Filmes

Entrevista

João, o Maestro | Alexandre Nero mergulha na música clássica em drama biográfico

Filme vai abrir o 45º Festival de Gramado no dia 18

05.08.2017, às 13H56.
Atualizada em 05.08.2017, ÀS 14H06

Um dos maiores galãs da TV brasileira na atualidade, Alexandre Nero vai levar seu carisma ao cinema a partir do dia 17 de agosto, à frente do drama biográfico de acordes musicais João, o Maestro. No dia 18, a produção dirigida por Mauro Lima (de Tim Maia) vai inaugurar a programação do 45º Festival de Gramado, na Serra Gaúcha, em projeção hors-concours. Nero e Rodrigo Pandolfo se revezam na interpretação das diferentes fases da vida do pianista e regente João Carlos Martins. Na entrevista a seguir, o astro de novelas como Império, prestes a voltar à Rede Globo à frente do seriado cômico Filhos da Pátria (de Bruno Mazzeo), fala sobre a imersão no ambiente das orquestras, da arte de atuar e de seus passos nas telas.   

Omelete: Existe uma dimensão heróica no teu desenho da figura do maestro João Carlos? Se sim, que herói ele é? Se não, o que ele simboliza?

Alexandre Nero: Esse desenho do maestro não é feito só por mim, pois, eu não tenho autonomia sobre o personagem, que no filme é interpretado por três pessoas. Ainda não vi o filme: uma coisa é o que nós fizemos, outra é o que filme vai mostrar. No roteiro, o João Carlos é um herói solitário, cujo caráter obsessivo foi um dos grandes responsáveis pelas limitações que ele viria a ter. E solitário também na busca das soluções para os problemas. Seguindo esse roteiro, eu diria que ele é um herói solitário, mas como disse, o resultado final eu ainda não conheço.

O Rodrigo Pandolfo faz o principal momento do João Carlos; o ápice e a principal tragédia da vida dele, que foi o acidente que aconteceu no auge da carreira. Eu entro na história quando o João Carlos se transforma em maestro, na terceira parte. Sem dúvida há um desenho heróico: o João conseguiu se reinventar diversas vezes na vida para continuar trabalhando com o que ama, com o que ele se propôs a fazer.

Omelete: Como foi a preparação - pra você que também é ligado à música - para poder encarnar João na tela?

Alexandre Nero: O fato de eu ser músico, de ter um conhecimento técnico de música, fez com que eu poupasse bastante tempo nessa preparação. Eu usei alguns atalhos. Ritmicamente, consigo pegar mais fácil e rapidamente os tempos das músicas do que uma pessoa que não tenha essa intimidade. E essa intimidade fez com que eu percebesse que por mais aulas de piano que tivesse, teria que nascer de novo pra tocar perto do que o João Carlos Martins tocou. Seria uma bobagem eu fingir que estava aprendendo a tocar piano, então a gente decidiu pensar numa coreografia, em como o corpo deveria estar. Sentar como o pianista, colocar os braços do jeito certo e, sobretudo, mexer os dedos e a mãos como num balé, mesmo. Minha maior preocupação como músico era estar sempre nas regiões certas do piano, nas notas certas, e isso a gente sabe que conseguiu. Eu sou músico, o Mauro Lima também é, e o João estava sempre por ali, fiscalizando tudo. Um dos grandes equívocos dos filmes musicais é ver as pessoas tocando de uma maneira que não tem absolutamente nada a ver com a realidade.

Omelete: Qual é a maior responsabilidade de dar vida à figura de João?

Alexandre Nero: O público que conhece o João é muito apaixonado por ele. O João toca muito profundamente as pessoas, eu percebi isso na convivência que a gente teve, andando com ele na rua, as pessoas o chamando de maestro, sempre com um olhar muito doce. Essa é a maior responsabilidade, você tem que tocar as pessoas de alguma forma, também. O João é um homem muito carismático, muito sedutor, muito comunicativo, bem humorado. Por ele estar vivo, a comparação é inevitável , mas desde o início o Mauro pediu que não tentássemos imitá-lo. A gente acabou pegando algumas características dele muito mais por homenagem, de diversão para com ele, do que na tentativa de imitá-lo.

Omelete: Que lugar o cinema ocupa hoje nessa carreia que o papel do Comendador (na TV) celebrizou? Que filmes você tem pela frente?

Alexandre Nero: O cinema sempre esteve muito presente na minha vida, eu continuo mantendo a minha média de assistir a um, dois filmes, diariamente. Assim como eu acho que um escritor tem que gostar de ler e ler muito, qualquer pessoa que mexa com cinema tem que ver muitos filmes, coisa que eu faço desde criança. Sobre trabalhar com cinema, como eu sou contratado da Rede Globo, busco projetos nas minhas pausas, quando eu deveria estar de férias (risos). Eu não tinha muito contato, não trabalhava muito com cinema porque era pouco conhecido. A TV fez com as pessoas conhecessem o meu trabalho e me chamassem pra trabalhar bastante. Diretores que eu admiro demais, grandes convites, que às vezes eu não consigo aceitar em função das outras agendas. Acabei de fazer o filme Albatroz, com roteiro do Bráulio Mantovani (Daniel Augusto dirigindo), e agora, logo depois de uma minissérie para a TV Globo, vou fazer Sem Pai Nem Mãe, do André Klotzel, com roteiro dele e do José Roberto Torero. Ainda estão na manga projetos como O Caso Morel e a biografia do Nelson Rodrigues para o cinema. Enfim, quero poder fazer cinema sempre que possível.

Omelete: Quais são os teus planos/ tuas ambições na música? 

Alexandre Nero: Eu simplesmente vou trabalhando, sem muitas ambições ou expectativas. Tem sido assim em tudo o que faço na música, na TV, no teatro, no cinema. Tenho muitos projetos que ficam engavetados até o momento em que encontro tempo e que acho que já estão prontos, maduros para serem realizados. Quando a gente está fazendo um projeto, pode ter certeza de que outros 50 estão engavetados. Agora que vou fazer TV, engaveto outros tantos projetos de cinema, teatro, música. Eu trabalho nesses lugares, todos eles são comuns pra mim, eles variam conforme eu sinto necessidade e me sinto à vontade de estar nesse o naquele lugar.

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