WiFi Ralph: Quebrando a Internet

Créditos da imagem: Disney/Divulgação

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Crítica

WiFi Ralph: Quebrando a Internet

Continuação tem grandes momentos, mas se perde no próprio discurso

Omelete
3 min de leitura
07.01.2019, às 20H16.
Atualizada em 08.01.2019, ÀS 09H41

Detona Ralph faz parte da nova Disney. Como Frozen, Zootopia e Moana, a animação prioriza o diálogo com clichês do estúdio - a princesa, o amor à primeira vista, o vilão unidimensional, as criaturas fofas e os animais antropomórficos - enquanto mantém a “magia” que é marca da casa. No seu primeiro filme, Ralph e o mundo dos games serviram de metáfora para explorar como a “programação”, de um um jogo ou da sociedade, pode ser limitadora e frustrante. Agora, em WiFi Ralph: Quebrando a Internet, os diretores Phil Johnston e Rich Moore usam o universo online para falar de velhos comportamentos e relações tóxicas.

Em busca de um volante para consertar o jogo de Vanellope, Ralph e a princesa corredora expandem seus horizontes, deixando de lado as referências a games para tornar concretos conceitos como motores de busca, leilões online, spams, pop-ups, memes, entre outros. Nesse cenário, a animação passa a analisar a relação de Ralph e Vanellope e as relações digitais como um todo, da viralização de vídeos, fotos e piadas aos haters nas redes sociais.

Enquanto é bem-sucedida em captar esses hábitos de consumo de conteúdo, incluindo a procrastinação que leva ao compartilhamento de memes e a testes de personalidade inúteis durante o expediente, a animação perde a mão na amizade dos seus protagonistas. De um lado, Vanellope cresce e tem encontros memoráveis com princesas da Disney e corredoras lendárias, no outro, Ralph é apenas chato. É uma dinâmica criada para levar a grande lição do longa - amar é diferente de controlar -, mas que prejudica o ritmo da narrativa. Aos poucos ele se torna descartável, constantemente interrompendo o aprendizado de Vanellope.

Ainda que seja interessante e necessária, a discussão pretendida pelo filme se sobrepõe à jornada dos personagens e a trama se torna muitas vezes maçante. Ralph volta a ser vilão, de certa forma, pela necessidade da "moral da história", o que além de tirar o peso do arco do personagem no primeiro longa, não colabora para o seu crescimento nesse. Sim, ele aprende uma lição, mas se tivesse ficado offline provavelmente teria continuado na mesma.

Já Vanellope se transforma. A personagem questiona, com leveza e bom humor, velhos estigmas entre personagens femininos e masculinos nos filmes do estúdio, no sentido de quem precisa ser cuidada/resgatada. Pelas conversas com Shank dentro do seu jogo de corrida, ou na festa do pijama com as princesas da Disney, Vanellope se torna a verdadeira protagonista, que deveria ter o nome no título, sendo atrapalhada por um interlocutor abusivo que não quer que ela siga em frente. 

Assim, da mesma forma que os animadores engenhosamente transformam sites e aplicativos em ambientes e personagens, Ralph se torna a personificação de um velho público, que se sente abandonado pela evolução de certos conceitos - como o das princesas que não precisam ser salvas. É, como dito antes, um debate relevante, mas feito em detrimento do personagem-título, que está lá apenas para servir de exemplo. Nessa troca do subtexto pela mensagem descarada, WiFi Ralph: Quebrando a Internet se divide: é apaixonante em alguns momentos, entediante em outros. Ainda é um bom exemplo do poder narrativo da nova geração dos estúdios Disney, mas a “magia”, nesse caso, ficou em segundo plano.

Nota do Crítico
Bom
WiFi Ralph - Quebrando a Internet
Ralph Breaks the Internet
WiFi Ralph - Quebrando a Internet
Ralph Breaks the Internet

Ano: 2018

País: EUA

Duração: 112 min

Direção: Phil Johnston, Rich Moore

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