Agathe, que cresceu tendo a mãe de Karim como empregada da família. Logo de início, o choque étnico, incontornável na França atual, se impõe: Enquanto o Sol Não Vêm fala do que sobrou do feminismo hoje em dia, mas como uma pessoa como a mãe de Karim pode usufruir dessas conquistas se mal tem seus direitos de franco-argelina reconhecidos?

Sempre há uma pertinente discussão social por trás dos filmes da diretora, mas parte de seu sucesso junto ao público se deve à maneira leve como ela escolhe discutir. É como se não levasse tão a sério a gravidade com que alguns personagens se inflamam: o agricultor que reclama do governo, por exemplo, nunca deixa de ser um tipo cômico, assim como, em menor medida, a irmã da política. A música entra nessas horas como senha: a trilha sonora invariavelmente acompanha os trechos de humor físico depois de uma cena de embate ideológico-filosófico.

A cena em que o grilo para de fazer barulho porque os documentaristas começam a filmar é emblemática dessa vocação para rir do excesso de seriedade. Francês por definição - ou pelo menos o cinema do país ensina assim - é um tipo dialético, e Jaoui sabe bem amolecer as neuroses existencialistas de seus compatriotas. Enquanto o Sol Não Vem funciona, portanto, tanto para quem se interessa pelos dramas humanos mais universais quanto para quem acha que discutir o sentido da vida no meio da refeição é coisa de maluco.

Saiba onde o filme está passando

Nota do Crítico
Ótimo
Enquanto o Sol Não Vem
Parlez-moi de la Pluie
Enquanto o Sol Não Vem
Parlez-moi de la Pluie

Ano: 2008

País: França

Classificação: 12 anos

Duração: 110 min

Onde assistir:
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