Filmes

Entrevista

O Estranho que Nós Amamos | "Quero liberdade para arriscar", diz Sofia Coppola

Com uma ópera para estrear no exterior, cineasta lança nos EUA filme pelo qual foi premiada em Cannes

17.06.2017, às 12H23.
Atualizada em 17.06.2017, ÀS 13H06

Em um intervalo de 15 dias, a contar do dia 23 de junho, Sofia Coppola terá dois filmes em cartaz nos EUA: no próprio dia 23 estreia O Estranho Que Nós Amamos, e, no dia 9 de julho, chega às telas americanas a versão da cineasta para a ópera La Traviata, rodada em Roma com luxuosos figurinos da grife Valentino. Ambos trazem a assinatura visual do fotógrafo francês Philippe Le Sourd, atual xodó da realizadora de cults como Encontros e Desencontros (2003). Esse par de lançamentos fazem subir o cacife estético da cineasta, que quebrou um jejum de histórico (e político) de gêneros no último Festival de Cannes, ao se tornar a primeira mulher, desde 1961, a ganhar o prêmio de direção do prestigiado evento. E já se forma um boca a boca em torno de uma impossível indicação ao Oscar por seu trabalho no comando de Nicole KidmanColin Farrell e Kirsten Dunst na adaptação do romance The Beguiled, que chega agora ao circuito estadunidense após ter impressionado a Croisette com seu clima gótico.

Gosto do desafio de explorar universos sobre os quais nunca havia me debruçado, e tenho prazer de poder trabalhar coisas novas a partir de projetos de orçamento baixo, o que me dá liberdade para arriscar”, disse Sofia ao Omelete em Cannes. “Filmar com Philippe era uma escolha essencial ao meu interesse em filmar em película, com alguém que dominasse a profundidade de campo inerente a se rodar com filme”.

Em La Traviata, fiel ao original de Giuseppe Verdi, a cineasta explora as angústias afetivas de uma cortesã, Violetta, em confronto com o chamado da paixão, o que pode danificar sua condição social. Paixão também é o substantivo essencial de O Estranho Que Nós Amamos, só que observado sob uma ótica sombria, nas raias da loucura, com foco na sobrevivência da força feminina em meio à opressão. Com estreia no Brasil prevista para 10 de agosto, a produção de US$ 10,5 milhões, rodada na Louisiana, é uma releitura do romance The Beguiled, de Thomas Cullinan, filmado por Don Siegel em 1971, com Clint Eastwood no papel hoje confiado a Farrell. Coube ao irlandês o papel de um soldado ianque que, ferido em meio à Guerra de Secessão, consegue abrigo em uma escola sulista para moças, dirigida por Mrs. Martha (Nicole, também premiada em Cannes, com uma láurea especial pelo conjunto de sua carreira).

Nunca pensei em fazer um remake nem em recontar uma história já rodada antes, mas, como disse, sou movida pelo desejo do novo, de me reinventar, e não penso muito sobre o que a minha filmografia anterior estabeleceu esteticamente. Tudo o que eu tento é dar ao espectador algo que o provoque, que se comunique com suas sensações e gere discussão”, diz a cineasta, ganhadora do Leão de Ouro de Veneza por Um Lugar Qualquer (2010). “Meu interesse no livro de Cullinan era poder explorar aquela história sombria de tensão de forças e de poderes sob uma ótica feminina, buscando entender o lugar da mulher naquela América em guerra”.

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