Premiado com uma menção honrosa no Festival de San Sebastián, na Espanha, onde fez sua estreia internacional, e laureado com o troféu de júri popular no Festival do Rio, Era o Hotel Cambridge, um drama sobre ocupações de prédios abandonados no coração de São Paulo, envolvendo refugiados e grupos de sem teto, marcou a volta aos holofotes de um dos mais aclamados atores brasileiros: José Dumont. Seu regresso às telas com o aclamado longa-metragem de Eliane Caffé coincide com a comemoração de seus 40 anos de carreira no audiovisual: em 1977, ele estreou com Morte e Vida Severina e Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia. Aos 66 anos, o paraibano de Bananeiras volta ao circuito no papel de Apolo, agitador cultural que encena uma peça de teatro e alimenta um vlog, ambos voltados para a realidade da exclusão urbana.
“Tenho uma experiência anterior com a Eliane, em filmes como Narradores de Javé, na qual ela busca personagens tragicômicos capazes de conectar os demais. Aqui em Era o Hotel Cambridge, a realidade puxa o filme pra si e é tarefa de Apolo representar a cultura, a arte e impedir que o longa vire um documentário sobre os sem teto”, diz Dumont ao Omelete.
Este ano, ele ainda será visto em Tungstênio, a esperada adaptação da HQ homônima de Marcelo Quintanilha, tendo Heitor Dhalia (de O Cheiro do Ralo) como diretor. Ele vive Ney, um militar reformado que se envolve numa ação envolvendo um traficante e um policial nada honesto na Bahia.
“Baseado num quadrinho espetacular, o Tungstênio do Heitor é um filme sobre o caos, onde Ney é um sujeito capaz de qualquer coisa para alcançar o que quer”, diz Dumont, que coleciona prêmios em festivais em Cuba, na Espanha e nos EUA por sua atuação em cults como O Homem Que Virou Suco (1980) e O Baiano Fantasma (1984). “A gente tem hoje uma safra nova de atores que é espetacular. Nosso cinema ainda se impõe pela autoralidade e pela diversidade”.