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Feliz Natal | Crítica

Feliz Natal

30.11.2006, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H21

Feliz Natal
Joyeux Noël, 2006 - França /
Alemanha / Inglaterra / Romênia
Drama - 116 min.

Direção e roteiro: Christian Carion

Elenco: Diane Kruger, Benno Fürmann, Guillaume Canet, Dany Boon, Gary Lewis, Daniel Brühl, Alex Ferns, Steven Robertson, Lucas Belvaux, Bernard Le Coq, Ian Richardson, Christopher Fulford, Robin Laing, Joachim Bissmeier

Quando anunciou que faria um filme sobre a batalha da ilha de Iwo Jiwa entre estadunidenses e japoneses, uma das mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial, Clint Eastwood escutou protestos. Os japoneses não queriam ser retratados como os vilões. Eastwood decidiu então fazer dois longas, um sob o ponto de vista dos EUA e outro da perspectiva do Japão.

A questão é: não seria possível encaixar os dois lados em um único filme?

Claro que seria - mas não sem antes quebrar uma longa tradição de maniqueísmo no gênero. Ainda mais quando se fala no Holocausto, o cinema não comporta visões humanistas do Eixo (não importa se milhares de japoneses morreram em nome da lealdade ao imperador; estavam todos do lado do Nazismo, é a lógica consolidada). No mundo da ficção é difícil entender que há guerras sem mocinhos e bandidos, são todos perdedores.

Acontece, por exemplo, como na Primeira Guerra, de estar tudo mundo do lado errado.

Quando a guerra acabar

É o que conta Feliz Natal (Joyeux Noël, 2005), do francês Christian Carion. Retomando outra tradição, desta vez benéfica, que remonta a A Grande Ilusão, clássico de 1937 de Jean Renoir, Carion coloca acima de bandeiras e slogans as pessoas de carne-e-osso que foram arrastadas ao conflito, muitas vezes sem saber por que ou por quem estavam lutando.

Tem raízes no imperialismo territorial e na corrida armamentista do final do século 19 e início do 20 a disputa que colocou de um lado a Tríplice Entente (britânicos, franceses e russos) e do outro a Tríplice Aliança (Império Alemão, Austro-Húngaro e Turco-Otomano). A síntese do conflito - e de toda essa era do eurocentrismo - era disputa de território. Quem está certo numa situação como essa?

Renoir trabalhou o tema brilhantemente, na esfera do indivíduo, mostrando que havia mais em comum entre dois aristocratas de lados opostos, um francês e um alemão, do que entre dois compatriotas de camadas sociais distintas. Outra pergunta: que noção de rivalidade, ou mesmo de nação, há quando se guerreia com pessoas tão próximas, em distância e em afinidades?

Carion adapta o mote ao espírito natalino. O filme se baseia em história verídica. Em dezembro de 1914 a guerra acabava de ser declarada, quando agrupamentos de franceses, escoceses e alemães se enfrentam no front do norte da França. Encontram-se alguns tipos que, evidentemente, não pediram para estar ali - um padre escocês (Gary Lewis, o pai de Billy Elliot), um ator alemão (Benno Fürmann), um francês (Guillaume Canet) com saudades da esposa. Na véspera do Natal, o impensável.

Cada país na sua trincheira, negociam um cessar-fogo. Logo o momento vira confraternização - soldados inimigos se apresentam, trocam garrafas, mostram fotos das suas famílias, jogam futebol. Do lado dos alemães, o oficial responsável (papel de Daniel Brühl, de Adeus, Lênin), inicialmente desconfortável, acaba descobrindo que conhece a rua em Paris onde mora o seu correlato francês. Combinam de se encontrar quando a guerra acabar.

O diálogo entre os dois é emblemático - quando a guerra acabar - e sintetiza a idéia do conflito como um evento alheio à vida dos envolvidos. A quem interessa então, se não aos combatentes, o pegar-em-armas? Feliz Natal é um filme bastante açucarado (a cantora de ópera vivida por Diane Kruger, que embala o coro da meia-noite, é personagem dispensável), mas esboça uma resposta a essa difícil pergunta - quando os oficiais são confrontados por seus superiores a explicar o cessar-fogo do Natal. De novo, seja em 1914, em 1945 ou em 2006, a quem interessa a guerra?

Nota do Crítico
Bom
Feliz Natal (2008)
Feliz Natal
Feliz Natal (2008)
Feliz Natal

Ano: 2008

País: Brasil

Classificação: 14 anos

Duração: 100 min

Direção: Selton Mello

Elenco: Leonardo Medeiros, Darlene Glória, Paulo Guarnieri, Lúcio Mauro, Graziella Moretto

Onde assistir:
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