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Cultura Pop no Brasil | Ingrid Guimarães e Fábio Assunção em love story autoral

E ainda: cineclube de horror, novidades da Flupp e remake à mexicana

02.07.2016, às 20H04.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 09H05

Apoiado no carisma do casal formado por Ingrid Guimarães e Fábio Assunção, o cineasta José Eduardo Belmonte, do sucesso Alemão (2014), junta a maior estrela da comédia nacional e um dos maiores galãs do Brasil em um road movie amoroso: Entre Idas e Vindas, com estreia marcada para 21 de julho. Assunção ainda contracena no longa com seu filho, João Assunção. Na trama, pai e filho conseguem carona em um ônibus recheado de beldades, todas operadoras de telemarketing, e vai se apaixonar por uma delas. Na entrevista a seguir, Belmonte fala sobre esse flerte com a doçura.

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Você hoje é dono de uma das carreiras mais prolíficas do cinema nacional, com respaldo de crítica. Que lugar Entre Idas e Vindas ocupa nessa sua trajetória?

José Eduardo Belmonte: Tem duas frases do Scorsese que ouvi bem no inicio da vida profissional que me nortearam. A primeira era: "Dificil não é fazer um filme, mas construir uma carreira". O que me remeteu a outra frase dele: "Ser cineasta é um equilíbrio de uma dose de inconsequência com uma dose de pragmatismo". Então resolvi tentar construir minha história por uma sequência de filmes feitos na raça, com um sentido de urgência e de visceralidade que me parecia a única opção naquela época. Iniciei com curtas indies de humor cáustico. Fui pra os primeiros longas-metragens num esquema de guerrilha: eram filmes catárticos, que foram uma busca de me entender como pessoa e cineasta. Após tê-los filmado, chamei de Tetralogia da Crise. Já meus últimos longas foram experimentos com meu estilo, na tentativa de dialogar com um público maior. Entre Idas e Vindas é um final de ciclo para o ínicio de outro.

É claro que pretendo continuar buscando filmes que dialoguem com público maior. Vou, por exemplo, rodar Alemão 2. Mas rodei Entre Idas... dois anos atrás e, após isso, comecei a trabalhar para televisão. Fiz séries para TV como O Hipnotizador e SuperMax. Amadureci bastante e entendo muito mais coisas que pra mim eram apenas uma dedução sobre como sou, sobre cinema, sobre como buscar um público... Entre Idas... foi, ao mesmo tempo, meu filme menos pretensioso e foi o mais difícil de fazer. E com certeza, foi aquele com que mais aprendi. Foi o que mais mudou minha cabeça. Minha meta com ele é que as pessoas se sintam felizes e abram aquele pequeno sorriso ao final. E pensem sobre o perdão. Tenham vontade de, ao final da sessão, ligar para alguém que está brigado ou não se fala mais.

O que esse desafio de aliar suas atrizes-fetiche (Rosane Mulholland e Caroline Abras) a astros com prestígio global representou como desafio?

Belmonte: Sempre tive problema com esse termo: atrizes-fetiche. Tenho problemas porque parece que há uma certa dependência emocional. Soa como se o uso de certas pessoas atribuísse à obra alguns poderes ocultos. Isso não confere em nenhuma das hipóteses. Carol e Rosanne são duas amigas minhas. Eram as atrizes ideais pra o personagem. Quando você vai jogar com um grupo você quer conhecer pessoas novas. Mas é importante também ter pessoas que te conheçam pro time jogar entrosado. É então pra mim algo simples conciliar parceiros e pessoas com quem nunca trabalhei e com perfis distintos.

Billi Pig (2012) aproximou você do humor, filão que você volta a espreitar neste seu novo filme, ainda que numa interseção com o drama. O que se pode dizer sobre o lado cômico e o lado trágico de Entre Idas e Vindas?

Belmonte: Billi Pig foi a minha tentativa de fazer uma comédia popular brasileira atual, ainda que dialogasse com a chanchada. Nesse filme agora, tenho uma atriz icônica desse cinema de humor - a Ingrid Guimarães - mas em outra vibe. Entre Idas e Vindas é um agradecimento a dois tipos de filmes que foram seminais pra minha formação: as comédias italianas de Dino Risi e Mario Monicelli, que misturavam em si o lado trágico e o lado cômico da vida, e os filmes de viagem. Uma viagem é uma condensação da vida: você fica alegre, entediado, triste, abre-se, perde a paciência, faz amizades, perde outras, mas, ao final, você agradece por ter feito aquilo.

Como foi a experiência de dirigir um astro do porte do Fábio Assunção neste projeto ao lado do filho dele?

Belmonte: Como pai, em um filme que me foi sugerido pelo meu filho quando ele tinha quatro anos, posso dizer que fiquei emocionado ao ver a relação do Fabio e do seu filho. Muito amor envolvido entre os dois. Foi uma honra ter filmado isso. Fabio e João têm um carinho muito bonito de pai e filho. O que me interessava durante a filmagem foi mais o pai do que o astro.

Como ficou Aurora, seu primeiro longa-metragem de terror, já rodado, e quais serão seus próximos projetos?

Belmonte: Estamos terminando Aurora e estou gostando bastante do resultado. Agora, no segundo semestre, rodo pra TV Globo a série Carcereiros, idealizada pelo Pedro Bial, escrita por Marçal Aquino e Fernando Bonassi e com produção da Gullane Filmes. Após isso, eu faço Alemão 2. Ainda tenho um filme transnacional que é um thriller rodado em Detroit chamado Almost Desert, e Irmãos, um filme pessoal com a Natalia Lage que mistura o universo evangélico com o das artes em uma região de bastante tensão social no Distrito Federal.

Neochanchada à mexicana

Maior sucesso de bilheteria do México no mercado americano, a dramédia Não se Aceitam Devoluções, dirigida e estrelada por Eugenio Derbez, vai ser refilmada no Brasil, e Alexandre Nero é o nome mais cotado para o papel central. O protagonista é um pai solteiro que cuida sozinho da filha até que um dia a mãe desta regressa e clama pelo direito de guarda da garota.

Ação Entre Amigos

Ocupado neste momento com a finalização de um documentário sobre o ator Antonio Pitanga, o diretor Beto Brant se prepara para retomar sua parceria - na ficção - com o escritor Marçal Aquino no longa Como Se o Mundo Fosse Um Bom Lugar, uma trama policialesca centrada em São Paulo. Os dois fizeram juntos cults como Os Matadores (1997), Ação entre Amigos (1998) e O Invasor (2001), entre outros. Marçal trabalha neste momento também no roteiro de Tungstênio, longa de Heitor Dhalia (O Cheiro do Ralo) baseado na HQ de Marcelo Quintanilha.

O horror, o horror

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Começa nesta terça-feira, dia 5, no Rio de Janeiro, na Cinelândia, o projeto InterZona Cineclube, que faz da fantasia e do horror sua bandeira, tendo o Cine Odeon, na Cinelândia, como sede. O primeiro título a ser projetado foi a sensação pop da última Mostra de Tiradentes: O Diabo Mora Aqui (foto acima), de Dante Vescio e Rodrigo Gasparini. Uma figura chamada Mestre das Abelhas e um defunto saído da terra sedento de morte garantem tensão a este terror pingando sangue sobre o destino de dois casais jovens em um casarão colonial.

Chamada a Cobrar

Ganhador do Teddy (maior prêmio LGBT do cinema) no Festival de Berlim de 2008 com , o diretor Felipe Sholl finaliza agora seu primeiro longa-metragem, Fala Comigo. Na trama, o jovem Diogo (Tom Karabachian) se masturba ouvindo por telefone os desabafos das pacientes de sua mãe, a analista Clarice (Denise Fraga). Mas uma das analisandas, Ângela (vivida por Karine Telles, de Que Horas Ela Volta?), recém-abandonada pelo marido, descobre a perversão do rapaz e acaba se envolvendo com ele sexual e afetivamente.

Palavras de Inclusão

Organizada pelos escritores Julio Ludemir e Écio Salles, a Festa Literária das Periferias (Flupp), reduto de celebração da inclusão na literatura nacional, chega este ano à sua quinta edição celebrando a memória do escrito gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996), autor de Morangos Mofados e considerado um mito LGBT no país. O evento, itinerante na cidade do Rio de Janeiro, vai ocorrer na Cidade de Deus, de 8 a 13 de novembro. Já está confirmada a presença de um convidado estrangeiro de peso: Patrick Chamoiseau, cronista da vida na Martinica, famoso por livros como Texaco.

CURTA ESSA

Já estão no ar, no YouTube, a nova remessa de curtíssimos integrantes do projeto de webdramaturgia Canal Mosaico, pilotado por Denise Sganzerla, tendo como foco o esforço de explorar cartilhas de gênero em tramas de até cinco minutos. Mão Armada, com Flávio Bauraqui, é uma delas. Algumas das produções se alinham com terror (como Almas Cadentes), com comédia (Errei) ou com aventura (caso de Dom, com o veterano Pietro Mario). O site para mais infos: http://www.dsganzerla.com.br

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