Filmes

Entrevista

"Gramado existe por causa do cinema brasileiro", diz Rubens Ewald Filho

Crítico, que está na curadoria do evento há 5 anos, fala sobre edição 2017

16.08.2017, às 15H57.
Atualizada em 16.08.2017, ÀS 18H01

Mais popular de todos os festivais de cinema do Brasil, dotado de um glamour capaz de atrair até quem não é cinéfilo de carteirinha, Gramado completa 45 anos nesta sexta-feira (18), quando abre mais uma seleção de longas-metragens inéditos com uma projeção hors-concours de João, o Maestro, de Mauro Lima. No mesmo dia, o evento, que mobiliza a Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, a cerca de duas horas de Porto Alegre, exibe o primeiro dos concorrentes ao Kikito de melhor filme nacional de 2017: O Matador, de Marcelo Galvão. Este faroeste ambientado em Pernambuco traz a grife Netflix, que recusou pedidos de entrevista para seu diretor.

Além de Galvão, o pacote de concorrentes brasileiros – selecionado por uma trinca de curadores composta pela argentina Eva Piwowarski e os brasileiros Marcos Santuário e Rubens Ewald Filho, o crítico mais famoso do Brasil – inclui: A Fera na Selva, de Paulo Betti, Eliani Giardini e Lauro Escorel; As Duas Irenes, de Fábio Meira; Como Nossos Pais, de Laís Bodanzky; Bio, de Carlos Gerbase; Pela Janela, de Carolina Leone; e Vergel, de Kris Niklison. Dia 26 de agosto será conhecido o ganhador.

Na entrevista a seguir, Ewald dá um panorama do evento, que vai conceder honrarias especiais à atriz Dira Paes (o prêmio Oscarito), ao ator Antonio Pitanga (troféu Cidade de Gramado), ao animador Otto Guerra (a láurea Eduardo Abelin) e à cantora e atriz argentina Soledad Villamil (Kikito de Cristal).

Omelete: Como você avalia o lugar de Gramado no imaginário brasileiro, depois de 45 anos de resistência? 

Rubens Ewald Filho: As pesquisas todas apresentam Gramado como o lugar mais desejado para o turista visitar no Brasil, o que é surpreendente, mas muito verdadeiro, inclusive por um detalhe: a segurança local. E, nesse ano, a nova administração do festival esta demonstrando que novamente Gramado existe por causa do cinema brasileiro.

Omelete: Como vc avalia o desenho da competição oficial deste ano? Existe uma tendência temática nos longas nacionais e nos gringos de 2017? 

Rubens Ewald Filho: Meus colegas de curadoria são mais próximos dos latinos e tiveram este ano um trabalho mais presente, tendo ido a diversos festivais estrangeiros de Cuba, a México e outros mais.

Omelete: Em 2016, o Troféu Eduardo Abelin, distinção máxima dada a Gramado a um cineasta nacional, foi para José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e, este ano, o prêmio vai para um animador: Otto Guerra. Parece uma guinada em direção ao pop. O que essa guinada já aponta para o festival?

Rubens Ewald Filho: Acho ofensivo se tratar levianamente o Otto, ilustre e querida figura de uma importante parte do cinema: a animação. Poucos no Brasil tiveram e tem uma carreira tão notável no formato quanto ele.

Omelete: Depois de cinco anos fazendo a curadoria de Gramado, você já consegue dimensionar os caminhos que nosso cinema vem tomando nas telas? 

Rubens Ewald Filho: Não. É sempre uma eterna redescoberta e sempre há muito ainda o que mudar e conquistar e superar.

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