Filmes

Entrevista

A Cabana | "O desafio de viver Deus é imprimir o tom certo de humanidade", diz Octavia Spencer

Atriz ganhadora do Oscar está no Brasil para promover o drama religioso

27.03.2017, às 16H23.
Atualizada em 27.03.2017, ÀS 17H00

Encarada como sendo uma das mais importantes representações da cultura negra hoje em Hollywood quando o assunto é a presença de estrelas afroamericanas na telona, Octavia Spencer levantou a bandeira da inclusão e da fé em sua passagem pelo Rio de Janeiro para promover o drama evangélico A Cabana. No filme - de um fervor religioso mais próximo de um culto do que do cinema  de abril,- a atriz de 46 anos, famosa desde a conquista do Oscar de melhor coadjuvante por Histórias Cruzadas (2011), encarna Deus em pessoa. Só que um Deus que se divide em distintas formas, femininas e masculinas, de diferentes raças.

"A grande questão do mundo hoje é integração, inclusão, o que deve se dar em todos os planos, desde o aumento da presença feminina até a ampliação da presença negra, incluindo também nós vermos mais latinos, mais indianos, mais índios. No cinema, tudo é questão de poder ser visto", disse Octavia em entrevista ao Omelete.

Antes, na esteira de uma projeção de A Cabana à imprensa, ela passou por uma (constrangedora) coletiva com os jornalistas, marcada por problemas técnicos com a tradução simultânea (a intérprete teve que sair da cabine e sentar do lado da estrela, que se dispersa com qualquer movimentação de pessoas fora de seu foco). Houve ainda a recorrência da mesma pergunta: como é ser Deus? "O desafio aqui era encontrar o tom de humanidade de um papel que precisa simbolizar a imagem e a semelhança dos homens, todos eles, não importa a etnia. Eu não sou uma pregadora. Precisei sentar com um ministro da fé e conversar sobre crença, sobre essa figura absoluta. E o diretor me sugeriu muitas leituras", explica Spencer, que no filme, dirigido por Stuart Hazeldine, chama-se Elouise, ou Papa, um apelido que o Todo-Poderoso ganha do carpinteiro Mack, vivido por Sam Worthington (de Avatar). 

No enredo, baseado em um best-seller escrito por William P. Young, e cultuado por milhões de fãs, Mack tem sua filha caçula raptada e morta após um passeio em família por um bosque nas montanhas. A tragédia destrói sua vida. Mas algo pode mudar depois que uma carta enviada pelo Papa o convida a regressar ao local do assassinato da menina.

"Depois que eu li a história, eu tive uma catarse e percebi a importância de uma trama que fala de fé e de cura", diz a atriz, que também tem no currículo dois exercícios como cineasta, The Unforgiving Minute (2010) e The Captain (2008), ambos curtas-metragens. "Dirigi esses pequenos filmes pra poder entender e dominar melhor os aspectos técnicos do cinema, na condução de um set, e penso em voltar ao formato curta mais vezes. Já a questão de dirigir longas... essa ideia eu preciso amadurecer, pois é uma tarefa muito desgastante".

Além de ter experiência como realizadora, Octavia produziu filmes, entre eles o premiado Fruitvale Station (2013), editado pela carioca Claudia Castelo. Foi nele que o diretor Ryan Coogler, de Creed: Nascido para Lutar (2015) e agora de Pantera Negra (em produção), foi revelado. "Quis participar de Fruitvale pela dimensão inclusiva que ele tem, indo além da questão racial", diz a atriz, que fica no Brasil até quinta. A Cabana estreia no Brasil em 6 de abril.

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