Filmes

Entrevista

“Mundo está ficando cada vez mais perigoso”, diz Emir Kusturica

Ganhador de duas Palmas de Ouro, o cineasta e músico sérvio fala sobre realismo, música e Fellini

06.11.2017, às 17H11.

Considerado um dos maiores diretores em atividade no mundo quando o assunto é cinema autoral, o sérvio Emir Kusturica chega ao Brasil no fim de semana para alguns compromissos no Rio de Janeiro, durante o Festival MIMO. Estrela maior do evento de música e filmes, organizado sob a curadoria de Lu Araújo e Rejane Ziles, ele vem apresentar seu mais recente longa-metragem, Na Via Láctea (On The Milky Road), nesta sexta-feira (10), às 20h, no Cine Odeon. É uma história de amor em temos de guerra, com a italiana Monica Bellucci e o próprio diretor formando um par romântico em cena.

No dia seguinte, à 0h, ele faz um show, com sua banda, The No Smoking Orchestra, na Marina da Glória. No dia 18, o conjunto vai para Olinda, para tocar na Praça do Carmo, ainda antenado com o cardápio do MIMO.

Premiado com a láurea máxima de Cannes por Quando Papai Saiu em Viagem de Negócios (1985) e por Underground – Mentiras de Guerra (1995), Kusturica, hoje com 62 anos, fala ao Omelete sobre o limite entre fábula e fato e aponta as origens jazzísticas de suas canções.

Omelete: O que existe de político na sua música e nos seus filmes?
Emir Kusturica: O mundo me inspira. É nele que eu vivo. Mas eu não sei se faço gestos políticos no meu cinema ou nas músicas que toco. Este mesmo mundo que me inspira está ficando cada vez mais perigoso. Eu não sei se filmes e canções conseguem transformar essa realidade de perigo. Mas tenho certeza de que a arte pode afetar o Real de alguma forma, ainda que seja para mostrar outros pontos de vista sobre os fatos.

Qual é a fronteira entre fabulação e realidade em seus filmes?
Emir Kusturica: O maior problema do cinema contemporâneo é que ele fica cada vez menos poético e cada vez mais explícito e direto. Sou um criador de metáforas. É a partir delas que eu entendo as imagens em movimento.

Quais são as raízes sérvias da sua música e do seu cinema?
Emir Kusturica: A região dos Bálcãs é, historicamente, um território marcado por várias influências musicais. Eu sempre fui fã da banda Weather Report e do tecladista Chick Corea e escutava a obra de ambos ao mesmo tempo em que me deixava embalar pelo folk balcânico. Sou do tipo que curte Nino Rota, o compositor das trilhas do Fellini, ao mesmo tempo que curte Lou Reed e The Clash. No cinema, a mistura é a mesa. Sempre foi fã de Fellini e de Sergio Leone, porque o cinema deles associa cinema, música e pintura.

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