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Tudo por Dinheiro | Crítica

Tudo por dinheiro

27.04.2006, às 00H00.
Atualizada em 01.11.2016, ÀS 23H01

Tudo por dinheiro
Two for the Money
EUA, 122 min
Drama

Direção: D.J. Caruso
Roteiro: Dan Gilroy

Elenco: Al Pacino, Matthew McConaughey, Rene Russo, Armand Assante, Jeremy Piven, Kevin Chapman, Ralph Garman, Gedde Watanabe, Carly Pope, Charles Carroll, Gerard Plunkett

É contra a lei nos Estados Unidos apostar em resultados de jogos de beisebol, basquete, futebol americano... Mas é legal oferecer consultoria a quem estiver "interessado" em antever placares esportivos - em outras palavras, dizer aos apostadores em quem jogar não é crime. Walter Abrams (Al Pacino), ex-viciado em jogatina, conseguiu se remediar (e ainda fazer muito dinheiro) ao abrir uma dessas firmas de aconselhamento. Hoje em dia lucra com a obsessão dos outros.

A certa altura de Tudo por dinheiro (Two for the money, 2005), Walter leva seu novo protegido, Brandon Lang (Matthew McConaughey), a uma espécie de Alcoólatras Anônimos dos apostadores. Nesse lugar, homens e mulheres choram a tragédia de apostarem e perderem todos os seus rendimentos, suas propriedades, suas famílias. Quando um fulano se diz "doente" de jogar, Walter pede a palavra: "Você não tem uma doença, você é a própria doença. Você não joga para ganhar, mas para perder. Por mais que vença um dia, você apostará tudo no dia seguinte sabendo que sairá arruinado. É o fracasso que nos preenche".

O caráter psicológico e social da aposta, sua tradução em imagens de catarse e decepção, de hipnose coletiva diante de uma televisão transmitindo um jogo decisivo, do silêncio quando se anuncia o resultado negativo, é o que há de mais interessante no filme do mediano diretor D.J. Caruso (Roubando vidas). Interessante porque Pacino, fazendo o que melhor sabe, a entrega física a uma montanha-russa emocional que vai da calmaria ao histrionismo em um segundo, incorpora um personagem emblemático desse paradoxo: joga para vencer sabendo que inconscientemente procura a derrota.

Mas há Brandon Lang, o verdadeiro protagonista. Ex-atleta de futebol americano, o jovem interiorano tinha um futuro promissor no esporte. Mas depois que uma contusão encerrou prematuramente sua carreira, só lhe restou arrumar um trabalho alternativo à sua paixão. Conhecedor das entranhas do jogo, Brandon se torna um fornecedor de dicas quentíssimas, que vende por telefone de sua casinha, dividida com a família humilde. Não demoraria para ele ser achado por um tipo ganancioso da cidade grande como Walter. Brandon se torna não apenas seu protegido como um tipo de filho, um herdeiro.

Não é preciso ser um futurólogo para imaginar o conto moralista em que tudo isso desembocará. Com suas previsões certeiras, Brandon aprende a fazer fortuna em Nova York. Primeiro vêm as garotas, depois os carrões, etc. Com ele, enriquecem os apostadores que lhe escutam, desde o pobre imigrante ao magnata internacional. Mas a corrupção da "alma pura" do ex-atleta uma hora cobra um preço, evidentemente. A temporada da NFL está quase no fim, os valores estão subindo, a ganância também... E aposta é um negócio imprevisível, você sabe.

No fim Tudo por dinheiro, esse filme com nome de gincana dominical, acaba virando uma disputa entre duas imagens opostas. De um lado, a figura assoberbada de Walter, em close-ups que pegam Pacino, como já se disse, virtuose no máximo, flertando eternamente com o erro. Do outro, ao contrário, a síntese da vitória: o charme e o físico de McConaughey (tem uma cena de sexo em que o peito dele parece maior que o da atriz...), do garotão do interior cheio de boas intenções mas que precisa sofrer essa liçãozinha de moral para crescer como indivíduo.

Walter é humano (exagerado às vezes, mas humano). Brandon é clichê. O filme de Caruso é infinitamente melhor quando enfoca o primeiro.

Nota do Crítico
Bom
Tudo por Dinheiro
Two for the Money
Tudo por Dinheiro
Two for the Money

Ano: 2005

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 122 min

Direção: D.J. Caruso

Roteiro: Dan Gilroy

Elenco: Al Pacino, Matthew McConaughey, Rene Russo, Armand Assante, Jeremy Piven, Jaime King, Kevin Chapman, Gedde Watanabe, Carly Pope, Charles Carroll, Ralph Garman, Chrislyn Austin, Craig Veroni, Gerard Plunkett, Stephen Dimopoulos, Denise Galik, Steve Makaj, Gary Hudson, Jeremy Guilbaut, James Kirk

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