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Crítica

Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo | Crítica

<i>Mestre dos mares - O lado mais distante do mundo</i>

29.01.2004, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 13H15

Mestre dos mares
Master & commander: the far side of the world

EUA, 2003 - 138 min.
Drama/Guerra

Direção: Peter Weir
Roteiro: Patrick OBrian (livro), Peter Weir & John Collee

Elenco: Russell Crowe, Paul Bettany, James DArcy, Edward Woodall, Chris Larkin, Max Pirkis, Jack Randall, Max Benitz, Lee Ingleby, Richard Pates, Robert Pugh, Richard McCabe, Ian Mercer, Tony Dolan, David Threlfall, Billy Boyd, Bryan Dick

Na cerimônia de entrega do Globo de ouro, que aconteceu no último domingo, o ator inglês Ricky Gervais estava completamente perdido ao receber o prêmio de melhor programa de comédia, pelo hilário The Office. Gervais, que acabou também levando para casa o prêmio de melhor ator cômico na TV, disse em sua primeira subida ao palco: Eu não pertenço a este mundo... Sou de um pequeno lugar chamado Inglaterra. Nós costumávamos governar o mundo antes de vocês.

Uma parte desta época em que os súditos da Rainha dominavam a Terra, e principalmente os sete mares, é mostrada em Mestre dos mares - O lado mais distante do mundo (Master and commander - The far side of the world), de Peter Weir. Baseado em uma série de livros do escritor Patrick OBrian, a história tem pitadas da História, como quando o fictício Capitão Jack Aubrey (Russel Crowe) fala de sua experiência ao lado do famoso (e verdadeiro) comandante Nelson, que mesmo antes de liderar os ingleses na batalha que derrotou Napoleão, em Trafalgar, já era era um líder carismático e reconhecido.

Nestes dias de domínio britânico, Aubrey segue os passos, ou melhor, os ventos de Nelson. A bordo do seu HMS Suprise, nenhum marujo ousa questioná-lo. O mesmo não se pode dizer do médico e naturalista Stephen Maturin (Paul Bettany), amigo pessoal de Aubrey e com quem faz dupla de cordas (violino e violoncelo) nos poucos momentos de descanso. A missão do navio inglês em alto-mar é deter a embarcação francesa Acheron, que os deixou em frangalhos num primeiro encontro.

Esta batalha, que acontece logo no início do filme, é uma das mais emocionantes já filmadas e é dela que nasce a obstinação de Jack em perseguir o navio francês, visivelmente superior ao seu, até o Oceano Pacífico. No caminho, há até uma parada para abastecer em portos brasileiros, onde é vista a única mulher de todo o filme, uma bela mulata de sorriso largo.

Aprendendo com os erros dos outros

Mesmo com um orçamento de 135 milhões de dólares (metade do que foi gasto para fazer toda a trilogia O Senhor dos Anéis), o diretor Peter Weir resolveu diminuir ao máximo os riscos de atrasos e outras fatalidades durante a filmagem. Para tanto, estudou os erros e acertos de longa-metragens marinhos como Waterworld - O segredo das águas (Waterworld, de Kevin Reynolds, 1995), Mar em fúria (Perfect Storm, de Wolfgang Petersen, de 2000) e Titanic (de James Cameron, 1997). Aliás, a maior parte das gravações aconteceu no mesmo tanque em que Cameron filmou a história de amor mais vista do mundo.

Mas mesmo com tanta precaução, os imprevistos surgiram e, meio que em cima da hora, a produção teve que contratar a Industrial Light & Magic para ajudar nos efeitos especiais. Esta operação salva-a-pátria da empresa de George Lucas é chamada de 911, em alusão ao telefone que os americanos têm de ligar em caso de emergências. O contratado para chefiar esta delegação foi Stefen Fangmeier, homem de confiança de Steven Spielberg, e que tem em seu currículo O Exterminador do Futuro II, Jurassic Park, Twister e o já citado Mar em fúria. Sua presença garante a excelência técnica de Mestre dos Mares, que conta com tempestades, nevascas e batalhas em alto-mar regadas a tiros de canhão, e muita destruição.

Quem também está excelente é o ator Russel Crowe, que faz seu melhor papel desde O Gladiador (The Gladiator, de Ridley Scott, 2000) e por isso até merecia a figurar na lista de indicado ao Oscar de Melhor Ator. Houve injustiça também com Paul Bettanny, com quem Crowe reedita a parceria de Uma mente brilhante (A beautiful mind, de Ron Howard, 2001). O ator inglês, que antes de encarnar o cirurgião Maturin participou de Dogville (de Lars Von Trier, 2003), vive o melhor momento de sua carreira e merecia estar pelo menos na lista de atores coadjuvantes.

Seu papel é também o mais ponderado e humanista de toda a fita. Assim como ele, a maioria das pessoas que vai ao cinema não faz a menor idéia do que os comandantes e seus comandados esbravejam ao regurgitar tantos termos técnicos quanto um episódio de E.R. - Plantão Médico. Não é à toa que é dele também o questionamento sobre a batalha entre Jack e seu contraparte francês, duas pessoas que se admitem inimigos sem jamais sequer terem visto o rosto um do outro. Para o doutor, é mais fascinante poder descobrir novas espécies de animais e plantas na Patagônia do que empunhar uma espada.

E em meio a tantos filme patrióticos que vêm sendo feitos nos últimos anos, Mestre dos Mares, acaba se tornando apenas mais um. Muitíssimo bem feito, verdade. Mas não a ponto de navegar para o topo das listas de melhores filmes de todos os tempos.

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