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Crítica

Desculpe o Transtorno | Crítica

Embalagem jovem, conteúdo velho

16.09.2016, às 15H09.

O humor brasileiro dos anos 2000 estava velho e cansado até que a antiga MTV e o YouTube rejuvenesceram o gênero com novas ideias e talentos. Vieram Comédia MTV e Porta dos Fundos, entre outros, para mostrar que nem todas piadas precisavam ser baseadas em estereótipos. Havia espaço para um pouco de ousadia, anarquia e crítica social na busca por risadas. Nesse sentido, Desculpe o Transtorno, comédia estrelada por três nomes dessa nova safra de humoristas, representa um retrocesso.

A presença de Gregório Duvivier, Clarice Falcão e Dani Calabresa no filme de Tomás Portella dá ao longa uma aura cool que nunca se concretiza. Na história do homem dividido entre duas personalidades, a paulistana (Eduardo) e a carioca (Duca), são os clichês que constroem a narrativa, culminando em uma comédia romântica padronizada e infantil.

Com uma fotografia acinzentada, São Paulo é a selva de pedra, viciada em trabalho, presa na rotina e na “gourmetização”. Já o Rio de Janeiro é a terra da liberdade, da natureza, da realização pessoal e das cores quentes e vivas. Descrição que vale para as cidades e para os interesses amorosos de Eduardo /Duca. Viviane (Calabresa) é a bitolada paulistana, obcecada por aulas zumba, tratamentos estéticos, redes sociais e casamento, enquanto Bárbara (Falcão) é o espírito livre, inteligente e apaixonante.

Em uma trama cuja base é uma dicotomia desgastada e limitada, sem qualquer atrativo para o resto do Brasil, o interessante seria ver o humor nascer em torno das generalizações da rivalidade entre Rio e São Paulo, não da sua reprodução exaustiva. Há lampejos de consciência e boas atuações que mostram o potencial desperdiçado. Não adianta, contudo, bater em teclas desgastadas e depois incluir referências à cultura pop e uma trilha sonora moderninha. A embalagem é jovem, mas o conteúdo é velho e dispensável.

A intenção até podia ser fazer uma comédia romântica inofensiva, cuja realização é mais sentimental do que cinematográfica, mas falta ritmo e sinceridade para tanto (por mais que a vida pessoal de Gregório Duvivier e Clarice Falcão seja tema de debate nos jornais de nas redes sociais). Ironicamente, na soma das suas partes, o próprio filme acaba sendo o transtorno pelo qual se desculpa no título.

Nota do Crítico
Regular
Desculpe o Transtorno
Desculpe o Transtorno
Desculpe o Transtorno
Desculpe o Transtorno

Ano: 2015

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 80 min

Direção: Tomas Portella

Elenco: Gregório Duvivier, Clarice Falcão, Dani Calabresa, Marcos Caruso

Onde assistir:
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