Filmes

Entrevista

Bingo - O Rei das Manhãs | "É um filme sobre os bastidores da TV nos anos 80", diz Daniel Rezende

Filme terá conteúdo divulgado na CCXP - Comic Con Experience 2016

29.11.2016, às 12H31.
Atualizada em 29.11.2016, ÀS 17H46

Esperado pelo mercado exibidor como um potencial sucesso de bilheteria para o cinema nacional em 2017, por mexer, a partir de um leque de emoções, na mitologia midiática da década de 1980, Bingo – O Rei das Manhãs, interpretação romantizada da vida do ator que encantou toda uma geração sob o nariz vermelho do Bozo, terá suas primeiras imagens divulgadas publicamente durante a CCXP - Comic Con Experience 2016 - saiba mais. Neste domingo (4), às 12h, o mais aclamado montador do país nas últimas duas décadas, indicado ao Oscar em 2004, por Cidade DeusDaniel Rezende, vai falar de seu primeiro trabalho na direção de longas-metragens, apresentando o teaser-trailer da produção estrelada por Vladimir Brichta. Ele leva ainda uma seleção inédita de cenas escolhidas com exclusividade para o evento. Nelas, é possível entender melhor como o aspirante a astro Augusto Mendes (Brichta) vira um fenômeno de audiência fantasiado como o palhaço Bingo. A estreia está prevista para agosto.

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Este é um filme sobre os bastidores da TV nos anos 1980, uma era cafona e louca, de muitos excessosna qual um sujeito egresso de uma linhagem de artistas tenta buscar seu lugar sob os holofotes”, explica Rezende, responsável pela edição de blockbusters como a franquia Tropa de Elite (2007-10), que já havia dirigido curtas-metragens antes, como Blackout (2008). “Nesse filme, eu troquei de cadeira. Sai da salinha escura onde podia xingar meus diretores e fui para um outro lugar, onde agora posso ser xingado pelos realizadores”. 

Sua inspiração para o projeto, produzido pelos irmãos Caio Fabiano Gullane (de Que Horas Ela Volta?), foi a história do hoje sexagenário apresentador Arlindo Barreto, que passou da glória ao inferno em dias de vida loca como a versão brasileira de Bozo. Ele foi um dos atores que viveu o palhaço inspirado pelo bufão criado na TV americana em 1946. Mas em Bingo – O Rei das Manhãs, apesar das semelhanças, os nomes foram mudados: Arlindo virou Augusto e, em vez de Bozo, seu personagem se chama Bingo. A emissora onde ele bate ponto matinalmente também não atende pelo nome SBT (nem TVS, como o canal era chamado na época). Só uma personagem real teve o nome mantido: a cantora Gretchen, dona do bumbum mais cobiçado do país nos idos de 1980, que será vivida por Emanuelle Araújo. No mais, entram no elenco Leandra Leal, na pele da diretora do programa do BingoPedro Bial, como um empresário de TV; Augusto Madeira, na pele de um cameraman divertido; e Tainá Muller como a ex de Augusto. Personalidades de blogs e sites da web também fazem participações, entre eles Érico Borgo, editor-chefe aqui do Omelete.

Queria não me envolver com a realidade tão diretamente no projeto, mas, ao mesmo tempo, era importante manter pelo menos um ícone daquela época. Daí entra a Gretchen. Ela chega como um fundamento do real no recorte pop que fizemos, com uma função dramática importante para o filme, centrado na busca de Augusto para encontrar seu espaço na televisão. Quando Augusto vira apresentador, ele só é visto pelas pessoas de máscara. Ninguém sabe como seu rosto é. Isso gera conflito”, explica Rezende, que foi um dos editores do cult A Árvore da Vida, ganhador da Palma de Ouro em 2011. “Tem um aspecto a mais no Bingo que me deixa muito honradouma participação, no elenco, de Domingos Montagner, grande ator que nos deixou este ano. Ele era palhaço na vida real. No filme, ele ensina para o Augusto a arte de ser palhaço. Esta lembrança dele me deixa triste, pela saudade, mas me dá muita honra de saber que nosso filme vai manter a imagem dele viva”.  

Ao refletir sobre o processo de construção da trama, Rezende encara a mudança de nomes da vida real para a ficção como uma forma de garantir a si mesmo a licença poética necessária para construir um espetáculo a um só tempo reflexivo e divertido sobre a busca pelo sucesso e pela aceitação popular. Visualmente, esse espetáculo é vitaminado pela direção de fotografia de Lula Carvalho (As Tartarugas Ninja), parceiro do cineasta na franquia Tropa de Elite e em RoboCop (2014). E embora seja um ás da edição, ele confiou a montagem a Marcio Hashimoto

“Como montador, eu sempre quis oferecer a meus diretores uma visão fresca que pudesse subverter a lógica do material filmado. Aqui, se eu fosse o montador, eu poderia perder esse frescor e ficar muito preso a ideias já determinadas previamente”, diz Rezende, que, em paralelo, desenvolve o projeto de adaptação da HQ Laços, da Turma da Mônica. “Este é pra ser filmado no segundo semestre do ano que vem”.   

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