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Não é Você, Sou Eu | Crítica

Não é Você, Sou Eu

23.03.2006, às 00H00.

Não é Você, Sou Eu
No Sos Vos, Soy Yo, 2004
Espanha/Argentina
Comédia - 105 min.

Direção: Juan Taratuto
Roteiro: Cecilia Dopazo, Juan Taratuto

Elenco: Diego Peretti, Soledad Villamil, Cecilia Dopazo, Hernán Jiménez, Marcos Mundstock, Luis Brandoni, Ricardo Merkin, Rolly Serrano

Uma indústria cinematográfica não se mede só pelas obras-primas revolucionárias. A Argentina tem Lucrecia Martel, Daniel Burman, Pablo Trapero, mas eles são exceções. É pela média que se calcula o teor da produção de um país - e nossos vizinhos mostram mais uma vez, agora com Não é você, sou eu (No sos vos, soy yo, 2004), que aprenderam direitinho a reciclar fórmulas e descarregá-las nas salas aos montes, enlatadas (a isso também se dá o nome de mercado).

Não há no filme de Juan Taratuto uma única idéia que não tenha sido trabalhada a contento em outras comédias românticas do mundo todo. Mudam-se os cenários e o elenco, fica a receita. A começar pelo título - segundo consta, quem inventou essa desculpa esfarrapada para terminar relacionamentos amorosos foi George Costanza, o amigo baixinho e careca do Seinfeld. Mas deixa para lá, vamos à sinopse.

O cirurgião Javier (Diego Peretti) acaba de se casar com María (Soledad Villamil), seu amor bonaerense de longa data. Eles correm com a papelada do matrimônio porque pretendem deixar a Argentina, estão de mudança para Miami. María vai na frente, sentir terreno. Quando chega a sua vez, Javier devolve a casa alugada, vende o carro, pede demissão, empacota tudo. Mas a caminho do aeroporto recebe um telefonema da esposa - ela quer um tempo para pensar. "Não é você, sou eu", diz, aflita.

Não demora para Javier descobrir que foi sumariamente corneado. O pior é que permanece apaixonado por María - desempregado, sem casa, sem carro, e apaixonado. Ele começa, então, a tentar entender o que fez de errado. Sim, porque esse papo de "não é você, sou eu", na verdade, quer dizer "olha, você não serve porque eu mereço coisa melhor". Onde será que Javier falhou?

Encarar o filme de Taratuto como mais um reflexo da crise econômica e social dos anos 2000 no país é outra maneira de catalogá-lo. No caso, a senha que legitima essa interpretação está dada no começo - inúmeros cidadãos de Buenos Aires deixaram o país em busca de oportunidades fora do país depois de dezembro de 2001. E a exemplo de filmes como Conversando com mamãe, Roma - Um nome de mulher e Clube da lua (só para citar películas portenhas exibidas no Brasil recentemente), a viagem de autoconhecimento ajuda a expurgar psicodramas recentes. Para entender o que se passa ao redor, nada como entender a si mesmo.

Para quem ainda não viu nenhum dos filmes citados, Não é você, sou eu pode muito bem pintar como novidade. Mas se você quer passar logo ao filé argentino, A menina santa e Família rodante, de Martel e Trapero, respectivamente, estão para sair em DVD. São exames muito mais acurados dos mistérios da alma e das emoções escamoteadas em pequenos gestos.

Nota do Crítico
Bom
Não é Você, Sou Eu
No sos vos, soy yo
Não é Você, Sou Eu
No sos vos, soy yo

Ano: 2004

País: Espanha/Argentina

Classificação: 14 anos

Duração: 105 min

Direção: Juan Taratuto

Elenco: Diego Peretti, Soledad Villamil

Onde assistir:
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