Filmes

Entrevista

O Bom Gigante Amigo | "Spielberg dirige com base na amizade, conversando com os atores", diz Mark Rylance

Ator também elogiou comunidades indígenas do Brasil

29.07.2016, às 14H44.
Atualizada em 17.11.2016, ÀS 04H01

Inimigo número 1 do fã-clube de Sylvester Stallone, de quem tirou o Oscar de melhor ator coadjuvante por Ponte dos Espiões (2015), o inglês Mark Rylance vive hoje, aos 56 anos, uma situação invejada por todos os colegas da sua e muitas outras gerações: em cartaz no Brasil com O Bom Gigante Amigo (The BFG), ele virou o atual ator-fetiche de Steven Spielberg. Ele está no elenco dos dois próximos longas-metragens do Rei Midas de Hollywood: o thriller sci-fi sobre videogames Jogador Nº 1 e o épico histórico The Kidnapping of Edgardo Mortara, sobre o sequestro de um menino judeu na Itália do século XIX. E não há projeto hoje que o cineasta pense sem contar com todo o talento deste grisalho operário do teatro britânico, hoje alçado à condição de astro.

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Eu me sinto hoje como se estivesse andando na prancha de um navio prata, em alto mar, sem rede de segurança, pois fazer sucesso no cinema é algo inusitado para mim, que curto mais pela perspectiva da troca com criadores como Steven”, diz Rylance, em entrevista ao Omelete no Festival de Cannes, em maio, quando antecipou detalhes de The Kidnapping of Edgardo Mortara. “Spielberg é um diretor muito direto, que opera na chave da amizade, conversando com precisão cirúrgica sobre aquilo que quer dos atores. Este novo projeto é uma adaptação de um romance, que recria os anos 1800 na Europa com base na perseguição aos judeus. Tem uma estrutura de peça teatral”.

Na conversa com o Omelete, o carinho de Rylance pelo Brasil se fez presente com entusiasmo:

Eu sei pouco sobre o Brasil, mas tenho muito carinho pelo fato como vocês aí tentam encontrar meios para manter suas comunidades indígenas vivas, preservando sua cultura”, disse Rylance, que estará no elenco de Dunkirk, o novo longa de Christopher Nolan, ambientado na Segunda Guerra Mundial. “Gosto de trabalhos nos quais a gente possa se reconectar com a tradição e com a natureza”.

Apesar das apostas altas do mercado exibidor acerca da química entre Rylance e Spielberg, O Bom Gigante Amigo ficou a léguas de distância das expectativas dos exibidores americanos, com uma bilheteria estacionada até agora em US$ 90 milhões. Nesta superprodução de US$ 140 milhões, dos estúdios Disney, a órfã Sophie (Ruby Barnhill, de 12 anos) tenta ajudar seu mais novo amigo, o gigante BFG (Rylance, só que repaginado em efeitos de animação) a se safar o bullying cometido por seres tamanho GG bem maiores que ele. Para isso, ela vai recorrer a uma ajudinha da Rainha da Inglaterra (vivida por Penelope Wilton), que passa a simpatizar com o grandalhão cheio de bons sentimentos.

Toda cultura ancestral deste nosso mundo tem um lugar para fábulas sobre gigantes, como se estes fossem lendas primais, de formação de qualquer povo”, diz Rylance, que despontou para os olhares da crítica em 2001, ao protagonizar Intimidade, um drama erótico ganhador do Urso de Ouro no Festival de Berlim. “O que fizemos aqui foi entender os gigantes como forças da natureza, que pudessem ser humanizadas. Esse exercício é uma forma de reapresentar os mitos às novas gerações e criar novos laços entre a juventude e a fabulação clássica. Mas foi um trabalho duro. A sala onde Spielberg capturava meus movimentos digitalmente, para depois animá-los, era como uma sala de ensaios de teatro”. 

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