Filmes

Entrevista

O Estranho Que Nós Amamos | “Juntas, a mulheres podem fazer diferença”, diz Elle Fanning

Atriz integra o elenco do premiado filme de Sofia Coppola, que estreia quinta-feira

10.08.2017, às 11H00.

Filmar O Estranho Que Nós Amamos (The Beguiled), uma das estreias mais esperadas deste fim de semana no Brasil, simbolizou para a atriz Elle Fanning um reencontro com suas raízes e um aprendizado sobre representações femininas. Rever Sofia Coppola no set rememorou as lições sobre composição de personagem que Elle teve quando tinha cerca de 11 anos, e encarou a cultuada cineasta no set de Um Lugar Qualquer (2010). Naquele ano, o filme sairia do Festival de Veneza com o Leão de Ouro e a jovem atriz (hoje com 19 aninhos) deixou a cidade italiana com a pecha de ser um talento precoce, alguém em que Hollywood deveria manter os olhos. Tempos depois, a menina vai ao maior festival de cinema do mundo, o de Cannes, ao lado de Sofia defender o que as duas fizeram a partir de uma história baseada nos conflitos civis dos EUA dos 1800.  

Sofia trouxe para O Estranho Que Nós Amamos a sua primeira estrela, Kirsten Dunst. Estar entre elas era como se eu fizesse parte de uma família, como a irmã mais nova, aprendendo como as duas, silenciosamente, comunicam-se por gestos, olhares”, disse Elle ao Omelete em Cannes, onde o longa rendeu a Sofia o prêmio de melhor direção.  

Aliás, ela foi a primeira cineasta mulher desde 1961 a vencer nessa categoria, o que só reforço a tônica feminista de O Estranho Que Nós Amamos. “Tem um mundo muito sombrio naquela história, mas há um grupo de mulheres que se une para enfrentar as ameaças”, disse Elle. 

Rodada na Louisiana, esta produção de US$ 10,5 milhões é uma releitura do romance The Beguiled, de Thomas Cullinan, filmado por Don Siegel em 1971, com Clint Eastwood no papel hoje confiado a Colin Farrell. Coube ao irlandês o papel de um soldado ianque que, ferido em meio à Guerra de Secessão, consegue abrigo em uma escola sulista para moças, dirigida por Mrs. Martha (Nicole, também premiada em Cannes, com uma láurea especial pelo conjunto de sua carreira).

Lá dentro, ele vai ser uma espécie de perigo iminente para a paz entre as mulheres, não apenas pela violência que traz consigo, mas pela tensão sexual que gera. Nesse enredo, Elle é a estudante Alicia, aluna nota dez quando o assunto é desejo. A fotografia gótica que tanto vem atraindo a crítica é mérito do francês Philippe Le Sourd. 

Tem uma discussão sobre a reação feminina nesta história que só se realiza pela união entre as personagens. Juntas, as mulheres podem fazer a diferença”, diz Elle, que foi dirigida pelo pai de Sofia, o mítico Francis Ford Coppola, no horror Virgínia (2011). 

Prestes a voltar às telas no papel central de Mary Shelley, cinebiografia da autora de Frankenstein, dirigida pela saudita Haifaa Al Mansour, Elle vai participar ainda do próximo projeto de Woody Allen, previsto para 2018, ao lado de Selena Gómez. E ainda tem um filme zero KM prontinho para estrear que angariou boas resenhas em Cannes: How To Talk to Girls At Parties, baseado na HQ de Neil Gaiman com os gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá. 

Tenho tentado buscar projetos que não apenas me desafiem mas que me apresentem visões diferentes do cinema”, disse Elle. “Comecei pequena, sou ainda muito menina. E quando cheguei a Hollywood, via tudo como um mundo de muita luz, muito glamour, de muita energia, o que assustava à primeira vista. Mas, aos poucos, a gente trava parcerias e encontra um lugar. Estou buscando o meu".

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