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Crítica

Olhos da Justiça | Crítica

Remake só olha para o próprio umbigo e esquece de trazer novidades

10.12.2015, às 14H16.

O festejado e laureado longa-metragem argentino O Segredo de Seus Olhos (El Secreto de Sus Ojos, 2009) é a mais nova vítima da hollywoodização. Ganhador do Oscar de Melhor Filme estrangeiro em 2010, o filme dirigido por Juan José Campanella e protagonizado pelo onipresente Ricardo Darín mostrava um trabalhador do poder público que, ao se aposentar, resolve mergulhar no caso que nunca conseguiu solucionar. 

O tema principal era a obsessão de uma pessoa, a sua inquietação frente a um crime que o marcou sua carreira e cuja cicatriz ainda dói. Na sua estrelada versão estadunidense, o contexto político argentino é trocado pelos ataques terroristas de 11 de Setembro. Porém, as torres tombadas do World Trade Center fazem uma sombra desnecessária sobre o caso policial de uma jovem assassinada no centro de Los Angeles. 

Apesar do esforço sem fim de Chiwetel Ejiofor e Julia Roberts, ambos bem em seus papéis, não há a chamada química entre o resto do elenco. O relacionamento platônico que o detetive Raymond "Ray” Kasten (Ejiofor) mantém com Claire Sloan (Nicole Kidman) não tem faíscas para fazer palha alguma pegar fogo. Michael Kelly está exageradamente folgado e Alfred Molina apenas cumpre tabela. 

Como adaptação feita com maior orçamento (2 milhões de euros no original, contra estimados 20 milhões de dólares na versão americana) e a facilidade dos norte-americanos para criar cenas grandiosas usando computação gráfica, era de se esperar que ao menos a supercomentada cena do estádio de futebol fosse superada. Mas aqui, ambientada em uma partida de beisebol do LA Dodgers, o que se vê é apenas uma cópia dos enquadramentos sem o mesmo charme de um pulsante estádio argentino. 

É curioso notar que o diretor Billy Ray já foi visto como roteirista promissor, indicado ao Spirit Awards (prêmio dedicado ao cinema independente) por O Preço de uma Verdade (Shatered Glass, 2003) e ao Oscar (por Capitão Phillips, 2013), além dos roteiros de Jogos Vorazes e Intrigas de Estado. Porém, o que se vê aqui é um roteiro que não acrescenta nada ao original e tenta chamar atenção apenas pelo seu tema pós-11 de Setembro e elenco, que acaba sendo mal utilizado. 

Nota do Crítico
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