Filmes

Entrevista

Exclusivo: Omelete entrevista o cultuado George A. Romero

Cineasta fala sobre a liberdade de fazer Diary of the Dead e diz o que espera do público

13.02.2008, às 17H00.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 18H01

Uma historinha pessoal aos Omelenautas antes de mais nada. Se os leitores mais antigos do Omelete ainda não perceberam, sou um completo fanático por George A. Romero. Acredito que seus filmes estejam entre os mais divertidos e ao mesmo tempo relevantes e cheios de significado que o cinema independente dos Estados Unidos já produziu. Na Comic-Con passada, por conta da apresentação de Lost, que julgamos mais importante aos nossos leitores, fui obrigado a perder a apresentação de Romero e Max Brooks.

Assim, quando nosso parceiro Steve Weintraub ligou para a redação ontem ("Erico, you´re going to love this"), pedindo ajuda na preparação da entrevista com o cineasta, parei tudo o que estava fazendo aqui. Não é sempre que oportunidades de publicar uma entrevista com uma lenda surgem (ainda que os assessores do diretor tenham limitado nosso tempo a ínfimos 4 minutos).

George A. Romero

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Diário dos Mortos

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Ainda mais uma lenda como Romero, que comparo a Bram Stoker. Enquanto o escritor de Dracula criou as regras para o universo dos vampiros, o diretor nova-iorquino criou sozinho o subgênero dos filmes de mortos-vivos, ou zumbis. Em sua série dos mortos, formada por A noite dos mortos vivos (Night of the Living Dead, 1968), O despertar dos mortos (Dawn of the Dead, 1978), O dia dos mortos (Day of the dead, 1985) e Terra dos mortos (Land of the Dead, 2005), Romero deu aos devoradores de carne humana uma estrutura que até hoje é seguida - em maior ou menor grau por todos que se aventuram nesse estilo, de Extermínio a Resident Evil.

Aos 68 anos o cineasta segue na ativa e recentemente concluiu Diary of the Dead, seu primeiro longa rodado com câmeras digitais portáteis. O filme estréia em 15 de fevereiro nos EUA - e em abril no Brasil, pela Imagem Filmes (parabéns à distribuidora pela aquisição).

Sem mais considerações, George A. Romero, entrevistado por Steve Weintraub. A tradução segue logo abaixo do vídeo.

O senhor teve liberdade total neste filme, por ser uma produção independente. Poderia comentar um pouco a respeito?

Eu fiz um filme chamado Terra dos Mortos, que era gigante, um filme de estúdio - a Universal. Tinha grande orçamento e achei que estava ficando grande demais. Era o quarto filme da série [dos Mortos] e achei que tinha perdido totalmente a conexão com o primeiro, um pequeno filme de guerrilha que um punhado de nós havia feito em Pitsburg, em 1968. Eu queria voltar para aquilo, então foi o que fizemos. Propositalmente cortamos o orçamento até o último centavo, gerando o orçamento exato que precisávamos. Em contrapartida, tivemos controle total sobre o resultado - e essa foi a primeira vez desde A noite dos mortos vivos (68) que tive controle completo sobre meu filme. Foi fabuloso. Sabe, se você está trabalhando para um estúdio, está filmando e subitamente vê esse lindo pôr-do-sol, você tem que mandar um memorando pra pedir permissão para filmá-lo. Dessa vez não tive problema nenhum do tipo. Fiz tudo o que eu quis.

Há boatos por aí que dizem que o senhor quer fazer uma seqüência para Diário dos Mortos. É verdade? Pretende fazê-la da mesma maneira?

Sem dúvida. Se realmente o fizermos será igualzinho a este. A mesma estrutura. Mas não sei ainda se vai acontecer. Já estamos discutindo e tenho umas idéias, mas nada está certo ainda. Eu adoraria - ainda há muito o que eu gostaria de falar a respeito dessa invasão midiática. Além disso, seria minha primeira seqüência direta - eu começaria o filme com os mesmos três sobreviventes do primeiro, no mesmo lugar, e basicamente continuaria a história do ponto em que ela parou.

Como é seu processo criativo?

Ehehehehehe, eu escrevo das 9 às 17 horas. Das 9 de segunda às 17 horas de sexta! Vou direto! Viro noites, sou obcecado quando começo. Se a idéia é boa, sigo escrevendo. Contando que as idéias continuem vindo.

Neste filme especificamente, qual é a mensagem que você gostaria que as pessoas aprendessem? O que você gostaria que elas levassem consigo ao final?

Se eu tivesse que sintetizar em uma só frase, seria "fiquem mais espertos". O maior problema, a meu ver, hoje é o público. As pessoas não se incomodam em fazer sua lição de casa. Elas simplesmente não sabem separar as coisas - acreditam em tudo o que ouvem nas suas "caixas", sejam elas quais forem. As pessoas têm que ficar mais espertas. Continuam mandando seu dinheiro a tele-evangelistas, continuam votando em idiotas. Sabe... ahahahaha. FIQUEM MAIS ESPERTAS! Ahahahaha.

Concordo plenamente. Muito obrigado pelo seu tempo.

P.S.: Apenas para concluir a história da Comic-Con, felizmente cruzei mais tarde com o cineasta na feira e pude conversar uns minutos com ele - e gastar uma grana preta em DVDs especiais autografados. ;-)

Assista a um clipe do filme
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