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Crítica

Horas de Desespero | Crítica

Suspense de ação tira proveito de seu status de filme B e se aproxima do terror de sobrevivência mais atmosférico

08.10.2015, às 09H31.

Nada é mais comum, nos suspenses de ação hollywoodianos que envolvem perigos no terceiro mundo, do que a volta do velho caubói a serviço de reimpor os valores americanos nesses lugares que não foram abençoados pela democracia. Não é exatamente o caso de Horas de Desespero (No Escape, 2015), porém.

John Erick Dowdle dirige o longa com base no roteiro que escreveu ao lado de seu irmão, Drew Dowdle, e o histórico de filmes de terror da dupla, como Assim na Terra como no Inferno e Quarentena, já indica que Horas de Desespero talvez tome rumo distinto de thrillers similares. E aos poucos o espectador percebe que, embora o filme inevitavelmente termine com as lições de sempre (como o perigo que serve para refazer relações estremecidas), o caminho reserva algumas surpresas mais próximas do terror de sobrevivência do que do suspense de ação revanchista.

A trama segue o engenheiro americano Jack Dwyer (Owen Wilson), que perdeu o emprego no Texas e se muda com a mulher (Lake Bell) e suas duas filhas para o sudeste da Ásia, e lá é pego de surpresa por um levante violento. Que a milícia rebelde esteja planejando se vingar justamente da empresa de saneamento americana para a qual o engenheiro trabalha, e a foto de Jack esteja nas mãos do cachorro louco que lidera o bando, é um desses pequenos prazeres sádicos que só os filmes B podem proporcionar.

Outra vantagem dos filmes B de baixo orçamento (Horas de Desespero faz milagre com apenas US$ 5 milhões) é a liberdade de fazer escolhas "impopulares". Uma delas é a caracterização do personagem de Pierce Brosnan, o obrigatório oficial de forças especiais que serve para abrir caminho no caos, mas que aqui se desenha mais como um tipo amaldiçoado por seu ofício do que simplesmente como o homem da destreza de matar. Outra é a trilha de Marco Beltrami, que, em sintonia com o espírito do filme, escolhe uma música mais soturna e menos triunfante para embalar a história.

Uma terceira escolha, decorrente do orçamento limitado, é a opção por uma fotografia mais escura e atmosférica à medida em que Horas de Desespero vai aos poucos se aproximando de um filme de terror, sem ser de fato. A contribuição aqui do diretor de fotografia Léo Hinstin, que já havia trabalhado como operador de câmera para cineastas de renome como Hou Hsiao-hsien e Olivier Assayas, não é pequena, embora possa passar despercebida. Ele ajuda os irmãos Dowdle a fazer um filme que tira o melhor do seu obviamente limitado projeto, sem grandes pretensões.

Nota do Crítico
Bom

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