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Crítica

Precisamos Falar Sobre o Kevin | Crítica

Lynne Ramsay faz uma adaptação afetada do contido livro de Lionel Shriver, mas o elenco se salva

26.01.2012, às 21H26.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H34

- Eles eram fãs de Marilyn Mason.

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- É verdade que foram jogar boliche antes de entrar na escola e metralhar todo mundo?

- Ah, ouvi dizer que eles se inspiraram em uma cena de Matrix...

Na semana que se seguiu ao que ficou conhecido como o Massacre de Columbine, diálogos como esses dominavam as rodinhas de café nos escritórios e as escadarias nos intervalos dos colégios. Todo mundo queria entender melhor quem eram Dylan Klebold e Eric Harris, os garotos de 17 e 18 anos que se suicidaram depois de matar 12 colegas e um professor em sua escola, no Colorado, em 1999. E as mesmas perguntas sobre bandas preferidas, jeito de vestir e sites mais acessados foram respondidas pela imprensa a cada novo episódio de assassinato em massa em colégios e universidades. Mas e os pais dos assassinos? Alguém se perguntou sobre eles?

A escritora Lionel Shriver, sim. Para escrever Precisamos Falar sobre o Kevin, em 2007, ela estudou dezenas de casos. E usou essas histórias para criar a de Eva, uma mulher de 40 e poucos anos que reexamina a sua trajetória em busca dos motivos que podem ter transformado seu filho, Kevin, num assassino. Em longas e detalhadas cartas ao pai do menino, ela analisa o próprio casamento, o impacto da maternidade sobre sua antiga vida e momentos significativos da infância de Kevin. Seu relato é escandalosamente sincero, pontuado por confissões como a de um dia ter parado no meio da rua, diante das britadeiras de uma construção, e fechado os olhos de prazer ao notar que as máquinas encobriam o som do choro incessante de seu bebê, recém-nascido.

Não por acaso, o episódio foi escolhido pela diretora Lynne Ramsay para apresentar os personagens em sua adaptação do livro para o cinema. A cena sintetiza a essência de Eva (Tilda Swinton, excepcional) - uma mãe dividida entre o desejo de liberdade e a exigência auto-imposta de ser uma mãe feliz e perfeita - e deixa clara a preferência de Ramsay pelos trechos mais pungentes do livro. A princípio, não há nada de errado com isso. Os problemas do filme começam quando a diretora decide "perfumar a flor", adicionando drama ao que já era, por si só, dramático. Em muitas situações, essa condução com mão pesada resulta apenas em afetação desnecessária, como nos momentos em que um alvo colorido é refletido nas pupilas de Kevin. Em outras, beira o mau gosto. É o caso do close na lichia que Kevin descasca e come quando os pais contam que a irmã pequena vai precisar de um olho de vidro.

A escolha certeira dos atores evita que o filme descambe para o dramalhão. O ótimo John C. Reilly prova ser a escolha perfeita para viver o permissivo pai de Kevin. Ezra Muller (que encarna o Kevin adolescente) compensa os excessos do roteiro adaptado com uma atuação contida, como pede o tom do texto original. E Swinton merecia ganhar muitos prêmios pelo papel. Ela consegue expressar a dificuldade que Eva tem de estabelecer um vínculo com o próprio filho e, ao mesmo tempo, fazer com que o espectador não a considere um monstro desalmado. Seus esforços são cativantes. E sem um só segundo de overacting.

Precisamos Falar Sobre o Kevin | Trailer legendado
Precisamos Falar Sobre o Kevin | Cinemas e horários

Nota do Crítico
Bom
Precisamos Falar Sobre o Kevin
We Need to Talk About Kevin
Precisamos Falar Sobre o Kevin
We Need to Talk About Kevin

Ano: 2011

País: Inglaterra, EUA

Classificação: 16 anos

Duração: 112 min

Direção: Lynne Ramsay

Elenco: John C. Reilly, Tilda Swinton, Ezra Miller, Siobhan Fallon

Onde assistir:
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