Filmes

Entrevista

Motorrad | "Fizemos o medo mais puro e sem interferência possível", diz Vicente Amorim

Longa será apresentado no Festival do Rio

11.10.2017, às 12H18.
Atualizada em 11.10.2017, ÀS 15H00

Filmado na Serra da Canastra e seus arredores, numa região de pedras inóspitas e rios sob o cerco de animais peçonhentos, nas Minas Gerais, Motorrad, thriller de horror que representou o Brasil na seleção oficial do Festival de Toronto, vai enfim circular pelas telas nacionais com seus espectros motorizados. No feriado de 12 de outubro, esta quinta-feira, o longa-metragem dirigido por Vicente Amorim (Corações Sujos), a partir de personagens concebidos pelo quadinista Danilo Beyruth (autor da HQ Bando de Dois), será exibido às 19h15 no Cine Odeon. Sexta, às 21h, ele passa no Cine Roxy. Na trama, um grupo de jovens que fazem numa trilha no interior do país é acossado por uma horda de motoqueiros misteriosos. O encontro vira uma caçada sangrenta.

Nesta entrevista ao Omelete, Amorim explica a mecânica do medo no longa-metragem que rodou com base numa ideia sonhada pelo produtor L. G. Tubaldini Jr. (do sucesso atual Divórcio, cuja direção é do irmão de Vicente, Pedro).

Omelete: O que Motorrad te ensinou sobre o processo e a mecânica do medo?

Vicente Amorim: Quando partimos para fazer Motorrad, decidimos que iríamos abraçar o gênero, sem concessões. Pra isso, nosso medo teria que ser o dos personagens e sua representação deveria ser a mais pura possível, sem interferências culturais ou antropológicas evidentes. Daí surgiram nossos motoqueiros negros. Eles são o medo. Puro, concreto e, claro, alegórico. A presença deles numa cena cria o medo de sua volta na seguinte, o medo do medo. Esse foi o mecanismo que buscamos e ele é a mola que impulsiona​ o filme. 

Omelete: Existem heroísmos nos filmes de horror? Tem no seu? O que ser herói onde o terror tem algo de metafísico?

Vicente Amorim:Há um herói muito claro em Motorrad. Ele é o outsider cuja presença provoca​ a chegada do mal, a desagregação e a morte; ele é quem precisa passar pelo processo de depuração para se tornar quem sempre foi, enfrentar seus monstros e ser um ao mesmo tempo. Ele, como todo herói clássico, não pode fugir do seu destino. Sua trajetória é a que define o lado alegórico/metafísico do filme, as tais perguntas sem resposta. 

Omelete: Como foi encarar a inóspita região mineira onde o longa foi rodado? 

Vicente Amorim: ​Em Motorrad, além dos quatro motoqueiros negros, há um outro antagonista, um outro monstro a ser enfrentado pelos personagens: a natureza - e ela precisava ser tão hostil quando um espectro assassino motorizado. Assim é natureza na Serra da Canastra. Filmar lá foi tão difícil quanto pode parecer. Aliás, foi ainda mais. Em décadas de cinema nunca filmei em condições tão difíceis. Valeu cada tornozelo torcido, cada ligamento rompido, cada queimadura e cada hipotermia.​ 

Omelete: O que podemos saber dessa ficção policial que você prepara agora, como diretor?  ​

Vicente Amorim: Estou filmando um projeto chamado A Divisão. É um filme e uma série num mesmo pacote, que faremos ao longo das próximas 12 semanas. É um thriller sobre como dois policiais corruptos e um delegado genocida acabaram com a onda de sequestros no Rio de Janeiro nos anos 1990. A produção é do Afroreggae.

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