Completamente alheio a todas as tendências, todos os interesses da indústria que não os seus, Terrence Malick dá o passo definitivo na direção oposta do que se entende por cinemão americano hoje.
Seus filmes sempre foram descompromissados com a máquina de emitir ingressos, claro. Mas nos últimos anos, desde seu retorno aos holofotes, Malick tem ficado mais e mais interessado no registro quase que sensorial de imagens. Parte de filmes como Árvore da Vida, por exemplo, era composta quase que exclusivamente de poéticas sequências sobre a existência.
Voyage of Time, seu novo longa, se despe da necessidade, talvez inconveniente aos olhos dele, de uma estrutura ficcional e embarca definitivamente em um documentário pirante sobre evolução e natureza. Na criação de uma obra de arte sobre ser e se tornar.
Não que uma estrutura narrativa esteja ausente... Há a narração cadenciada de Cate Blanchett, dando o tom da montagem lírica, que funde imagens absolutamente estonteantes geradas a partir de diversas técnicas. Ora há filme granulado, das ruas de uma cidade qualquer na Índia; ora explosões de magma em cristalino IMAX, ora sequências espaciais de tirar o fôlego geradas em computação gráfica e o que parecem ser efeitos químicos (lembrando o clássico 2001).
Em Voyage of Time, Malick vai do nascimento das estrelas ao primeiros passos da humanidade em 90 minutos. Faz nos sentirmos pequenos... mas o faz de maneira colossal.
Ano: 2016
País: EUA, França, Alemanha