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Crítica

Muita Calma Nessa Hora 2 | Crítica

Comédia chapa-branca faz declaração de amor ao "novo" Rio de Janeiro

17.10.2014, às 14H20.

O cinema brasileiro não é conhecido por trabalhar com os merchandisings mais sutis. Em Muita Calma Nessa Hora 2, nos diálogos e nas imagens, o espectador é lembrado o tempo todo dos patrocinadores, como se os logotipos nos créditos iniciais já não bastassem. Fast food e redes de hotéis à parte, porém, o principal product placement do filme é consideravelmente mais engenhoso: o produto Rio de Janeiro.

muita calma nessa hora

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A trama se passa três anos depois da comédia de 2010 e deixa um pouco de lado o clima de amor de verão. Depois da viagem para Búzios, agora Mari (Gianne Albertoni), Tita (Andréia Horta), Aninha (Fernanda Souza) e Estrella (Débora Lamm) se reencontram no Rio de Janeiro, onde Mari produz um festival de música. Durante os dois dias do evento, muitos desencontros, uma subtrama policial e muitas participações especiais, de nomes como Marcelo D2 e Jota Quest.

Em entrevistas, o produtor Augusto Casé diz que o filme é uma declaração de amor à cidade, e isso fica claro no excesso de planos aéreos e em cenas rodadas em cartões-postais como a Pedra Bonita. A promoção que Muita Calma Nessa Hora 2 faz do Rio de Janeiro vai além dessa constatação mais superficial, porém. É o novo Rio, dos slogans de reurbanização, o Rio da Olimpíada, da eficiência e da mudança, que está impresso nas cenas com os obreiros do festival de música, na correria dos personagens, no mantra do "vamos fazer acontecer".

Em meio a tantos filmes nacionais recentes que espelham o crescimento do país com suas chanchadas movidas pelo alpinismo econômico e pelo elogio do profissionalismo, o longa do diretor Felipe Joffily não é exceção a nada. A particularidade de Muita Calma Nessa Hora 2 é tratar o carioca, no epicentro da indústria de cinema do país, como cérebro e coração do avanço, enquanto o dinheiro velho (o "rei do camarote" paulistano) e o dinheiro novo (o sertanejo universitário que "come caviar no café, no almoço e no jantar se quiser") são ridicularizados, respectivamente, nos personagens de Marcelo Adnet e Bruno Mazzeo.

O retrato do carioca no filme também passa pelo humor, mas é bem mais "complexo". Ele é o artista que tem os seus caprichos mas é sincero (na paródia de Marcelo Camelo feito pelo ator Rafael Infante). Ele é o pequeno empresário que vai com sede demais ao pote, mas não por ganância e sim "excesso de vontade" (o dono da pousada chorão). E ele é o produtor implacável mas puxado na malandragem (o dono do festival, que também se chama Casé, diz que tudo tem que ser fino "para poder passar na Globo", coprodutora do filme).

Essa autoironia, presente na fala do produtor e em outros momentos do filme, é pensada para desarmar a vocação que Muita Calma Nessa Hora 2 tem para o mais completo chapabranquismo. Ela funciona de um jeito interessante em algumas cenas (como quando o filme satiriza uma canção do Jota Quest e mais tarde a banda aparece no palco, legitimada), mas no fim é mesmo a crença na propaganda institucional do Rio de Janeiro como o país do futuro que está em cena. Como diz Estrella, sempre com sua samambaia no braço, "o dinheiro está na terra".

Muita Calma Nessa Hora 2 | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Regular
Muita Calma Nessa Hora 2
Muita Calma Nessa Hora 2
Muita Calma Nessa Hora 2
Muita Calma Nessa Hora 2

Ano: 2013

País: Brasil

Classificação: 12 anos

Duração: 90 min

Direção: Felipe Joffily

Elenco: Andréia Horta, Fernanda Souza, Gianne Albertoni, Débora Lamm

Onde assistir:
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