Filmes

Entrevista

Festival de Berlim | "Sensibilidade é o que me interessa," diz diretora ganhadora do Urso de Ouro

Premiada por On Body and Soul, Ildikó Enyedi, cineasta com 36 anos de carreira, enfim ganha visibilidade na indústria mundial

18.02.2017, às 19H19.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H37

Contrariando apostas no cinema político e previsões acerca da vitória de realizadores já consagrados, o júri do 67º Festival de Berlim, em sua cerimônia de premiação, optou por jogar seus holofotes sob uma diretora da Hungria, com 62 anos de idade e 36 de carreira, que nunca teve a visibilidade merecida: Ildikó Enyedi.

Ela ganhou o Urso de Ouro por On Body And Soul, uma história de amor entre raspas, restos e rios de sangue de bois que são abatidos diariamente no matadouro onde seus personagens – ela, uma taciturna e suicida fiscal de qualidade; ele, um administrador com um braço paralisado – desenvolvem algo próximo de um romance. A justificativa do presidente do corpo de jurados, o cineasta Paul Verhoeven (Elle), referia-se à potência visual com que a cineasta radiografa aquele mundo de silêncios.

Existe uma riqueza sentimental enorme em pessoas que são fechadas em si. Foi isso o que eu tentei explorar, interessada na delicadeza”, disse Ildikó ao Omelete.

On Body and Soul

Seu filme foi o mais premiado da Berlinale: além do Urso de OuroOn Body and Soul conquistou a láurea do Júri Ecumênico, a do júri dos leitores do jornal alemão Berliner Morgenpost e a do júri de críticos da Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (a Fipresci). Este último premiou ainda o longa nacional Pendular, de Júlia Murat, presente numa seção paralela. 

Eu venho de um país que pode ser assustador, muitas vezes, mas que desenvolveu um cinema muito potente num intervalo de tempo que, não necessariamente é o da minha geração. Nos últimos 30 anos, em meio aos problemas que eu e meus contemporâneos encaramos, cresceu uma nova turma, com um cinema inovador”, diz a cineasta, que rodou curtas, documentários e a versão húngara da série Em Terapia. “É um orgulho ver que grandes autores cinematográficos estão surgindo da minha nação”.

Em 1989, Ildikó foi premiada no Festival de Cannes com o troféu Câmera de Ouro, dado a estreantes, por My 20th Century, filme que lhe deu algum prestígio à época. Mas ela não chegou a ser um nome de destaque no cenário internacional do cinema de autor – até agora.

Eu fiquei muito tempo fora do jogo, sem acreditar que havia lugar pra mim, até o meu produtor me convencer a contar a história de On Body and Soul”, contou Ildikó à Berlinale. “Eu sou uma cineasta que não gosta de impor um estilo visual às tramas ou aos atores. Sou da filosofia da simplicidade”.  

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